terça-feira, 7 de maio de 2013

47. MÉDIUM E/OU PROFETA (II)

     O apóstolo Paulo já orientava seus companheiros sobre a necessidade de ordem no culto, ou seja, na reunião de comunicações com a Espiritualidade. Diz ele, em sua primeira epístola aos coríntios (cap. 14 v. 29-32):
     "Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem. Se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro, porque todos podeis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem consolados. Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas".
     Estas palavras do maior divulgador do Cristianismo em suas nascentes se encaixam perfeita e harmoniosamente ao modus operandi de uma sessão mediúnica realizada em qualquer Centro Espírita sério. As manifestações dos Espíritos se sucedem com ordem, sem confusão, em número limitado, dado o tempo disponível para cada reunião. Ao desejo evidente de um segundo Espírito se manifestar, o primeiro encerra a sua participação, e assim sucessivamente. Os Espíritos, ao se aproximarem dos respectivos mediadores, causam-lhes certas sensações, entre as quais a de ansiedade por expressar-se, segundo seus pensamentos, transmitidos via telepatia, mensagem enviada de mente para mente. Não obstante, o médium educado e experimentado detém o controle sobre a situação, sopitando as ideias intempestivas e inconvenientes que porventura lhe assomem  à intimidade, deixando que o Espírito se manifeste em momento mais oportuno e com palavras adequadas ao clima de respeito e consideração reinante no recinto.
     Por outro lado, o apóstolo João, em sua primeira carta universal, faz a seguinte advertência, igualmente seguida pelos que se dedicam, na atualidade, ao intercâmbio com os Espíritos, com critério e seriedade:
     "Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora" (cap. 4 v. 1).
     Aqui cabem justamente as considerações do codificador, em O Livro dos Médiuns:
     "Sem dúvida, entre os Espíritos, há-os muito maus e que não valem mais do que os chamados 'demônios', por uma razão bem simples: a de que há homens muito maus, que, pelo fato de morrerem, não se tornam bons. A questão é saber se só eles podem comunicar-se conosco. Aos que assim pensem, dirigimos as seguintes perguntas:
     1º - Há ou não Espíritos bons e maus?
     2º - Deus é ou não mais poderoso do que os maus Espíritos, ou do que os demônios, se assim lhes quiserdes chamar?
     3º - Afirmar que só os maus se comunicam é dizer que os bons não o podem fazer. Sendo assim, uma de duas coisas: ou isto se dá pela vontade de Deus, ou contra a Sua vontade. Se contra, é que os maus Espíritos podem mais do que Ele; se por Sua vontade, por que, então, em sua bondade, não permitiria Ele que os bons fizessem o mesmo, para contrabalançar a influência dos outros?" - Kardec (Cap. IV - Dos Sistemas - item 46).
     Ora, já o apóstolo João deixa explícito, na sua advertência, o cuidado que se há de tomar quanto à qualidade, ou procedência dos Espíritos, porquanto nem todos procedem das hostes do bem. Assim, maus e bons Espíritos podem dirigir-se aos homens através dos médiuns em serviço. Compete aos que estejam incumbidos de julgá-los, conforme a palavra de Paulo, discernir-lhes as mensagens, não dando crédito senão às que possuam conteúdo digno.
     Lembremos, ainda, que o objetivo central das nossas reuniões mediúnicas, nos tempos atuais, é a prestação de assistência fraterna aos Espíritos sofredores e/ou revoltados, que são encaminhados para tratamento, ficando restrita a parte de orientação, propriamente dita, à atuação espontânea do mentor espiritual do trabalho, com o qual o grupo já possui certa afinidade e, pode-se dizer, profunda intimidade, reconhecendo-o sem o menor esforço.
     Como se pode ver, a mediunidade, nos moldes praticados no Movimento Espírita organizado, tem absoluta correspondência com os exemplos bíblicos acima citados. A profecia e a mediunidade psicofônica, aqui, estão em perfeita consonância, sendo, visivelmente, uma só e a mesma coisa. ///

Um comentário:

  1. Está muito agradável a leitura e de fácil compreensão. Gostei bastante!!!!!

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