segunda-feira, 6 de maio de 2013

46. MÉDIUM E/OU PROFETA (I)

     O termo "médium" foi adotado por Allan Kardec, do latim "médium", que significa meio, intermediário, mediador, para designar a pessoa dotada de faculdade especial que lhe permite intermediar a comunicação entre os seres invisíveis, a saber os espíritos, e os chamados vivos, ou encarnados, ambos partícipes da Humanidade terrena, embora estagiários de planos ou dimensões diferentes.
     Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Kardec nos dá a seguinte explicação acerca do vocábulo "profeta", encontrado em grande profusão nas Escrituras hebraicas, que constituem a Bíblia Sagrada dos cristãos:
     "Atribui-se geralmente aos profetas o dom de revelar o futuro, de maneira que a palavra 'profeta' tem uma significação mais ampla, aplicando-se a todo enviado de Deus, com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas, os mistérios da vida espiritual. Um homem pode, portanto, ser profeta sem fazer predições. Essa era a ideia dos judeus, no tempo de Jesus. Eis porque, levado perante o sumo sacerdote Caifás, os escribas e anciãos ali reunidos lhe cuspiram no rosto e lhe esbofetearam, dizendo: - Cristo, profetiza e dize quem te bateu".
     Nestas palavras fica bastante clara a ideia de que uma das qualidades do profeta seria a de adivinhar o que se passava ao seu redor mas que seus olhos não poderiam ter visto, qualidade esta igualmente atribuída aos chamados feiticeiros e videntes. Estes, porém, ditos agoureiros e prestidigitadores, eram abominados e, em diversas ocasiões, perseguidos e mortos, em nome da sã doutrina do Deus de Israel, apresentada pelos "verdadeiros" profetas, em sua maioria reis israelitas.
     Continuando em seu texto, Kardec nos informa que "alguns profetas tiveram a presciência do futuro, seja por intuição ou por revelação providencial, a fim de transmitirem advertências aos homens.  Assim, o dom de predizer o futuro foi considerado como um dos principais atributos da qualidade de profeta" (Cap.XXI - Missão dos Profetas).
     Desse modo, ao próprio fato de alguém prever um evento futuro e este se concretizar dá-se, comumente, a designação de profecia.
     Os profetas bíblicos, em sua generalidade, eram videntes e/ou audientes, isto é, possuíam a capacidade de ver ou de ouvir, ou de ver e ouvir o Espírito (de Deus), que a eles se apresentava e transmitia suas orientações e as instruções a serem repassadas aos seus tutelados (o povo), ou aos seus comandados (seus exércitos).
     Já no Novo Testamento, várias passagens dão-nos a ideia mais clara de que o dom de profetizar tem tudo a ver com a prática da psicofonia (espírita), que é aquela em que o Espírito comunicante utiliza-se dos órgãos vocais do médium para transmitir sua mensagem, ou, no mínimo, inspira-o fortemente, pela telepatia (de mente para mente), induzindo-o a pronunciar discurso cujo teor foge completamente ao seu pré-conhecimento, ao seu controle e premeditação, e, ainda, não tão raramente, aos seus próprios recursos intelectuais. Exemplo disto são as pregações e a própria defesa de Estêvão, que foi condenado pela sua fala intrépida e veemente.
     Há, ainda, médiuns de efeitos físicos, doadores espontâneos e inconscientes de uma substância denominada ectoplasma, com a qual um ou mais Espíritos podem materializar-se perante um grupo de pessoas, como no evento da transfiguração de Jesus, em que apareceram aos discípulos ali presentes os Espíritos Moisés e Elias. Também há médiuns videntes que apenas e esporadicamente conseguem vislumbrar a presença de um Espírito, sem contudo comunicar-se com ele diretamente.
     Tantas são as variações da faculdade mediúnica, que se pode até dizer que um profeta é sempre um médium, porém nem sempre um médium será um profeta, no sentido usual deste termo.
     Dada a sua abrangência, focalizaremos o tema sob outros aspectos, em textos a serem publicados subsequentemente. ///

     


Um comentário:

  1. Gostei muito! O texto está bastante claro e explicativo! Gostei mesmo!!!!!!!!

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