terça-feira, 23 de abril de 2013

45. A IDADE DOS PORQUÊS

        P. Por que???...    

       R. Quem já acompanhou o crescimento de uma criancinha, sabe que ainda no período mais tenro do seu desenvolvimento físico ela passa por uma fase caracterizada por perguntas que se sucedem, dirigidas por ela aos pais ou cuidadores. Que é? Como é? Por que é? Estas são as três principais questões levantadas pela curiosidade dos pequeninos, que se satisfazem com respostas simples, nada muito explicativas.
     Após um período de trégua, em que a criança se detém em seus próprios sentidos e suas fantasias sobre o mundo que a cerca, um pouco mais crescida, volta à carga, formulando agora perguntas mais objetivas, que exigem respostas mais concretas. E é diante dessas respostas, que nem sempre a satisfazem plenamente, que ela insiste nas redundâncias do seu questionamento. É chegada a famosa idade dos porquês. Por que isto acontece? Por que tem que ser assim? Por que?... Por que... Por que?...
     Na Humanidade terrestre, o "Adão" (segundo A GÊNESE, de Allan Kardec, Capítulo XII, item 16, "a palavra hebraica HAADAM não é um nome próprio, mas significa o homem em geral"), ou seja, o ser humano, habitante do planeta Terra, estaria na idade espiritual das descobertas do seu eu, em que tenta desvendar todos os mistérios que até então cercaram a sua frágil infância existencial. Nascia, então, a Filosofia, que logo mais iria atritar-se com a Religião, que tudo explicava a seu modo. Este atrito ocorre porque a Religião responde com seus dogmas, nem sempre satisfatórios, mas impostos à conta de verdades irrefutáveis, enquanto a Filosofia torna-se cada vez mais insistente na sua busca por explicações lógicas e convincentes acerca de todos os fatos, refutando-as, sim, enquanto não satisfaçam plenamente.
     Passadas, no entanto, as duas fases infantis de questionamentos, tem o ser humano, ainda, a sua adolescência, outro momento especial em que se fazem perguntas mais bem elaboradas e também se exigem respostas mais claras e precisas. À semelhança do desenvolvimento físico de uma pessoa, ocorre com a Humanidade um amadurecimento espiritual, mediante o qual o homem busca novas respostas às suas indagações mais complexas. Neste ponto a Filosofia bate de frente ou funde-se com a Religião, tentando encontrar as verdadeiras razões da existência humana.
     Começam, então, a pipocar indagações mais sérias, tais como: Por que eu existo? Por que sou o que sou? Por que estou aqui e agora, neste espaço e neste tempo e não em outro tempo e noutro espaço? Por que acontece o que acontece comigo, diferentemente do que acontece com o outro? Por que eu nasci e por que eu tenho que morrer? De onde vim e para onde vou? Qual o meu verdadeiro papel no contexto do Universo, que se perde à minha vista e se estenderá para muito, muito além do meu tempo?
     A Religião continua apegada às suas primeiras letras, querendo convencer a Filosofia de que há mistérios que não poderão jamais ser desvendados, para que não se desmoronem os alicerces sobre os quais ela está firmada e não venha ela a ruir desastrosamente. Não podemos ultrapassar os limites da sabedoria teológica, que sempre nos guiou, diz ela, para não adentrarmos em zona de confusão, onde o monstro terrível da dúvida por certo nos há de devorar as entranhas.
     Sem se dar por vencida, no entanto, a Filosofia avança, aliando-se agora à Ciência, segmento de caráter puramente investigativo, que só carimba como uma verdade o que consegue provar pelas circunstâncias irrecusáveis e após longas pesquisas e análises do seu teor e da sua aplicatividade.
     Surge, assim, nesse momento mais delicado, o Espiritismo,como a filosofia que investiga cientificamente o Espírito, a alma, o cerne da existência humana.
     Não obstante os seus efeitos morais positivos, a nova Doutrina filosófico-científica é repudiada pela Religião tradicional, tendo que seguir os seus próprios passos, à margem desta, conservando, porém, o seu cuidado com o bem estar da alma, objetivo final, aliás, de toda  religiosidade implantada pelo homem  para o homem.
     Ante o ferrenho combate desfechado pelas religiões conservadoras contra o seu surgimento e a sua evolução no cenário mundial, o Espiritismo ufanou-se de permitir, facilitar e incentivar os seus seguidores a questionarem sempre e sem medo. Nele, toda e qualquer pergunta obtém uma resposta, que ainda pode ser questionada, a seu turno, uma vez que todas as informações e descobertas devem passar pelos crivos da razão, da lógica e do bom senso, antes de serem admitidas com verdadeiras.
     Eis o porquê de o Espiritismo estar ganhando, a cada dia, novos adeptos, e sem propagandear milagres ou vantagens imediatas no campo da saúde e do sucesso material, muito menos ainda no campo financeiro. Antes, ao contrário, prega a consciência e a responsabilidade de cada seguidor seu, em especial de cada trabalhador da sua seara, o que basta para afugentar os inaptos. ///


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