quarta-feira, 22 de maio de 2013

52. EXERCÍCIO CRISTÃO DA MEDIUNIDADE

       Segundo o Espírito Vianna de Carvalho, "O exercício da mediunidade correta impõe disciplinas que não podem ser desconsideradas, seriedade e honradez, que lhe conferem firmeza de propósitos com elevada qualidade para o ministério". Diz mais, esse autor espiritual: "Face à sintonia psíquica responsável pela atração daqueles que se comunicam, a questão da moralidade do médium é de relevante importância, preponderando mesmo sobre os requisitos culturais, porquanto estes últimos podem constituir-lhe uma provocação, jamais um impedimento, enquanto a primeira favorece a união com os Espíritos de igual nível evolutivo" (Médiuns e Mediunidades, pela psicografia de Divaldo Franco - via Mediunidade com Jesus - mediunsemediunidades.bolgspot.com.br).
     André Luiz, pela mão de Chico Xavier, também nos esclarece a este respeito:
     "Atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos atraídos por eles; e se é verdade que cada um de nós somente pode dar conforme o que tem, é indiscutível que cada um recebe de acordo com aquilo que dá. Achando-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas, quaisquer que sejam as características em que se expressem, é imprescindível enriquecer o pensamento, incorporando-lhe tesouros morais e culturais, os quais nos possibilitam fixar a luz que jorra para nós, das Esferas Mais Altas, através dos gênios da sabedoria e do amor que supervisionam nossas experiências".
     Sugere-nos ele um roteiro de mudanças íntimas, com as quais nos tornamos cada vez mais aptos a contatar os Bons Espíritos, que, no trabalho de auxílio, orientação e amparo à Humanidade carente de certos valores, nos aguardam o concurso efetivo, que constitui para nós mesmos o caminho da redenção espiritual, após tantos séculos de desafios e lutas parcialmente vencidas, mas ainda com débitos a serem resgatados na senda evolutiva.
     E conclui o querido mentor, autor de várias obras altamente edificantes:
     "Elevemos nosso padrão de conhecimentos pelo estudo bem conduzido e apuremos a qualidade de nossa emoção pelo exercício constante das virtudes superiores, se nos propomos a recolher a mensagem das Grandes Almas. Mediunidade não basta por si só.  É indispensável saibamos que tipo de onda mental assimilamos para conhecermos da qualidade de nosso trabalho e ajuizarmos de nossa direção" (Nos Domínios da Mediunidade - capítulo 1 "Estudando a Mediunidade").
     Em "O Consolador", também pela psicografia de Chico Xavier, Emmanuel assevera:
     "No exercício da Mediunidade com Jesus, ou seja, na perfeita aplicação dos seus valores a benefício da criatura humana, em nome da caridade, é que o ser atinge a plenitude das suas funções e faculdades, convertendo-se em celeiro de bênçãos, semeador da saúde espiritual e da paz nos diversos terrenos da vida humana".
     E completa este pensamento dizendo:
     "Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da Seara da verdade e do amor - (aqui uma alusão clara à indevida comercialização dos dotes mediúnicos, sob qualquer forma e a qualquer pretexto). Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos se avultarão para Jesus, sob as bênçãos divinas" (O Consolador, item 389 - via site "O Consolador", da revista de mesmo nome, em artigo escrito por Thiago Bernardes, de Curitiba-PR., em seu estudo sobre o tema "Mediunidade com Jesus").
     De outro site, colhemos ainda a palavra sempre oportuna e clara de Bezerra de Menezes, que assim define a questão:
     "Mediunidade com Jesus é serviço aos semelhantes. Desenvolver este recurso é, sobretudo, aprender a servir. Aqui, alguém que fala em nome dos Espíritos desencarnados; ali, um companheiro que aplica energias curativas; além, um cooperador que ensina ao roteiro da verdade; acolá, outrem que enxuga as lágrimas do próximo, semeando consolações. Mas é o mesmo Poder que (como já dizia o apóstolo Paulo, em sua Primeira carta aos Coríntios, capítulo 12, versos 4 a 11), opera tudo em todos. É a divina inspiração do Cristo, dinamizada por mil modos diferentes para reerguer-nos da condição de inferioridade, ou para sanar-nos os sofrimentos. E nessa movimentação bendita de socorro e esclarecimento, não se reclamam os títulos convencionais do mundo, quaisquer que sejam, porque a mediunidade cristã, em si, não colide com nenhuma posição social, constituindo fonte do Céu a derramar benefícios na Terra, por intermédio dos corações de boa vontade. (...) Em suma, ser médium no roteiro cristão é doar de si mesmo em nome do Mestre Jesus" (Mediunidade Com Jesus - www.guia.heu.nom.br). ///

   
   

segunda-feira, 13 de maio de 2013

51. A INCOMUNICABILIDADE DOS BONS ESPÍRITOS

     Na maciça maioria dos segmentos cristãos tradicionais, de variadíssimas denominações, professa-se a crença de que qualquer Espírito que se manifeste por meio de um médium, ou por uma visão, isto é, uma aparição espontânea, mesmo que detenha a aparência de alguém conhecido, que possa ser identificado como um parente ou amigo morto de quem o tenha visto, não é senão um demônio enganador, cujo único objetivo é ganhar as almas dos homens para o Diabo, seu maioral, que se compraz em arregimentá-las para engrossar a legião dos que com ele habitará o Inferno de sofrimentos eternos, depois do Grande Julgamento divino.
     A respeito dessa incomunicabilidade dos bons Espíritos e da possibilidade de só os maus se comunicarem com os homens, já transcrevi, no texto de número 47 deste blog, sob o título "MÉDIUM E/OU PROFETA (II)", algumas considerações de Allan Kardec, de "O Livro dos Médiuns", capítulo IV, item 46. Ali se encontram as três primeiras de uma série de nove perguntas dirigidas pelo Codificador aos que pensam desse modo.
     Por achá-las oportuníssimas, uma vez que ainda estamos tratando desta pauta, passo a transcrever as seis perguntas restantes, para que com elas possamos refletir um pouco mais, na busca pela maior clareza possível quanto aos princípios aqui defendidos, de que os bons Espíritos nunca cessaram de se comunicar conosco:
     "4ª - Que provas podeis apresentar da impossibilidade em que se acham os bons Espíritos de se comunicarem?
     5ª - Quando se vos opõe a sabedoria que emana de certas comunicações, dizeis que o demônio usa de todas as máscaras para melhor seduzir o incauto. Sabemos, com efeito, haver Espíritos hipócritas, que dão à sua linguagem um verniz de sabedoria; mas, admitis que a ignorância pode falsificar o verdadeiro saber e uma natureza má imitar a verdadeira virtude o tempo todo e sem deixar nenhum vestígio que denuncie a fraude?
     6ª - Se só o demônio se comunica, sendo ele o inimigo de Deus e dos homens, por que, então, recomenda ele que se ore a Deus (com fé), que nos submetamos à Vontade de Deus, que suportemos sem queixas as tribulações da vida, que não ambicionemos as honras e nem as riquezas deste mundo, que pratiquemos a caridade e todas as virtudes recomendadas pelo Cristo em suas máximas; numa palavra: que façamos tudo o que é preciso para destruir-lhe o império, dele, o demônio, ou Satanás? Se tais conselhos o demônio é quem os dá, forçoso é convir que, por muito manhoso e astuto seja ele, bastante inábil é, fornecendo armas contra si mesmo.
     7ª - Pois que os Espíritos se comunicam, é que Deus o permite. Em presença das boas e das más comunicações, não será mais lógico admitir-se que umas Deus permite para nos aconselhar ao bem e outras para nos experimentar?
     8ª - Que diríeis de um pai que deixasse o filho à mercê dos exemplos e dos conselhos perniciosos, e que o afastasse de si; que o privasse do contato com as pessoas que o pudessem desviar do mal? Ser-nos-á lícito supor que Deus procede da maneira que um bom pai não procederia, e que, sendo Ele a bondade por excelência, faça menos por seus filhos do que faria um homem?
     9ª - A Igreja (de Roma) reconhece como autênticas certas manifestações da Virgem e de outros santos, em aparições, visões, comunicações orais, etc. Essa crença não está em contradição com a doutrina da comunicação exclusiva dos demônios?"
     Com estas perguntas do Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, no livro citado, fica lançado o desafio, para que os que se posicionam contrários à comunicabilidade dos bons Espíritos, mas favoráveis à dos maus, personificados nos demônios, os quais assediam livremente os homens, sem nenhuma contraposição possível, expliquem este paradoxo e esta arbitrariedade, incompatível, ao nosso ver, com a Divindade, desde que se Lhe reconheçam certos atributos indispensáveis e irrefutáveis, como: bondade, misericórdia e, sobretudo, amor.
     Demais, negar as comunicações dos bons Espíritos é negar a própria Bíblia, que, como já vimos, as expõe em grande escala.
     É este, aliás, o recado que a Bíblia mesma deixa para estes tais crentes-incrédulos, nas palavras do profeta Joel, bem relembradas pelo apóstolo Pedro:
     "E acontecerá, nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão..." (Ato dos Apóstolos 2: 16,17). ///

domingo, 12 de maio de 2013

50. DOZE EXEMPLOS BÍBLICOS DE APARIÇÕES DE ESPÍRITOS

     1. "E vieram os dois anjos à tarde, e estava Ló assentado à porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se e foi ao seu encontro, e inclinou-se com o rosto em terra..." (Gênesis 19: 1)

     2. "Então Daniel falou ao rei: Ó, rei, vive para sempre! O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou ele a boca dos leões, para que me não fizessem dano..." (Daniel 6: 21,22)

     3. "E eis que uma mão me tocou, e fez que me movesse sobre os joelhos e sobre as palmas de minhas mãos. E me disse: Daniel, homem mui desejado, atenta às palavras que te vou dizer e levanta-te sobre os teus pés; porque eis que te sou enviado. E falando ele comigo esta palavra, eu estava tremendo. Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde que aplicaste o teu coração em compreender e humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras..." (Daniel 10: 10-13)

     4. "E eis que lhe apareceu um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do incenso. Vendo-o, Zacarias turbou-se, e apoderou-se dele o temor. Disse-lhe, porém, o anjo: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Izabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a que darás o nome de João..." (Lucas 1: 11-13)

     5. "No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado da parte de Deus para uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem da casa de Davi, cujo nome era José; e a virgem chamava-se Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Salve! agraciada; o Senhor é contigo. Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus..." (Lucas 1: 26-30)

     6. "Havia naquela região pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite. E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam e a glória do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor. O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis que vos trago boa nova de grande alegria..." (Lucas 2: 8-10)

     7. "E aconteceu que, enquanto ele (Jesus) orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e as suas vestes resplandeceram, brancas como a luz. Eis que dois varões falavam com ele, sendo eles Moisés e Elias, os quais apareceram em glória e lhe falavam da sua partida, que estava para se cumprir em Jerusalém..." (Lucas 9: 29-31)

     8. "Mas, ao entrar no túmulo, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que, estando elas perplexas a este respeito, apareceram-lhes dois varões, com vestes resplandecentes. Possuídas de temor, baixando os olhos para o chão, ouviram o que eles lhes falaram: Por que buscais entre os mortos àquele que vive?..." (Lucas 24: 3-5)

      9. Falavam ainda (e as portas estavam fechadas), quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco. Eles, porém, surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito..." (Lucas 24; 36,37)

     10. "Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E estando eles com os olhos fitos no céu, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles..." (Atos dos Apóstolos 1: 9,10)

     11. Morava em Cesareia um homem chamado Cornélio, centurião da força chamada italiana. Piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, fazia muitas esmolas e de contínuo orava a Deus. Esse homem observou claramente, durante uma visão, um anjo de Deus, que se aproximou dele e disse: Cornélio! Este, fixando nele os olhos e possuído de temor, perguntou: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus..." (Atos dos Apóstolos 10: 3-5)

     12. Pedro dormia entre dois soldados, acorrentado com duas cadeias, e sentinelas à porta guardavam o cárcere. Eis, porém, que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz iluminou a prisão; e, tocando ele a Pedro, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. Então as cadeias caíram-lhe das mãos. Disse-lhe o anjo: cinge-te, calça as tuas sandálias; põe a tua capa e segue-me, Então, saindo, o seguia, não sabendo que era real o que se fazia por intermédio do anjo; parecia-lhe, antes, uma visão. Depois de terem passado pelas sentinelas, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade, o qual se lhes abriu automaticamente e, saindo, enveredaram por uma rua, e, logo adiante, o anjo se apartou dele. Então, Pedro, caindo em si, disse: Agora sei que verdadeiramente o Senhor enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo judaico..." (Atos dos Apóstolos 12: 6-11)

     Nestes doze, dentre outros muitos exemplos bíblicos de aparições espirituais, põem-se em evidência as características dos seres para nós invisíveis, em concordância com as descrições espíritas acerca desses mesmos seres, em suas continuadas manifestações, junto aos que, de nós, detemos a faculdade de lhes registrar a presença, via de regra, esporadicamente e sempre com uma finalidade elevada. Ou seja: eles não aparecem para matar nossa curiosidade apenas, mas para nos trazer alguma mensagem do Mundo Maior, conforme as necessidades detectadas, antes por eles do que por nós mesmos, e de acordo com os nossos merecimentos. ///

   

sexta-feira, 10 de maio de 2013

49. SESSÃO MEDIÚNICA EXPLÍCITA NA BÍBLIA

     Uma das mais contundentes narrativas bíblicas de intercâmbio mediúnico entre um ente desencarnado (se quiserem, o espírito de um morto) e um encarnado, da qual só o dogmatismo ferrenho das religiões seculares persiste em dizer tratar-se de uma manifestação demoníaca, ou diabólica, é a que está inserida no Primeiro Livro de Samuel (capítulo 28, versos 3 a 20), a seguir transcrita:

     "E já Samuel era morto, e todo o Israel o havia pranteado e o tinha sepultado em Ramá, que era a sua cidade; e Saul (Rei de Israel) tinha desterrado os adivinhos e encantadores.
     E ajuntaram-se os filisteus, e acamparam-se em Susém; e ajuntou-se Saul e todo o seu povo, e acamparam-se em Gilboa.
     E vendo Saul o arraial dos filisteus, temeu e estremeceu muito o seu coração. E perguntou ao Senhor, porém Ele não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por profetas.
     Então disse Saul aos seus criados: buscai-me uma mulher que tenha espírito de feiticeira, para que vá a ela e a consulte. E os seus criados lhe disseram: Eis que em Endor há uma mulher que tem o espírito de adivinhar.
     E Saul se disfarçou com outras vestes, e indo com ele dois homens, vieram à noite à tal mulher; e disse: Peço-te que me adivinhes pelo espírito de feiticeira e me faças subir a quem eu te disser.
     Então a mulher lhe disse: Eis que tu sabes o que fez Saul, como tem destruído da terra os adivinhos e os encantadores; por que, pois, me armas um laço à minha vida para me fazer matar?
     Então Saul lhe jurou dizendo: Vive o Senhor, que nenhum mal te sobrevirá por isto. A mulher então lhe disse: A quem te farei subir? E ele disse: Faze-me subir a Samuel.
     Vendo ela a Samuel, gritou em alta voz, dizendo a Saul: Por que me enganaste? Pois tu mesmo és Saul!
     E o rei lhe disse: Não temas; porém o que é o que vês? Então a mulher falou: vejo deuses que sobem da terra. E perguntou-lhe Saul: como é a sua figura? e disse ela: vem subindo um homem ancião, envolto em uma capa.
     Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e se prostrou.
     Samuel disse a Saul: Por que me desinquietaste, fazendo-me subir? Então disse Saul: Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se me tem desviado, e não me responde mais, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isto te chamei a ti, para que me faças saber o que hei de fazer.
     Então Samuel lhe disse: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o Senhor te há desamparado? Porque o Senhor tem feito para contigo como pela minha boca te disse, e tem rasgado o reino da tua mão e o tem dado para Davi. Como tu não deste ouvidos à voz do Senhor e não executaste o fervor da sua ira contra Amaleque, por isso o Senhor te fez isto hoje.
     E o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo; e o arraial de Israel o Senhor entregará na mão dos filisteus.
     E imediatamente Saul se deixou estender por terra, temendo grandemente por causa daquelas palavras de Samuel".

     A uma leitura mais atenta, observando-se o linguajar próprio da época e daquele povo, nenhum detalhe desta conversa entre Saul (vivo) e Samuel (morto) escapará, para que se possa atribuir-lhe uma fraude, tão ao gosto dos defensores do demonismo, ou seja, daqueles que dedicam exclusivamente aos demônios a honra de poderem se comunicar com os homens através de um mediador também humano, como é o caso da mulher aqui descrita e que intermediou o diálogo entre os dois grandes personagens.
     É de se estranhar, igualmente, que os mesmos defensores da Bíblia, dizendo-a a autoridade máxima de sua crença, refutem a autenticidade deste encontro, que testifica e patenteia a sobrevivência e a consciência do espírito após a perda do seu envoltório físico, pelo fenômeno da morte, e a comunicabilidade deste com os que aqui permanecem.
     Em nenhum momento o escritor bíblico desmente a identidade do Espírito comunicante. Caso o fizesse, no mínimo ficaria assim este último verso da citação: " E imediatamente Saul deixou-se estender por terra, temendo grandemente, por causa daquelas palavras do demônio que se passava por Samuel". ///
   

quarta-feira, 8 de maio de 2013

48. MÉDIUM E/OU PROFETA (III)

     Moisés, o grande profeta libertador dos hebreus da escravidão egípcia, tornando-se o governador e guia espiritual do povo, agora chamado de Israel, tem uma interessante experiência relacionada com o dom profético, de que ele mesmo era portador, conforme o relato a seguir:
     "E disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel [...], e os trarás perante a tenda da congregação. Então eu descerei e ali falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão o cargo do povo, para que sozinho tu não o leves. [...] E saiu Moisés e ajuntou setenta dos anciãos e os pôs em volta da tenda. Então o Senhor desceu na nuvem, e tirando do espírito que estava sobre Moisés o pôs sobre aqueles anciãos; e aconteceu que, quando o espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas depois nunca mais.
     Porém no arraial ficaram dois homens, de nomes Eldade e Medade; e repousou sobre eles o espírito, e eles profetizaram no arraial. Então um moço correu e o anunciou a Moisés. E Josué, filho de Num, servidor de Moisés, disse-lhe: Senhor meu! Moisés, proíbe-lho! Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Oxalá todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhes desse o Seu espírito!" (Números 11: 16, 17, 24 - 28).
     Moisés, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Elias, Samuel, Davi, Salomão e tantos outros personagens e escritores dos livros que compreendem o Antigo Testamento das Escrituras, fizeram-se, sem sombra de dúvidas, porta-vozes da Espiritualidade, com a missão de transmitir aos israelitas mensagens de advertências, conselhos, e, às vezes, anúncios de acontecimentos futuros, para que o povo não se desviasse da boa conduta, da adoração ao Deus Único e do cumprimento dos Seus desígnios.
     Gente de alma rudimentar e por vezes truculenta, ainda, mais próxima da condição evolutiva animalesca, do que da do ser humano e extremamente distante da dos seres angelicais, era conduzida por um grupo de Espíritos, provavelmente de luz mediana, que, tomando a identidade divina, induzia-a a sangrentas batalhas contra os povos que adoravam outros deuses e que cultivavam crenças e práticas diferentes, tal como até bem pouco tempo atrás se viu entre os próprios cristãos, herdeiros daquelas tradições e prisioneiros de dogmas absolutos.
     Certamente, os Espíritos mais elevados nunca deixaram de assistir esse povo, preparando-o para o advento do Cristo Consolador, que haveria de mudar por completo os rumos da História, interferindo não só na daquele povo, mas na da Humanidade como um todo, conforme constatamos nos dias atuais.
     Por sua vez, Jesus anunciaria, em suas prédicas, a vinda de um novo Consolador, que daria prosseguimento à sua missão de reeducar o homem, ensinando-lhe a amar o seu próximo, a perdoar e ter paz com todos, fazendo-se a luz necessária sobre vários pontos incompreendidos de Sua Doutrina libertadora.
     Eis que agora já os Espíritos Superiores encontram a terra devidamente arada e propícia para o plantio de uma nova sementeira, da qual prevalecem os frutos do bem, da união e da fraternidade, que incidem no futuro deste planeta, destinado a acolher os verdadeiros escolhidos, aqueles que palmilham com passos firmes o caminho da regeneração.
     Se no passado a Espiritualidade guiou os homens utilizando-se, muita vez, de mãos de ferro, como as de Moisés, Elias e Samuel (os profetas); e de lábios intrépidos, como os de Pedro, Estêvão e Paulo (os apóstolos), hoje os guia através de corações abnegados, como os de Allan Kardec e Chico Xavier (os arautos da Terceira Revelação), ou de Divaldo, Raul e tantos outros (médiuns continuadores desta grande Obra evangelizadora).
     E a nossa evolução prossegue. Muito temos ainda que andar, com certeza, até alcançarmos a perfeição a que Jesus nos conclama, sem cessar e pacientemente. Cabe-nos, uma vez movidos pela fé raciocinada, apressarmos nossos próprios passos nesse sentido. Ora, para isto, caso detenhamos alguma faculdade mediúnica, por sutil que ela seja, pratiquemo-la com Jesus, a serviço, pois, unicamente do bem. ///

terça-feira, 7 de maio de 2013

47. MÉDIUM E/OU PROFETA (II)

     O apóstolo Paulo já orientava seus companheiros sobre a necessidade de ordem no culto, ou seja, na reunião de comunicações com a Espiritualidade. Diz ele, em sua primeira epístola aos coríntios (cap. 14 v. 29-32):
     "Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem. Se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro, porque todos podeis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem consolados. Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas".
     Estas palavras do maior divulgador do Cristianismo em suas nascentes se encaixam perfeita e harmoniosamente ao modus operandi de uma sessão mediúnica realizada em qualquer Centro Espírita sério. As manifestações dos Espíritos se sucedem com ordem, sem confusão, em número limitado, dado o tempo disponível para cada reunião. Ao desejo evidente de um segundo Espírito se manifestar, o primeiro encerra a sua participação, e assim sucessivamente. Os Espíritos, ao se aproximarem dos respectivos mediadores, causam-lhes certas sensações, entre as quais a de ansiedade por expressar-se, segundo seus pensamentos, transmitidos via telepatia, mensagem enviada de mente para mente. Não obstante, o médium educado e experimentado detém o controle sobre a situação, sopitando as ideias intempestivas e inconvenientes que porventura lhe assomem  à intimidade, deixando que o Espírito se manifeste em momento mais oportuno e com palavras adequadas ao clima de respeito e consideração reinante no recinto.
     Por outro lado, o apóstolo João, em sua primeira carta universal, faz a seguinte advertência, igualmente seguida pelos que se dedicam, na atualidade, ao intercâmbio com os Espíritos, com critério e seriedade:
     "Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora" (cap. 4 v. 1).
     Aqui cabem justamente as considerações do codificador, em O Livro dos Médiuns:
     "Sem dúvida, entre os Espíritos, há-os muito maus e que não valem mais do que os chamados 'demônios', por uma razão bem simples: a de que há homens muito maus, que, pelo fato de morrerem, não se tornam bons. A questão é saber se só eles podem comunicar-se conosco. Aos que assim pensem, dirigimos as seguintes perguntas:
     1º - Há ou não Espíritos bons e maus?
     2º - Deus é ou não mais poderoso do que os maus Espíritos, ou do que os demônios, se assim lhes quiserdes chamar?
     3º - Afirmar que só os maus se comunicam é dizer que os bons não o podem fazer. Sendo assim, uma de duas coisas: ou isto se dá pela vontade de Deus, ou contra a Sua vontade. Se contra, é que os maus Espíritos podem mais do que Ele; se por Sua vontade, por que, então, em sua bondade, não permitiria Ele que os bons fizessem o mesmo, para contrabalançar a influência dos outros?" - Kardec (Cap. IV - Dos Sistemas - item 46).
     Ora, já o apóstolo João deixa explícito, na sua advertência, o cuidado que se há de tomar quanto à qualidade, ou procedência dos Espíritos, porquanto nem todos procedem das hostes do bem. Assim, maus e bons Espíritos podem dirigir-se aos homens através dos médiuns em serviço. Compete aos que estejam incumbidos de julgá-los, conforme a palavra de Paulo, discernir-lhes as mensagens, não dando crédito senão às que possuam conteúdo digno.
     Lembremos, ainda, que o objetivo central das nossas reuniões mediúnicas, nos tempos atuais, é a prestação de assistência fraterna aos Espíritos sofredores e/ou revoltados, que são encaminhados para tratamento, ficando restrita a parte de orientação, propriamente dita, à atuação espontânea do mentor espiritual do trabalho, com o qual o grupo já possui certa afinidade e, pode-se dizer, profunda intimidade, reconhecendo-o sem o menor esforço.
     Como se pode ver, a mediunidade, nos moldes praticados no Movimento Espírita organizado, tem absoluta correspondência com os exemplos bíblicos acima citados. A profecia e a mediunidade psicofônica, aqui, estão em perfeita consonância, sendo, visivelmente, uma só e a mesma coisa. ///

segunda-feira, 6 de maio de 2013

46. MÉDIUM E/OU PROFETA (I)

     O termo "médium" foi adotado por Allan Kardec, do latim "médium", que significa meio, intermediário, mediador, para designar a pessoa dotada de faculdade especial que lhe permite intermediar a comunicação entre os seres invisíveis, a saber os espíritos, e os chamados vivos, ou encarnados, ambos partícipes da Humanidade terrena, embora estagiários de planos ou dimensões diferentes.
     Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Kardec nos dá a seguinte explicação acerca do vocábulo "profeta", encontrado em grande profusão nas Escrituras hebraicas, que constituem a Bíblia Sagrada dos cristãos:
     "Atribui-se geralmente aos profetas o dom de revelar o futuro, de maneira que a palavra 'profeta' tem uma significação mais ampla, aplicando-se a todo enviado de Deus, com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas, os mistérios da vida espiritual. Um homem pode, portanto, ser profeta sem fazer predições. Essa era a ideia dos judeus, no tempo de Jesus. Eis porque, levado perante o sumo sacerdote Caifás, os escribas e anciãos ali reunidos lhe cuspiram no rosto e lhe esbofetearam, dizendo: - Cristo, profetiza e dize quem te bateu".
     Nestas palavras fica bastante clara a ideia de que uma das qualidades do profeta seria a de adivinhar o que se passava ao seu redor mas que seus olhos não poderiam ter visto, qualidade esta igualmente atribuída aos chamados feiticeiros e videntes. Estes, porém, ditos agoureiros e prestidigitadores, eram abominados e, em diversas ocasiões, perseguidos e mortos, em nome da sã doutrina do Deus de Israel, apresentada pelos "verdadeiros" profetas, em sua maioria reis israelitas.
     Continuando em seu texto, Kardec nos informa que "alguns profetas tiveram a presciência do futuro, seja por intuição ou por revelação providencial, a fim de transmitirem advertências aos homens.  Assim, o dom de predizer o futuro foi considerado como um dos principais atributos da qualidade de profeta" (Cap.XXI - Missão dos Profetas).
     Desse modo, ao próprio fato de alguém prever um evento futuro e este se concretizar dá-se, comumente, a designação de profecia.
     Os profetas bíblicos, em sua generalidade, eram videntes e/ou audientes, isto é, possuíam a capacidade de ver ou de ouvir, ou de ver e ouvir o Espírito (de Deus), que a eles se apresentava e transmitia suas orientações e as instruções a serem repassadas aos seus tutelados (o povo), ou aos seus comandados (seus exércitos).
     Já no Novo Testamento, várias passagens dão-nos a ideia mais clara de que o dom de profetizar tem tudo a ver com a prática da psicofonia (espírita), que é aquela em que o Espírito comunicante utiliza-se dos órgãos vocais do médium para transmitir sua mensagem, ou, no mínimo, inspira-o fortemente, pela telepatia (de mente para mente), induzindo-o a pronunciar discurso cujo teor foge completamente ao seu pré-conhecimento, ao seu controle e premeditação, e, ainda, não tão raramente, aos seus próprios recursos intelectuais. Exemplo disto são as pregações e a própria defesa de Estêvão, que foi condenado pela sua fala intrépida e veemente.
     Há, ainda, médiuns de efeitos físicos, doadores espontâneos e inconscientes de uma substância denominada ectoplasma, com a qual um ou mais Espíritos podem materializar-se perante um grupo de pessoas, como no evento da transfiguração de Jesus, em que apareceram aos discípulos ali presentes os Espíritos Moisés e Elias. Também há médiuns videntes que apenas e esporadicamente conseguem vislumbrar a presença de um Espírito, sem contudo comunicar-se com ele diretamente.
     Tantas são as variações da faculdade mediúnica, que se pode até dizer que um profeta é sempre um médium, porém nem sempre um médium será um profeta, no sentido usual deste termo.
     Dada a sua abrangência, focalizaremos o tema sob outros aspectos, em textos a serem publicados subsequentemente. ///