sábado, 23 de março de 2013

32. QUANDO ALGUÉM PERGUNTAR

       P. E se alguém perguntar: Qual é a sua religião? Num senso, por exemplo, o que você responderá?

    R. Circula pelas redes sociais da Internet um post incentivando os espíritas a responderem, a essa pergunta: "SOU ESPÍRITA, COM MUITO ORGULHO". Mas eu penso que o espírita deve simplesmente responder: "sou espírita", movendo seus lábios com naturalidade, sem imprimir nenhum tom ou traço de orgulho e de superioridade na voz, no olhar, ou em qualquer expressão facial, corporal, etc.
     As estatísticas, em sensos realizados por órgãos oficiais ou contratados, têm apontado para um crescente número de adeptos do Espiritismo, de uns tempos para cá. Deve-se isto à luta de valorosos e incansáveis cidadãos desbravadores pela quebra do preconceito antes manifesto, e sem qualquer reserva, por grupos religiosos dominantes e sistematicamente contrários a esse avanço de uma Doutrina que para eles é demoníaca. Com pouco mais de um século e meio de existência, ela cresce "assustadoramente". É preciso considerar, no entanto, que muitos dos que se declaram espíritas são, na verdade, frequentadores da Umbanda e do Candomblé, religiões culturais que nada tem a ver com o Espiritismo, senão o trato com a mediunidade e com espíritos. Mas o Espiritismo é Doutrina, uma filosofia, e não uma cultura ritualística, mística, mágica, misteriosa.
     O interesse demonstrado por alguns espíritas nesse índice quantitativo prende-se talvez à falsa premissa, muito adotada pelos partidos políticos em época de campanha eleitoral, de que, quanto maior o número de adeptos convictos e publicamente confessos de uma determinada agremiação, maiores são as chances desta conquistar novas adesões. Fazem assim mesmo os candidatos às majoritárias com depoimentos e testemunhos populares. É um tal de "eu voto no Fulano", "eu vou de Fulano", "Fulano pra mim é o melhor candidato", "vote no Fulano você também", "eu também vou votar no Fulano", tudo isto como se com isto se angariassem realmente mais votos para o tal Fulano!
      Já aos Espíritos, pois que eles são os responsáveis pela disseminação dessa Terceira Revelação do Alto aos habitantes da terra, importa muito mais a qualidade do que a quantidade dos seus seguidores. Um único espírita que demonstre a sua crença com seus atos e nas suas mínimas atitudes cotidianas produz mais efeito atrativo e impactante do que outros nove que se empenhem na divulgação ostensiva dos princípios doutrinários, se não derem a devida exemplificação dos resultados desses princípios em sua própria conduta moral.
     Antes de nos posicionarmos como superiores aos nossos irmãos de outras crenças, devido à filosofia que abraçamos, nós, espíritas, devemos mais é agradecer à Providência divina por nos haver apontado este caminho libertador, para que, ante os seus esclarecimentos, pudéssemos com maior facilidade superar as nossas imperfeições morais, as nossas mazelas espirituais, ainda tão presentes, a evidenciarem um pretérito delituoso, que nos faz devedores por ainda, quiçá, longos períodos futuros.
     Nada dessa arrogância, de pensar que ser espírita equivale a ser mais evoluído espiritualmente do que a maioria de outros religiosos e crentes.
     O Espiritismo, este sim, trata-se de uma doutrina assaz superior; e felizes os que a deixaram penetrar-lhe a alma, modificando-lhes as disposições mentais e sentimentais, pois ela os ampara nos tropeços naturais e os fortalece na heroica decisão de dar combate aos vícios e maus hábitos atávicos, que lhes hão rendido já tantos infortúnios, tantos retornos infelizes à materialidade deste planeta, que ainda é, na classificação geral das escalas evolutivas dos mundos habitados, espalhados pelo Universo sem fim, de provas e expiações.
  O simples fato de aceitar uma filosofia mais avançada e esforçar-se por seguir seus preceitos, religiosamente, contando com o auxílio de uma clareza científica, como a que faz do Espiritismo uma doutrina tão digna de crédito, não fará de ninguém um ser de nível intelecto-moral-espiritual superior. E é neste ponto que devemos ficar atentos, para não nos considerarmos o que de fato ainda não somos, apenas por ostentarmos um rótulo diferenciado.
   Se eu sou espírita, devo dizê-lo, sim, sem nenhum receio, mas também sem nenhuma vaidade; sem nenhum constrangimento, mas também sem nenhuma presunção; sem nenhum complexo de inferioridade, mas também sem nenhuma atitude de altivez; sem medo de sofrer discriminação ou boicote, mas também sem desejo disfarçado de afrontar ou humilhar o meu interlocutor.
    O haver entrado para o Espiritismo um dia foi bastante gratificante para mim, sem dúvida. Mas, realmente significativo foi o fato de eu haver deixado o Espiritismo entrar na minha vida, transformando-me intimamente e, melhor ainda, intensamente. ///

sexta-feira, 22 de março de 2013

31. BASTIDORES DO ESPIRITISMO: O LIVRO

       P. De que é composto e quais os objetivos do livro "Bastidores do Espiritismo", que, por sinal, leva o mesmo título e tem a mesma autoria deste blog?

     R. Escrevi parte desse livro entre os anos 2006 e 2007. Parei por um bom tempo, insatisfeito com o resultado. Voltei a reescrevê-lo, desde o começo, em 2009, concluindo-o em fins de 2014.
     A ideia inicial era de dar uma resposta em tom de ironia aos críticos e detratores, inimigos gratuitos do Espiritismo, intencionando demonstrar-lhes a fragilidade de seus argumentos e a crueza de suas acusações.
Recebi, por conta disto, algumas observações e recomendações de pessoas que viram nesse modelo algo de não muito simpático, o que poderia levar o trabalho todo ao insucesso, quando fosse apreciado por pessoas mais abalizadas.
     Recompus várias partes e modifiquei o tom das expressões por diversas vezes, dominando meus ímpetos, que, em muitos momentos, induziam-me a contundências  inadequadas à minha própria condição de espírita. Passei, então, a objetivar muito mais uma divulgação séria e precisa da Doutrina e do Movimento espíritas, mostrando-os por dentro, focando na sua transparência e honestidade, de modo a que os possíveis leitores ainda leigos no assunto pudessem ter uma imagem positiva, clara e fiel de uma e de outro, em contraposição a qualquer informação difamatória que antes houvessem recebido de seus orientadores religiosos.
     Compõe-se o livro de vinte e sete (27) capítulos, além da Introdução, que ocupa o espaço de sete páginas, o Prefácio, escrito pelo meu querido amigo Ricardo Sopeña Ladeira, residente e estabelecido em Pelotas/RS, dedicatória, agradecimentos, sumário e bibliografia, perfazendo um total de duzentas e cinquenta e cinco páginas, já no formato 21X16.
     Vali-me de várias citações de livros espíritas e não espíritas, nestes últimos incluídas as fontes das críticas por mim contextualizadas, já agora com elegância, educação e redobrada prudência, buscando não ferir suscetibilidades. A maioria dessas citações, em especial as que tecem argumentos favoráveis ao Espiritismo, são mais ou menos longas, o que preferi fazer ao invés de usar tais argumentos em meus próprios comentários.
     Os livros contendo as críticas a que me proponho responder com essa obra têm os seguintes títulos e respectivos autores:
1. ESPIRITISMO- A MAGIA DO ENGANO, do Missionário R. R. Soares - evangélico, fundador e pregador da Igreja Internacional da Graça de Deus.
2. FALSAS DOUTRINAS, SEITAS E RELIGIÕES, do Professor Felipe Aquino - católico e escritor, autor de várias obras de divulgação do Catolicismo.
3. O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA?, de um Grupo de estudiosos e Editores, chamado Torre de Vigia - das Testemunhas de Jeová.
4. O GRANDE CONFLITO, da Pastora Ellen G.White - evangélica, líder da Igreja Adventista Sétimo Dia.
5. RELIGIÕES, SEITAS E HERESIAS, do Professor J. Cabral - evangélico.
      O primeiro livro desta lista é inteiramente dedicado à detratação e desmoralização do Espiritismo. Já os demais tratam de diversos temas, reservando cada um deles um capítulo voltado para esse mesmo cometimento. De todos eles, porém, extraí elementos bastante interessantes, alguns, diria até, inquietantes.
     Para não me estender em demasia, cito a seguir quinze dos vinte e nove títulos que encabeçam os capítulos do meu livro, alguns bem curiosos, com os quais poderão os leitores presumir do que trata em particular cada um deles:
Falsas Doutrinas / Uma Fantástica Fábrica de Loucos / O Espiritismo e a Homossexualidade / Um Cristo e Um Deus Diferentes / Desvendando o Kardecismo / Deus Proíbe Consultar os Mortos / As Duas Supostas Grandes Fraudes Espíritas / O Inferno de Chico Xavier / Uma Casa Dividida  Contra Si Mesma / Sentença Contra Todos os Médiuns / Blasfêmia Contra o Espírito Santo /Artigos da Fé Cristã, Negados Pelo Espiritismo / Radiografia de Um Centro Espírita / Efeito Espiritismo nos Lares Brasileiros.
     O livro "Bastidores do Espiritismo", com autoria devidamente registrada no Órgão competente, em Curitiba/PR, ainda não pôde ser publicado devido aos elevados custos de editoração, para os quais não disponho de recursos próprios. No entanto, este autor pretende abrir mão de qualquer receita proveniente de uma futura comercialização do produto, pós manufatura, caso alguma Instituição, espírita ou não, venha a interessar-se em bancar esses custos, aurindo para si mesma essa renda.
     "Bastidores do Espiritismo", o livro, será, num futuro qualquer, assim creio, uma modesta, mas firme contribuição deste autor, ao lado de outros já consagrados, para que os seguidores novatos da Doutrina Espírita, como também os observadores curiosos do Movimento Espírita, antes mesmo de adentrar um Centro Espírita, ou já frequentadores, ainda sem muita convicção do que veem e ouvem, ao conhecê-los mais detalhadamente por detrás de todas as portas, possam ter a certeza mais absoluta, uns, de que estão no caminho certo e, outros, de que é esse mesmo o caminho a seguir, sem mais qualquer receio de estarem enganados, equivocados, iludidos. Eis, pois, os objetivos do livro em referência, assim como os deste blog.
OBSERVAÇÃO: Este livro já está à venda pelo site da PerSe (www.perse.com.br) publicadora. ///
                             


domingo, 17 de março de 2013

30. APOMETRIA NOS CENTROS ESPÍRITAS

       P. a) O que é Apometria; como e quando surgiu no cenário espírita?  -  b) Por que os centros filiados às Federações Espíritas Estaduais e Brasileira não podem exercer essa técnica?  -  c) Justificar-se-á a discriminação, por parte de algumas Diretorias conservadoras, para com trabalhadores de suas Casas que se demonstrem adeptos da Apometria e admitam praticá-la noutros Centros?  -  d) Justifica-se, por sua vez, a atitude preconceituosa adotada por alguns Centros Espíritas tradicionais em relação aos Centros apométricos, que seguem afirmando-se espíritas, embora não filiados a nenhuma Federação?

    R. À primeira parte da pergunta (identificada pela letra "a"), responderei com os trechos a seguir transcritos do livro "APOMETRIA - A Nova Ciência da Alma" de J. S. Godinho - Heck Publicações - Lages SC - edição 1997:

# [...] Um desses instrumentos terapêuticos foi trazido até nós em 1965, quando, em Porto Alegre (RS), no Hospital Espírita, um médico natural de Porto Rico, Dr. Luiz Rodrigues, começa a aplicar em seus pacientes  uma técnica que ele denominava Hipnometria, que consistia em desdobrar o paciente através de contagem lenta e levá-lo até os médicos desencarnados no Plano Espiritual. Embora ele mesmo não fosse espírita, sua técnica funcionava, e muito bem. Por essa época, chefiava a equipe de pesquisas científicas do Hospital Espírita de Porto Alegre o Dr. José Lacerda de Azevedo, que, na sua incansável busca de soluções para os intrincados problemas da mente humana, acabou por encontrar o Dr. Luiz Rodrigues. Convidado, foi conferir o trabalho deste.
Após assistir a duas sessões demonstrativas, teve olhos de ver que estava diante de extraordinária oportunidade de absorver uma técnica de socorro da maior eficiência e importância.
[...] As técnicas de hipnose produzem ou induzem o paciente a uma espécie de sono, e o Dr. Lacerda, observando que a técnica do Dr. Rodrigues nada tinha de sono, entendeu que o termo Hipnometria não se adequava à mesma.
[...] Era óbvio que estava diante de uma nova descoberta. [...] Assim criou o termo Apometria, que é um composto das palavras gregas "apo", que significa "além de", e "metron", significando "medida".
[...] Em 1988, após vinte anos de pesquisas e milhares de doentes e espíritos curados, o Dr. Lacerda lançou o seu primeiro livro, intitulado "ESPÍRITO E MATÉRIA - Novos Horizontes Para a Medicina", contendo suas pesquisas e descobertas (p. 88 e 89). #

       Neste trabalho, José S. Godinho apresenta as treze "Leis da Apometria" e seus efeitos, conforme estão no livro do Dr. Lacerda, adicionando comentários e alterações sob o enfoque, o ponto de vista e as experiências pessoais, a partir da página 93, até a página 128.
     À questão da letra "b" não me sinto com autoridade para responder, simplesmente por falta de elementos. Só sei que, como outras técnicas, tipo cromoterapia e tratamento de harmonização com pedras, reiki e outras, não são bem vindas no meio espírita tradicional, que guarda o passe e a fluidificação de água como únicas técnicas terapêuticas encampadas ao Espiritismo. Nenhuma das duas nasceram diretamente no Espiritismo, mas foram assimiladas.
      Quanto às questões "c" e "d", fico com as recomendações do próprio Codificador, quando em "O Livro dos Médiuns", no seu capítulo XXIX, item 348, sob o título "Das Reuniões e das Sociedades Espíritas, e subtítulo "Rivalidades Entre as Sociedades", prevendo desarmonias vindouras, no tocante às práticas, assim se expressa:

# Os grupos que se ocupam exclusivamente com as manifestações inteligentes e os que se entregam ao estudo das manifestações físicas têm cada um a sua missão. Nem uns, nem outros se achariam possuídos do verdadeiro espírito do Espiritismo, desde que não se olhassem com bons olhos; e aquele que atirasse pedras em outro provaria, por esse simples fato, a má influência que o domina. Todos devem concorrer, ainda que por vias diferentes, para o objetivo comum, que é a pesquisa e a propaganda da verdade. Os antagonismos, que não são mais do que efeito do orgulho superexcitado, só poderão prejudicar a causa, que uns e outros pretendem defender" (p.432 da 44ª edição - FEB - Rio de Janeiro, 1981). #

     As mesmas recomendações aplicam-se no presente, com relação aos Centros que praticam a Apometria e os que não a praticam. Quem faz não desfaça de quem não faz, e este não critique aquele por avançar para além dos seus próprios limites de ação.
     Tal como pedimos que os nossos irmãos católicos e evangélicos nos respeitem, dado o nosso avanço sobre assuntos que eles não ousam sequer cogitar, em suas crenças presas à letra das antigas Escrituras, temos também de respeitar os irmãos de ideal espírita que abarcam algumas técnicas mais recentemente desenvolvidas fora do Espiritismo, mas que acharam por bem introduzi-las em sua Casas, com o intuito de enriquecer seus trabalhos terapêuticos, às quais muitos de nós não desejamos sequer conhecer, menos ainda por em prática em nossas respectivas Sociedades. Sejamos no mínimo compreensivos uns para com os outros, em prol da preservação da harmonia em todo o Movimento Espírita, que tem por meta final a apresentação da Doutrina reveladora e libertadora aos que ainda não a conhecem. ///

Nota: Leia o texto de nº. 80: ESPIRITISMO X APOMETRIA.

sábado, 16 de março de 2013

29. CENTROS DE PERDIÇÃO E VALORES MORAIS

       P. O que faz o espiritismo para coibir a falsidade, a imoralidade, os vícios e todo tipo de perdição, entre os que o professam como religião e se dizem seus praticantes?

       R. A propósito desta pergunta, formulada assim de maneira direta e objetiva, transcrevo um trecho do livro "Espiritismo - A Magia do Engano", de autoria do missionário R. R. Soares, fundador e pregador da Igreja Internacional da Graça de Deus, no qual ele vai mais fundo em seus questionamentos, tirando ele próprio as conclusões e expondo-as com a convicção de quem sabe mesmo de toda a verdade:

# - Que ramo do espiritismo se levanta contra todas as coisas proibidas pela Palavra de Deus? Que ramo do espiritismo exalta os valores morais e espirituais da sociedade e do homem, em detrimento das práticas nocivas, carnais e diabólicas? Que orientação o espiritismo dá aos seus adeptos quando uma criança começa a mentir, ou a roubar sua mãe ou seus coleguinhas? Ou quando um jovem inexperiente começa a se juntar às más companhias e leva a seus lábios o primeiro copo de bebida, ou o primeiro cigarro, ou entra pela primeira vez em uma adega ou bordel? Ou quando um homem dissoluto desonra uma moça ou comete adultério; quando um estudante escolhe uma profissão, pensando somente em dinheiro; quando um homem abre um negócio, visando somente a enriquecer, de preferência às custas do sacrifício de outros? [...] e quando uma moça se inicia no caminho do mal, aceitando um conselho para se "desenvolver" em um centro ou terreiro? Quando há distúrbios, violências e guerras? (etc). [...] As adegas, os prostíbulos, as casas de jogos de azar, os bares onde as pessoas se embriagam e tantas outras coisas que transtornam a vida dos homens são também agências do diabo. O espiritismo não ensina seus adeptos a se afastarem desses locais; pelo contrário, bebidas alcoólicas, fumo, prostituição e coisas desse tipo são comuns, principalmente no baixo espiritismo. Se o leitor frequenta ou já frequentou centros e terreiros espíritas, pode muito bem confirmar esses dados - (Graça Editora - Rio de Janeiro - 2002, p. 109/110). #

       Primeiro: Não existem alto e baixo espiritismos e o Espiritismo não tem terreiros. Esta confusão é bem própria de quem não conhece efetivamente o Espiritismo, ou faz questão de disseminá-la a seus fiéis desconhecedores da verdade, a fim de levá-los a crer que estão diante de algo de fato assustador, do qual não devem sequer se aproximar sob pena de caírem em terrível armadilha, que os prenderá para sempre. Segundo: Quem já leu algum livro ou mensagem espírita, ou, quem realmente frequenta ou já frequentou um Centro Espírita e ouviu pelo menos uma palestra evangélico-doutrinária, de modo algum irá confirmar estes absurdos, estas barbaridades, estas mentiras grosseiras, de que o ilustre missionário se vale para enlamear o nome de uma Doutrina que, ao contrário, é profundamente moralizadora.
     Quer saber? Escolha dois ou três textos publicados aqui mesmo neste blog. Leia-os e analise seus conteúdos. Pegue o livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e abra-o em qualquer capítulo, em qualquer subtítulo, e leia um trecho, que pode ser escolhido ao acaso, até; "O Livro dos Espíritos", na sua Parte III, que trata das Leis Morais; ou, abrindo qualquer um dos onze volumes do "Momento Espírita", leia qualquer uma de suas mensagens; Qualquer um dos mais de quatrocentos livros de Chico Xavier; ou das dezenas de livros dos médiuns Raul Teixeira e Divaldo Franco; dos vários livros do escritor e orador Richard Simonett, entre outros tantos autores eminentemente espíritas. Escolha, dentre eles, a esmo, à sua vontade, qualquer um; um só; apenas um, e todo esses equívocos, plantados de forma grotesca e intencional, cometidos menos por ignorância do que por maldade, na mesma hora se esclarecem e se anulam.
      O Espiritismo, para quem ainda não sabe, não prega dízimo, não prega a salvação pela graça, isto é, de favor, não prega milagres, não promove batismos, comunhões e cultos de adoração e louvores externos, não impõe dogmas nem rituais, com sacrifícios e penitências.
     O que realmente o Espiritismo prega e exorta, o tempo todo, é justamente uma conduta moral e ética, dentro dos mais rígidos princípios espirituais cristãos e de cidadania absoluta, de todos para com todos, sem acepção de pessoas.
      Preciso dizer mais alguma coisa? ///

sexta-feira, 15 de março de 2013

28. PECADO E JUSTIÇA (Parte II)

       P. Mas os espíritas acham que o pecado original nunca existiu, que não somos castigados pelos pecados de nossos pais e que não responderemos, depois da morte, pelos nossos próprios pecados?

       R. * O texto a seguir é uma complementação do anterior (de nº 27):
       Aí é que estão as questões mais sérias, que demandam maior polêmica. Pense comigo: Por que, depois de passados milênios e milênios do gravíssimo erro cometido pela primeira mulher e compartilhado pelo primeiro homem que, segundo a Bíblia, habitaram e povoaram a Terra, erro que foi simplesmente o de desobedecer a uma ordem sumária vinda de uma voz que se dizia a de Deus, e que lhes dizia apenas que "desta árvore não comereis o fruto", e cujo resultado imediato foi tão somente o conhecimento do bem e do mal, isto é, o despertar da razão, tendo como consequência a tomada do livre-arbítrio, da escolha própria, do que é moral ou imoral, iríamos nós, ainda agora, espíritos recém criados, estarmos sob o efeito da ira de Deus, por conta de tal transgressão?
      Pense comigo: Jesus não veio, como se afirma, para nos liberar desse pecado dos nossos primitivos pais, com o seu sacrifício? Sim ou não?
    Por que cargas d'água condiciona-se, então, essa libertação à nossa aceitação d'Ele como nosso Salvador? Para os que viviam à sua época, vá lá. Ele estaria ali dizendo isto: "Aquele que não me receber como salvador não será salvo". E os que morreram antes de O conhecer, vivendo ainda sob a legislação rígida e cheia de erros de Moisés, da qual muitos capítulos Ele mesmo, Jesus, refutou?
      Se Jesus pagou pelos nossos pecados anteriores, pagou pelo pecado original, então estes não existem mais. Só deve valer os pecados que nós, cada um de nós, individualmente, cometermos durante a nossa vida. E como já foi dito alhures, a vida é breve e nem todos os pecadores têm tido as mesmas chances de rever seus conceitos e corrigir seus equívocos, até mesmo por questões culturais.
      Pois bem, creiamos então que nascemos, alma novinha em folha, com o pecado original de Adão e Eva, mesmo depois de dois milênios da vinda do Salvador; mesmo, inclusive, depois de quatro milênios do famoso dilúvio mundial, ao qual só sobreviveu a família do justo Noé, de quem, afinal, somos justos descendentes.
      Nada disso importando, somos considerados pecadores desde o berço e só com o batismo de água é que nos livramos desse estigma. Para os católicos, o batismo por aspersão, quando ainda somos bebês; e quanto antes melhor, para não se dar que morramos pagãos, uma vez que a morte, por algum mistério que ainda não dominamos, não escolhe idade entre as suas vítimas, mesmo inocentes. Para os evangélicos, o batismo por imersão; e só depois de atingirmos a idade da razão, os sete anos, em que podemos decidir, por nós mesmo, se queremos ou não ser batizados, consciente e espontaneamente.
    Mas, à parte disto, ainda tem uma outra pedra no sapato machucando o calcanhar do pobre cristão: trata-se do castigo a que ele está sujeito pelos pecados dos pais, dos avós, dos bisavós e tetravós.
      Pense numa injusta lei divina, que seria a de um bisneto pagar por um crime hediondo cometido pelo seu bisavô, há, quem sabe, um século e meio antes do menininho haver nascido para a sua única vida. Se nenhum dos quatro tetravós, nenhum dos quatro bisavós e nenhum dos quatro avós (paternos e maternos) pecaram, então, salve Jorge, só falta nenhum dos dois pais (pai e mãe) haverem pecado também, para que os garotinhos e garotinhas não tenham que pagar senão pelos próprios delitos.
     Há, ainda, uma outra questão a resolver: Por que, numa família, por exemplo, de cinco filhos, dez netos e quinze bisnetos, apenas um filho e/ou um neto e/ou um bisneto haveriam de vir à vida estigmatizados pelos crimes dos pais, dos avós e/ou dos bisavós? Pelo menos aparentemente é isto o que acontece em muitas famílias. Um nasce com necessidades especiais, com algum mal de nascença, pagando o débito de um de seus antepassados., enquanto os demais são sadios e, portanto, não recaiu sobre eles a tal dívida para que pagassem. Só um, às vezes dois de vinte membros diretos da família é que nasceram sob o gravame da lei?
     Agora, por favor, leia esta nota de rodapé que foi inserida pela Editora da FEB, em 1947, no capítulo primeiro de "O Evangelho Segundo o Espiritismo":
  "Allan Kardec cita a parte mais importante do primeiro mandamento e deixa de transcrever as seguintes frases: [...] porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Deus zeloso, que puno a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta gerações daqueles que me aborrecem, e uso de misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos" (Êxodo 20: 5 - 6). Nas traduções feitas pelas Igrejas Católica e protestantes, essa parte foi truncada para harmonizá-la com a doutrina da encarnação única da alma. Onde está 'NA TERCEIRA E NA QUARTA GERAÇÕES', conforme a tradução Brasileira da Bíblia, a Vulgata Latina (in tertian et quartam generationem), e a tradução de Zamenhof (en la tria kaj kvara generaciof), mudaram o texto para 'ATÉ A TERCEIRA E QUARTA GERAÇÕES'. Estes textos truncados que aparecem na tradução da Igreja Anglicana, na Católica de Figueiredo, na Protestante de Almeida e outras, tornam monstruosa a justiça divina, pois que filhos, netos, bisnetos e tetranetos inocentes teriam de ser castigados pelos pecados dos pais, avós, bisavós e tetravós. O texto certo, que já está reproduzido nas traduções recentíssimas a que nos referimos - Brasileira e de Zamenhof - e que conferem com S.Jerônimo, mostra que a Lei ensina veladamente a reencarnação e as expiações e provas. Na primeira e na segunda gerações, como contemporâneo de seus filhos e netos, o Espírito culpado ainda não reencarnou. Um pouco mais tarde, na terceira e quarta gerações - aí sim, já voltou e recebe as consequências de suas próprias faltas do passado. Assim, é o culpado mesmo, e não outrem, que paga sua dívida". 
      Da tradução errada dos textos originais é que se tirou a vantagem de uma providencial comercialização do perdão, ou seja, das indulgências, mediante compromisso do crente de ser batizado, de comungar, de confessar, de pagar seus dízimos e louvar a Deus com ofertas alçadas, entre outras ordenanças que as Igrejas lhe impõe, a fim de ser salvo, efetivamente. ///

quinta-feira, 14 de março de 2013

27. PECADO E JUSTIÇA (Parte I)

      P. A Bíblia está repleta de textos que falam do pecado original, e do pecado em sentido geral, a que todos os homens estão sujeitos. Muitos desses textos se encontram, por sinal, no Novo Testamento. Por que, então, mesmo dizendo-se cristão, o Espiritismo refuta a existência do pecado original e fala apenas de falhas e erros humanos, computando-os por compreensíveis, pela condição humana de espíritos ainda ignorantes, os quais são perdoados através de expiações, geralmente noutra encarnação, não reconhecendo a justiça implacável de Deus, do Inferno, e que todos somos pecadores desde que nascemos, segundo a Bíblia? Com isto, não pretende o Espiritismo adiar indefinidamente as consequências das nossas culpas, estimulando a ideia de impunidade e a repetição sistemática dos mesmos pecados, ou erros já cometidos?


      R. Antes de iniciar a resposta, propriamente dita, transcrevo alguns dos textos bíblicos que mencionam o pecado, a fim de por eles me guiar no que irei aqui dizer:

# "Portanto, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e, pelo pecado, a morte, assim também a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram" - Paulo (Romanos 5: 12).

# "Como insistissem, Jesus levantou-se e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra" (João 8: 7) - refere-se ao episódio da mulher adúltera trazida até Sua presença pelos escribas e fariseus, para O testarem em relação à aplicação da Lei de Moisés.

# "E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Vendo-lhe a fé, Jesus disse-lhe: Tem bom ânimo, filho, estão perdoados os teus pecados. Mas alguns escribas murmuravam: Este blasfema.
Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que cogitai o mal nos vossos corações?  Pois qual é mais fácil dizer: Estão perdoados os teus pecados, ou, levanta-te e anda?
Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - então disse ao paralítico: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para a tua casa. E levantando-se, partiu ele para sua casa" (Mateus 9: 27).

# Tendo Jesus ouvido o que diziam os fariseus, disse-lhes: Os sãos não precisam de médico, sim, os doentes; ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifícios; pois não vim chamar justos, e, sim, pecadores" (Mateus 9: 11 - 13).

# "E os seus discípulos lhe perguntaram: Mestre, quem pecou, este mesmo ou seus pais, para que nascesse cego?" (João 9: 2) - referente ao cego de nascença encontrado e curado por Jesus.

       Entende-se por pecado a transgressão de uma lei divina ou de um preceito religioso. Sempre que essa transgressão produza um efeito danoso, que atinja a terceiros ou ao próprio transgressor, causando-lhe prejuízo, perda ou sofrimento de qualquer monta, tem-se, então, a imputação da culpa.
      A culpa pode ser apontada por outrem, nem sempre sendo aceita pelo acusado. Mas pode também ser anotada pelo próprio culpado, que poderá sentir-se na obrigação de reparar o erro, ou quedar em sofrimento profundo, autoflagelando-se, ao fixar-se mentalmente na ação praticada, abominando-a e não se perdoando jamais por haver cedido aos maus impulsos.
     A esse tipo de comportamento, que poderá advir imediata ou tardiamente, em relação ao fato, ou aos fatos que o desencadearam, chama-se remorso. E bem se diz que o remorso incendeia e arde como brasa, corroendo a pessoa por dentro.
     Ele ultrapassa o limite do arrependimento, que é simplesmente um reconhecimento, um despertamento da consciência para a percepção do mal praticado e o desejo instantâneo de repará-lo, de alguma maneira. Dá-se-nos o remorso quando enxergamos a falta e as consequências imprevistas da mesma, mas não visualizamos nenhuma possibilidade de revertimento da situação gerada, o que leva a nos condoermos daquele que foi atingido, de modo que passamos, então, a punir-nos severamente, ainda que só pelo pensamento, como se quiséssemos e pudéssemos tomar o seu lugar e sofrer na mesma medida que julgamos tê-lo feito sofrer.
      Antes de chegarmos até o remorso, no entanto, podemos passar por outros estágios de identificação do mal ou dos males por nós praticados. Um deles é o medo e a sensação de que somos perseguidos por acusadores vingativos e impiedosos, que nos desejam destruir, pagando-lhes em dobro, mal com mal, tudo que a eles causamos em vida. Isto ocorre conosco ainda vivos, quando somos obsediados pelos que prejudicamos e levamos à morte, ou depois de desencarnados, em que os Espíritos das trevas se acercam de nós para nos levarem a uma espécie de loucura, dado o mal que lhes fizemos e o ódio que guardaram de nós. Pode ser também um estágio de alucinações, vindo da nossa própria mente culpada, quando os que nos sofreram os danos sequer nutrem qualquer sentimento de vingança, uma vez que estão em outra dimensão superior da Espiritualidade. É a auto-condenação. Há, ainda, nesses casos, o medo e a fuga da punição, que pode induzir-nos a um falso arrependimento.
     Seguindo, muitas vezes, por esse caminho, pelos escombros mentais plasmados pelo sentimento de culpa, chega-se, mais hoje ou mais amanhã, a um estágio de verificação consciente de todo o mal praticado e, por conseguinte, ao verdadeiro arrependimento. Nesse momento vislumbramos a possibilidade e, por sugestão do nosso mentor espiritual, algumas formas de compensarmos os nossos equívocos.
     A regra áurea, pronunciada por Jesus, é esta: "Tudo quanto quereis que os outros vos façam, assim fazei-o vós também a eles" (Mateus 7: 12).
     O apóstolo Pedro, inspiradamente, assim dirá aos primitivos cristãos e a nós: "Acima de tudo, tende amor uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados" (I Pedro 4: 8). Ora, senhores, a vida é tão breve no seu sentido geral, sendo ainda mais breve para uns do que para outros, que, na prática, poucos de nós teríamos chances reais de repararmos os nossos erros (pecados) cometidos ao longo da maior parte de nossa vida, caso não houvesse reencarnação, ou seja, o retorno do mesmo espírito em outro corpo carnal à terra, onde, segundo os Espíritos instrutores, expiamos os faltas pregressas, resgatando nossas dívidas para com as leis infringidas. Nesse sentido, sim, somos todos pecadores, isto é, todos devedores. Por isto é que uns de nós entramos na nova existência física cegos (veja a passagem do cego de nascença), paralíticos, aleijados e problemáticos de toda sorte. ///

NOTA: Por se tratar de assunto tão abrangente, nosso comentário, em resposta às perguntas acima formuladas, continuará no texto seguinte (de nº 28).

domingo, 10 de março de 2013

26. O ESPIRITISMO, A MULHER E A BÍBLIA

       P. Tem a mulher, nos meios espíritas, os mesmos direitos e oportunidades dados aos homens?

     R. Nestes dias 08, 09 e 10 de março de 2013 (Dia 08 - Dia Internacional da Mulher), teve lugar em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, a XV CONFERÊNCIA ESTADUAL ESPÍRITA, que contou com a participação efetiva de seis grandes conferencistas brasileiros. Destaque, este ano, para o fato de que três mulheres ocuparam a tribuna do concorrido evento.
    Mas já vem de longa data a ocupação feminina em cargos diretivos dentro do Movimento Espírita, inclusos os de presidente e/ou vice-presidente de Centro Espírita e de Federação Espírita, de diretoras de Departamentos, dirigentes de grupos de estudo e/ou atividades doutrinárias, palestrantes, etc.
     Tudo isto vem acontecendo contrariando o que prescreve a "Bíblia Sagrada", o livro dos Cristãos, ao qual muitos recorrem para anatematizar o Espiritismo, citando versículos que contêm "ordens divinas" contra os seus seguidores, contra os médiuns e os que com eles se entrevistam para manter contatos com os Espíritos, estes, independentemente do teor de suas mensagens, acusados de serem demônios, entidades espirituais do mal, mesmo que preguem o bem.
    Veja agora, caro leitor, o que "Deus diz", através dos seus profetas iluminados e de um dos mais respeitabilíssimos apóstolos do pós-Cristo, Paulo de Tarso, acerca dos hoje muito discutidos direitos da mulher:

# "E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará" (Gênesis 3:16).

# "Se uma mulher conceber um varão, será imunda sete dias... e no dia oitavo se circundará ao menino a carne do seu prepúcio. Depois ficará ela trinta e três (33) dias no sangue da sua purificação; nenhuma coisa santa tocará, até que se cumpram os dias da sua purificação... mas, se tiver uma fêmea, será imunda duas semanas; depois ficará sessenta e seis (66) dias no sangue da sua purificação" (Levítico 12: 2 - 5).

# "Agora, pois, matai todo varão entre as crianças; e matai toda mulher que conheceu algum homem, deitando-se com ele. Porém, todas as crianças fêmeas que não conheceram algum homem deitando-se com ele (meninas virgens), para vós deixai viver" (Números 31: 17 - 18).

# "Porém se este negócio for verdade, que não se achou virgindade na moça, então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão com pedras, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti" (Deuterenômio 22: 20 - 21).

# "Quando pelejarem dois homens, um contra o outro, e a mulher de um deles chegar para livrar seu marido da mão do que o fere, e se ela estender a sua mão e lhe pegar pelas suas vergonhas (órgãos genitais), então cortar-lhe-ás a mão; não a poupará teu olho" (Deuterenômio 25: 11 - 12).

# "Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem; porque o homem não foi feito da mulher, e, sim, a mulher do homem (ISTO, ANOTE AÍ, A GÊNESE DE MOISÉS O "PROVA" CIENTIFICAMENTE); porque também o homem não foi feito por causa da mulher, e, sim, a mulher por causa do homem" - Paulo (I Coríntios 11: 7 - 9).

# "Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas, como também o determina a lei. Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque para a mulher é indecoroso falar na igreja" - Paulo (I Coríntios 14: 34 - 35).

# "As mulheres sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da Igreja... como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres sejam EM TUDO submissas a seus maridos" - Paulo (Efésios 5: 22 - 24).

# "A mulher aprenda em silêncio, com toda submissão; e não permito que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em silêncio, porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão" - Paulo (I Timóteo 2: 11 - 14).

     Eis aí, por que, diante de tanta injustiça, de tanta crueldade, de tanta insensibilidade, de tanta parcialidade, de tanto abuso de poder, de tanto absurdo, afinal, e, aqui entre nós, de tanta besteira dita e repetida, nós, os espíritas, sem medo de nos declararmos cristãos, não aceitamos que tudo isto que está na Bíblia (sim, está) e que foi dito (será que foi mesmo?) por homens valorosos, como Paulo e Moisés, seja a "Palavra de Deus",  isto é, que tenha sido dito ou mandado dizer pelo próprio Deus, o Criador do Universo e da vida.
      Alguns dirão que estamos blasfemando, porque a Bíblia testifica de si mesma, que todo o seu conteúdo constitui, sim, a "Palavra de Deus". Chega então a hora de perguntarmos: Por que são tão poucos, raros até, dentre os que defendem essa tese, que cumprem de fato e ao pé da letra todos os mandamentos bíblicos. Por exemplo: só algumas poucas igrejas ainda mantêm caladas as mulheres em seus recintos de pregação. Muitas não o fazem mais, apesar de continuarem dizendo que elas devem submissão aos seus maridos, para terem um lar harmonioso e feliz.
      É público e notório que cada igreja (entenda-se cada denominação) elege alguns tópicos da "Palavra de Deus" e neles põem todo o sentido, fincam as suas bases doutrinárias, seus dogmas indiscutíveis, enquanto a outros ignoram totalmente, ou dão conotações diferenciadas, dizendo que foram abolidos pela "Nova Aliança". Mas, quando lhes interessa, a "Palavra", que é uma só, é que vale. Será que a verdade é arranjada de acordo com as conveniências de cada qual?
     Então, amigo leitor e amiga leitora, querem saber qual a diferença entre as religiões ou organizações cristãs em geral e o Espiritismo? É que no Espiritismo a mulher não é tratada de acordo com essa "Palavra de Deus" que aí está; não desse "Deus" cheio de ódio e desejo de vingança, cheio de discriminações e vazio de justiça, das "Escrituras Sagradas"; mas, sim, de acordo com o bom senso contido na palavra dos Espíritos Superiores, emissários de Jesus, Este, de fato, o mais digno representante de Deus já visto sobre a face da Terra, de cujos ensinamentos não se extraem esses absurdos que acabaram de ler. ///

sábado, 9 de março de 2013

25. O ESPÍRITA NO TRÂNSITO

       P. E se um espírita sofrer um acidente grave de trânsito, dar-se-há lhe haja faltado a proteção de seus guias ou protetores, ou seria este o seu carma? E se houver ingerido bebida alcoólica antes de dirigir, é possível que seu anjo de guarda o tenha relegado à sua própria sorte, ou desdita? E quando um espírita pratica uma imperícia ao volante, ou, sabe lá, comete uma "imprudenciazinha" momentânea, porém, fatal, como se há de justificar perante a família, o grupo espírita a que pertence e, "lá em cima", aos seus amigos espirituais? Poderá se dar ter sido ele vítima da ação vingativa de algum inimigo invisível, já que costuma lidar com espíritos de todas as categorias?

      R. Para início de assunto, é bom que se diga que em Espiritismo não existe aquele "negócio", típico de outras cultura, do "corpo fechado", do "comigo ninguém pode", do "santo forte", ou coisas semelhantes. O Espiritismo é a Doutrina que ressalta, acima de tudo, a necessidade de reforma íntima, individual, que consiste, por sua vez, na elevação dos nossos padrões morais e éticos. O primeiro resultado disto é o esforço que cada cidadão espírita se propõe e passa a fazer no sentido de melhorar-se a cada dia e momento, revendo suas atitudes perante a sociedade, pessoas e grupos, com quem divide as atividades triviais, as coisas em comum, dentre elas o Trânsito. Por este último entende-se o direito de ir e vir, de estar e permanecer, juntamente com o dever de respeitar os limites impostos pelas leis civis e morais, inclua-se a do bom senso, as quais visam atribuir e garantir os direitos dos outros.
     Quando se fala em trânsito, há que se reportar tanto ao de veículos motorizados e seus ocupantes, quanto ao de pedestres e, por extensão, o de ciclistas. Em alguns casos também o de ocupantes de veículos de tração animal (carroças, charretes, etc). Todos dividem os espaços, às vezes os mesmos, senão específicos e exclusivos, o que deve ser feito de maneira organizada e, nas mais das vezes, solidária e fraterna. Aliás, o trânsito é o lugar perfeito para se exercitar a gentileza.
      Ora, se somos praticantes de uma Doutrina que enfatiza a caridade como principal norma de conduta, sendo que esta não subsiste senão acompanhada do respeito ao próximo, assim como da solidariedade, da fraternidade e da gentileza para com todos, não temos como fugir ao compromisso de nos conduzirmos convenientemente e com responsabilidade redobrada no trânsito, ainda mais quando estejamos em vantagem sobre outros, ao volante de um carro.
      No que se refere a bebidas alcoólicas, beber com moderação e fora de qualquer atividade que exija raciocínio claro, reflexo ágil e atitude firme, ou seja, sobriedade total, já é o mínimo que se espera de um espírita, como de qualquer bom cidadão. Ora,sabendo-se que álcool e direção veicular não combinam, com ou sem "lei seca" à vista, é dever absoluto abster-se dele sempre que se vá assumir o comando de um veículo para transitar na via pública. Do contrário, assume-se o risco de provocar acidente, o que deveria ser entendido como prática de dolo pela nossa Legislação.
      Nós, espíritas, também sabemos que somos constantemente influenciados pelos seres invisíveis que nos dão de ombros em dimensão diferente, os quais se acercam de nós por afinidades vibratórias, já que nossos pensamentos e sentimentos provocam ondas energéticas, vibrações, que emanam do nosso campo mental e são captados por eles. Assim, se pensamos e agimos positivamente, entramos em sintonia com Espíritos bons, que poderão nos auxiliar enviando-nos mensagens subliminares, telepáticas, positivas, prevenindo-nos de situações de perigo, ou ajudando-nos a transcendê-las. Mas, se os nossos pensamentos e atitudes revelam egoísmo e prepotência, descaso com o próximo, insubordinação às leis que regem e organizam a sociedade e as relações humanas, com que tipo de entidades espirituais iremos sintonizar-nos, senão com aquelas que se afinizam com essas coisas? Pois é aí onde mora o perigo.
      Não se trata de sermos ou não abandonados pelos nossos protetores pessoais. Trata-se, isto sim, de rompermos com eles a sintonia e assumirmos o risco de sofrermos a influência dos companheiros ocultos menos dignos, para os quais pouco importa a nossa integridade física, assim como a dos outros, nem a nossa paz e a nossa felicidade, que por vezes até os incomodam.
       Só o fato de praticarmos o bem, estarmos atentos ao de que os outros necessitam, a fim de ajudá-los, já pode ser um bom motivo para termos alguns inimigos espirituais, que talvez queiram tirar-nos do seu caminho, para poderem prejudicar àqueles a quem eles odeiam e que tentamos auxiliar ou proteger. Orar e vigiar, para não darmos abertura a este tipo de influenciação, consiste em cultivarmos pensamentos positivos e boas ações o tempo todo. Assim não cometeremos imprudências nem deslizes que possam gerar acidentes ou incidentes, pelo menos de  maior gravidade.
      No entanto, dada a nossa condição de seres humanos, podemos, sim, errar, praticar um ato de imperícia. A falha humana acontece em qualquer lugar ou ocasião, por ser normal, inerente à nossa natureza.
Assim também, poderemos ser vítimas de acidente provocado por terceiros. Sim, não somos melhores do que ninguém e temos um passado, que pode estar a exigir de nós, chegado o momento oportuno, a correção de erros cometidos, a passagem por experiência marcante, como a morte física em condições especiais, brusca e violenta, por que não?
       Mas, vejamos, se a morte do corpo é certa para todos, a sua modalidade é o de menos importante, desde que não a tenhamos procurado através da nossa irreverência, irresponsabilidade, falta de amor próprio e ao próximo, ou de respeito pela vida. Será que nós, espíritas, já nos demos conta disto? ///

sexta-feira, 8 de março de 2013

24. IMPORTÂNCIA DOS ROMANCES MEDIÚNICOS

     P. Depois de ler vários romances espíritas, psicografados, de Zíbia Gasparetto e seu parceiro espiritual Lucius, entre outros consagrados autores, Espíritos e médiuns - diz-me um pessoa de minhas relações de amizade - comecei a frequentar um Centro Espírita. Logo de início percebi que havia algo diferente do que estava esperando, com base nas informações que esses livros passavam sobre o funcionamento de uma Casa Espírita. Depois, ao procurar na biblioteca do Centro algum livro do gênero, disseram-me que a mesma não os possuía, nem para empréstimo, nem para venda. Embora cheio de interrogações, não insisti e levei, por sugestão do bibliotecário, outro livro; depois, na sequência, outro e outros mais, de autores espirituais e médiuns renomados, como Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e José Raul Teixeira (médiuns), André Luiz, Emmanuel, Joanna de Angelis e Camilo (Espíritos), entre outros. Pergunta-me, então, essa pessoa: Por que os romances da Zíbia e de Outros autores com o mesmo perfil não se encontram nas bibliotecas dos Centros e nem em algumas livrarias espíritas, sendo encontrados com facilidade em outras livrarias e até em supermercados? Qual o motivo da discriminação, se foram eles que me levaram a conhecer o Espiritismo?

     R. A este questionamento responderei com conhecimentos de causa, uma vez que também já li vários desses romances e os tenho ocupando boa parte da estante, em casa, destaque inegável aos da autora supracitada e seu mentor espiritual.
    Devo começar dizendo da importância desses romances mediúnicos no trabalho de divulgação da Doutrina Espírita, pois eles realmente são responsáveis por abrir caminho a um incontável número de pessoas, que, depois das suas leituras, decidiram entrar em um Centro Espírita, para ver como é que é, ou na expectativa de encontrarem solução para seus problemas pessoais.
     Inegavelmente, os ensinamentos em concordância com a moral espírita contidos nas experiências, reações e decisões dos personagens dessas histórias constituem tesouros para o nosso enriquecimento espiritual, quando bem assimilados. E a sua assimilação é deveras facilitada pelo estilo literário cativante, muito ao gosto de quem curte enredos de novelas, até por conta de seus exemplos práticos, uns a serem seguidos e outros a serem rejeitados, haja vista as consequências de cada um deles no próprio enredo e nos aconselhamentos que suscitam, dados por um ou outro personagem mais esclarecido.
     Dois pontos, no entanto, devem ser responsáveis pelo afastamento dessas obras das bibliotecas e das livraria eminentemente espíritas. Um deles, talvez o de menor gravidade, é que os médiuns que as psicografam, ao contrário de muitos autores bem aceitos pelo Movimento Espírita brasileiro, mantêm-se financeiramente dos lucros obtidos com a venda dessas obras, mesmo sendo eles auto-nomeados meros intermediários dos verdadeiros autores, os Espíritos que as ditaram.
     Até aí, apenas uma questão de livre-arbítrio. Há, porém, outro inconveniente, mais forte. Não se sabe por que, mas geralmente nessas histórias as tramas acabam sendo desvendadas e os problemas cármicos resolvidos, fiticiamente,  em algum centro espírita, através de sessões mediúnicas abertas ao público, ou ao grupo de pessoas (personagens) envolvido. Ali o protagonista se defronta às vezes com seus obsessores ou com seu guia e amigos espirituais, seus antepassados ou inimigos confessos. Tudo acaba sendo esclarecido, inclusive "quem foi quem" na vida passada, que gerou as situações da vida presente. Não raramente, um Espírito se comunica, na hora aprazada, "matando a charada" e revelando pormenores das implicações geradoras dos ódios ou aversões, dificuldades ou sofrimentos atuais. Tudo resolvido, tudo em paz e "felizes para sempre", acaba o romance com um sabor de que tudo é simples assim.
     Pois bem, quando o leitor desses romances, ainda completamente leigo em Espiritismo, decide buscar em um Centro Espírita explicações e orientações para seus dramas pessoais ou familiares, sentimentais ou profissionais, eis que o que encontra é algo totalmente diferente daquilo que os romancistas lhe fizeram presumir. Não há, para começar, sessão mediúnica com participação de público leigo, nem de consulentes.
     Assim, dentre muitos que chegam por esta via às Casas Espíritas, alguns recuam desapontados. Outros, felizmente a maioria, conduzidos pelo Atendimento Fraterno aos grupos de estudo da Doutrina, conseguem entender e perseverar, até atingirem um grau de conhecimento doutrinário tal, que lhes garante satisfação plena das dúvidas até então acalentadas, bem como promover uma reforma interior ampla: moral, sentimental e emocional.
     O fato é que, em função disto, passa a não ser de muito bom alvitre, depois de desfeitos os equívocos, continuar-se recomendando esse tipo de literatura, que já pode ser substituído por outro de conteúdo doutrinário mais consistente.
     Não se tira jamais a importância dos romances psicografados por esses médiuns já bastante famosos e independentes, quanto à divulgação que eles fazem do Espiritismo, porquanto hão servido mesmo de porta de entrada para muitos. Apenas se os coloca no devido patamar, a fim de se evitarem confusões improdutivas, para não dizer contraproducentes, já que criam um cenário que não condiz exatamente com a realidade de um Centro Espírita bem organizado e confiável, nos moldes estabelecidos pela Federação Espírita Brasileira e Federações coirmanadas. ///

terça-feira, 5 de março de 2013

23. AME: UMA SIGLA EM DEFESA DA VIDA

      P. O que significa a sigla "AME" e o que ela tem a ver com a luta contra a descriminalização do aborto?

     R. A maioria das congregações ou agremiações cristãs, sob variadíssimas denominações e diferenciados cultos, é contra a prática e, por extensão, a legalização do aborto, mais especificamente no Brasil, onde o assunto vem sendo pauta de grandes polêmicas envolvendo lideranças políticas, religiosas e corporativas, em que o povo em geral está inserido.
     Enquanto o aborto é tratado por alguns como uma questão de saúde pública, pretendendo-se preservar a integridade física e emocional da mulher, assim como a sua liberdade de decidir sobre o seu corpo, e por outros como um pecado, uma transgressão às leis divinas, um tabu religioso, percebe-se que os argumentos contrários à sua liberação fragilizam-se, por simples inconsistência, ante as razões elencadas favoravelmente.
Em meio a tantos pecados cometidos sem nenhum pudor ou medo, mais um não fará diferença ao cristão que vê a vida como um período breve e único de existência, ao passo que a eternidade das penas, situadas no inferno ardente e inconsumível, com que o ameaçam seus pares, reflete, na visão predominantemente materialista, algo como um velho conto da carochinha, incapaz de impressioná-lo.
    Na contramão da ortodoxia das igrejas seculares, um dos maiores líderes evangélicos da atualidade, exímio formador de opiniões, fundador de uma poderosa organização que já reúne dezenas, senão centenas de milhares de seguidores no Brasil e exterior, manifesta-se francamente favorável à prática abortiva. Para apoiar suas ideias, usa até mesmo um breve texto do Velho Testamento, causando espanto àqueles que utilizam outros textos bíblicos como elemento comprobatório da condenação divina a tal prática.
     Garante esse líder que em Eclesiastes capítulo 6 verso 3 está bem claro e evidente que o abortado é mais feliz do que muitos viventes, posto que não tendo do que ser condenado, pois não chegou a viver para depender de salvação, segundo suas próprias palavras, irá direto para o céu e não sofrerá jamais. Esse ministro de Deus e pregador da "Sua Palavra" (falo do renomadíssimo bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus - IURD, via blog "bispomacedo", em textos de sua autoria, sob o título: "Abortar uma vida?") considera o seguinte: - "Será que Deus julgaria a mãe que não deixou seu filho vir ao mundo com a intenção de não deixá-lo passar necessidades?"
     Seria o caso de lhe perguntarmos se Deus julgará a mãe que jogou seu filho recém nascido numa lixeira, num lago, num bueiro, num terreno baldio ou no mato, também para não vê-lo mais passar necessidades. E uma mãe que escolhesse ficar com o nascituro, descartando o filho mais velho, de uns 2, 3 ou 4 anos talvez, uma vez que ela só tivesse condições financeiras, e assim mesmo precárias, para criar um único filho? Seria uma questão de escolha: um ou outro. Ora, se ela pode matar um filho que está prestes a nascer, por que não o poderia substituir pelo outro já nascido, dando pelo menos a mesma chance ao segundo de ser amamentado em seus seios, de receber seus abraços e beijos, com todo o afeto já dispensado por algum tempo ao primeiro?
     O Espiritismo vem empreendendo uma luta incessante, junto a seus adeptos e o poder público, contra a legalização e a prática do aborto, com campanhas ostensivas de conscientização e abaixo-assinados, disponibilizando aos interessados diversas obras de esclarecimento sobre as consequências diretas e indiretas, imediatas e mediatas, espirituais e cármicas, morais e materiais, a que ficam sujeitos os possíveis envolvidos, ativa e passivamente, na ação criminosa.
     E, bem ao contrário do que muitos possam deduzir disto, ninguém é julgado, muito menos condenado, em todo o Movimento Espírita, pelo fato de já haver realizado o aborto em algum momento anterior. O que se pretende é evitar novos casos, ou a reincidência , apresentando-se, para aqueles que entenderam a mensagem, meios opcionais de reparação do erro cometido, se possível ainda nesta existência mesma. Ainda assim, tem gente que não se dá por convencida, depositando essas argumentações na conta do religiosismo dos espíritas, que julgam uma mera variante da religiosidade dos cristãos tradicionais.
     Felizmente, há alguns anos, eis que surge um novo movimento, dentro do próprio Espiritismo, consignado na organização denominada "Associação Médico Espírita", identificada pela sigla "AME". Essa entidade é formada por profissionais da área da saúde, dentre médicos, psicólogos, psiquiatras e outros, adeptos da Doutrina Espírita, conquanto afeitos aos ditames da Ciência acadêmica, dentro de suas correspondentes especializações. Outros profissionais liberais de nível superior têm-se juntado a estes, por afinidade, somando esforços e se dedicando, a maioria deles, a publicar artigos, promover palestras e vídeo-conferências sobre o aborto e suas consequências. Como não poderia deixar de ser, suas explicações científicas, em torno das implicações previstas aos usuários dessa prática criminosa e terrivelmente equivocada, surpreendem e convencem mais do que todos os argumentos religiosos até então considerados.
Embora isto ainda demande tempo, é de se crer que possamos recobrar de vez a razão, ante a contundência desses novos informes.
   A você, que acaba de ler este texto e tem a Internet aos seu dispor, ao finalizá-lo recomendo: CONHEÇA A "AME" e ame seu futuro bebê, seja você futuro pai ou futura mãe, ou tenha você qualquer ascendência moral  sobre o futuro papai ou futura mamãe, não permitindo o seu descarte nem o seu desprezo à própria sorte. Se for o caso, mãezinha, entregue o seu recém nascido a alguém que o amará e lhe dará uma bela chance de vida. Sim, porque ainda se contam aos milhares e milhares os que defendem a vida e estão dispostos a investir nela, mesmo que o pequenino inocente não traga em si o mesmo sangue dos que se propõem a acolhê-lo e protegê-lo até quando Deus o permita, com o mais sublimado amor. ///

sábado, 2 de março de 2013

22. CHARLATANISMO, MISTIFICAÇÃO E MISTICISMO

     P. Volta e meia os espíritas veem sacudidas as bases da doutrina que abraçam, quando a grande mídia decide investigar e denunciar médiuns envolvidos em escândalos, por conta de charlatanismo e outras formas de enganar a boa fé das pessoas que os consultam inadvertidamente. Que dizem, pois, os espíritas sinceros a esse respeito?

      R. Quem disse que esses enganadores e exploradores da crendice incauta são de fato médiuns espíritas?
Eles mesmos, ou os jornalistas e repórteres que cobrem essas matérias, dotados de ideias preconcebidas e sem o mínimo de conhecimento prévio do que seja verdadeiramente o Espiritismo? Se assim o fazem estes últimos, não têm a menor capacidade de discernir entre um médium espírita e um médium qualquer que se diga espírita, ou não.
     Primeiro, deve-se entender que para se configurar a prática de charlatanismo é preciso que o médium esteja usufruindo financeiramente da atividade que exerce. Não havendo proveito algum para o médium no exercício mediúnico, deixa de haver charlatanismo. E os críticos não devem desconhecer o fato de que a prática apontada é incompatível com o Espiritismo. Assim, se há médiuns charlatães, e os há, inegavelmente, estes em hipótese alguma podem ser chamados de médiuns espíritas.
    De outro lado, há médiuns por aí que se prestam a mistificações, ou seja, a promoverem pseudo-comunicações com os Espíritos. Esses médiuns, mesmo que não cobrem por seus serviços de orientação, ou por seus trabalhos escritos, que pelo menos lhes rendem fama e admiração popular, também não podem ser contados como espíritas, uma vez que o Espiritismo é bastante rigoroso nesse sentido.
     Reconhece-se o mistificador pelo teor de suas comunicações, já que elas não vêm dos Espíritos ditos de luz, mas de alguma entidade espiritual tão medíocre quanto o seu mediador, sendo, pois, de conteúdo vazio, dúbio, confuso e, em geral, fantasioso.
   Os espíritas conhecem muito bem a recomendação de Kardec de que "é preferível refutarmos 99 verdades, do que aceitarmos uma única mentira". As verdadeiras comunicações espíritas são, pois, criteriosas, de conteúdo profundo e elevado.
    O orgulho, a vaidade, a soberba e todos os seus disfarces são severamente combatidos pela Doutrina Espírita, através de seus prepostos dignos, tanto do Mundo Espiritual, como dentre os encarnados. Àqueles que, por ignorância cega ou tendenciosa, classificam o Espiritismo como uma "doutrina mística", é preciso dizer que a Doutrina Espírita, antes, não admite nenhum misticismo. Pelo contrário, ela mesma é uma doutrina desmistificadora, visto que todos os seus ensinamentos refletem absoluta clareza e perfeita racionalidade. Todo e qualquer preceito espírita está sujeito, antes de ser validado por seus profitentes, aos crivos da lógica e do bom senso, sem a aprovação dos quais está fadado a uma total rejeição.
    O movimento espírita não é, como muitos pensam equivocadamente,composto de pessoas simplórias e de instrução apenas mediana. Pessoas da mais alta formação acadêmica, assim como pessoas de grande sensibilidade nas mais diversas manifestações culturais e artísticas, ao lado de pessoas simples, mas de bom nível de discernimento e de assimilação daquilo que costumam ler e ouvir, portadoras de caráter ilibado, comungam das ideias expostas, nunca impostas, por acharem-nas coerentes, dignas do seu apreço e aceitação, isto somente depois de aprofundados estudos e muito raciocínio. Eis por que os médiuns espíritas se reconhecem de fato por não se prestarem jamais a "jogar pérolas aos porcos", muito menos ao comércio de suas faculdades medianímicas. Não se dão às ilusões da fama e, portanto, não estão entre essas personalidades famosas que, de tempos em tempos, aparecem prognosticando e alardeando poderes sobrenaturais nas mídias sensacionalistas.
    Médium espírita, só o é aquele que exerce a mediunidade com a finalidade específica de praticar a caridade pura, sem afetações, com desinteresse e, principalmente, com muita seriedade e responsabilidade.
Assim sendo, as bases do Espiritismo jamais foram ou serão sacudidas, abaladas, pelas notícias sobre fraudes de qualquer natureza, ainda que se o aponte como origem, porquanto basta um mínimo de sóbrios esclarecimentos, apelando-se para o bom senso, para a lógica e para a razão, o tripé de sustentação da Doutrina, para que todos esses equívocos se desfaçam.
    Muitas vezes, são esses erros clamorosos, cometidos pelos inimigos gratuitos do Espiritismo, que, na contramão de sua intencionalidade perversa, promovem um maior interesse, em aqueles que ainda não o conhecem, em conhecê-lo de fato. ///