sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

2013 - ÍNDICE GERAL - PARTE 2:

MAIO:
46. MÉDIUM E/OU PROFETA ( I )
47. MÉDIUM E/OU PROFETA (II)
48. MÉDIUM E/OU PROFETA (III)
49. SESSÃO MEDIÚNICA EXPLÍCITA NA BÍBLIA
50. DOZE EXEMPLOS BÍBLICOS DE APARIÇÕES DE ESPÍRITOS
51. A INCOMUNICABILIDADE DOS BONS ESPÍRITOS
52. EXERCÍCIO CRISTÃO DA MEDIUNIDADE

JUNHO:
53. NOSSA CASA DIVIDIDA
54. UMA CONFUSÃO QUE AINDA PERSISTE

JULHO:
55. MÉDIUNS E MÉDIUNS ESPÍRITAS
56. RESPONSABILIDADES DO PALESTRANTE ESPÍRITA
57. VANTAGEM DE SER ESPÍRITA NO ALÉM-TÚMULO
58. OBSESSÕES COLETIVAS
59. HOMOSSEXUALIDADE E SEXOLATRIA
60. ESQUECIMENTO DAS VIDAS PASSADAS

AGOSTO:
61. TRABALHADORES E FREQUENTADORES DA CASA ESPÍRITA
62. SÓ POR EDUCAÇÃO
63. EMBATES POLÍTICOS NA CASA ESPÍRITA
64. SOBRE A PSICOMETRIA
65. QUESTÃO DE CREDIBILIDADE
66. O DISCÍPULO DE PESTALOZZI
67. A TRAJETÓRIA DE UM EDUCADOR
68. DÚVIDAS E HESITAÇÕES DE KARDEC
69. PRIMEIROS ESTUDOS E PRIMEIROS RESULTADOS
70. O PRIMEIRO LIVRO E O PSEUDÔNIMO DE ALLAN KARDEC

SETEMBRO:
71. ANJOS, DEMÔNIOS E ESPÍRITOS

OUTUBRO:
72. CARTA DE KARDEC AOS LIONESES
73. A TENTAÇÃO DE JESUS
74. AMIZADE X CASAMENTO: SINAL DE PERIGO
75. POR QUE OS ESPÍRITAS SÃO CONTRA O ABORTO?
76. UM JEITO DIFERENTE DE VER O CRIADOR
77. ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL EQUIVOCADA (???)

NOVEMBRO:
78. A SALVAÇÃO POR MEIO DE JESUS-CRISTO
79. CREIAM TODOS: EU - O DIABO - NÃO EXISTO (!!!)
80. ESPIRITISMO X APOMETRIA
81. A GÊNESE: OS SEIS DIAS DA CRIAÇÃO
82. A GÊNESE: A CRIAÇÃO DO SOL
83. A GÊNESE: O HOMEM, A MULHER E O PARAÍSO PERDIDO

DEZEMBRO:
84. A GÊNESE: O PECADO ORIGINAL
85. A GÊNESE: OS ANJOS DECAÍDOS
86. A GÊNESE: O CASTIGO PERPÉTUO
87. A GÊNESE: UM IMPASSE TEOLÓGICO
88. O VERDADEIRO CARÁTER DO ESPIRITISMO
89. UMA GRANDE SURPRESA
90. MISTÉRIO E OCULTISMO

NOTA: A TODOS QUE SE INTERESSARAM POR ESTES TEMAS E TIRARAM ALGUNS MINUTOS PRECIOSOS DO SEU TEMPO PARA LER ALGUNS DESTES TEXTOS, O MEU AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL, DESEJANDO-LHES UM ANO DE 2014 LINDO E MARAVILHOSO, COM MUITA PAZ E MUITA LUZ. ESPERO CONTINUAR CONTANDO COM O SEU PRESTÍGIO A ESTE TRABALHO, QUE É BEM SIMPLES, MAS REALIZADO COM  MUITO AMOR. ///

(Feliz Ano Novo)

Evoti Leal



2013 - ÍNDICE GERAL - PARTE 1:

NOTA: NESTA PRIMEIRA PARTE DO ÍNDICE GERAL DESTE BLOG ESTÃO ENUMERADOS OS TÍTULOS DOS 45 TEXTOS PUBLICADOS ENTRE JANEIRO E ABRIL DE 2013.

JANEIRO:
01. OBJETIVO E TÍTULO DESTE BLOG
02. UMA RELIGIÃO SEM IGREJAS
03. SOBRE CURAS ESPÍRITAS
04. MEDIUNIDADE: PROMESSAS E COBRANÇAS
05. DAS RECEITAS FINANCEIRAS
06. VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA
07. SOBRE SATANÁS E OS DEMÔNIOS
08. SESSÃO DE DESOBSESSÃO
09. TEMAS DAS PALESTRAS PÚBLICAS
10. DOUTRINA DE LIVRES PENSADORES
11. PRETENSA SUPERIORIDADE EVOLUTIVA

FEVEREIRO:
12. SOBRE A DIVINDADE DE JESUS
13. A TRINDADE E O ESPÍRITO SANTO
14. REFLEXÕES SOBRE MORTES COLETIVAS
15. COMERCIALIZAÇÃO DA FÉ
16. DESFAZENDO ALGUNS EQUÍVOCOS
17. AFEIÇÕES E ANTIPATIAS GRATUITAS
18. O EVANGELHO DE ALLAN KARDEC
19. PERIGOS DA MEDIUNIDADE NÃO EDUCADA
20. SITUAÇÃO DO ESPÍRITO ANTE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
21. DESARMONIA NOS CENTROS ESPÍRITAS

MARÇO:
22. CHARLATANISMO, MISTIFICAÇÃO E MISTICISMO
23. AME: UMA SIGLA EM DEFESA DA VIDA
24. IMPORTÂNCIA DOS ROMANCES ESPÍRITAS
25. O ESPÍRITA NO TRÂNSITO
26. O ESPIRITISMO, A MULHER E A BÍBLIA
27. PECADO E JUSTIÇA (Parte I)
28. PECADO E JUSTIÇA (Parte II)
29. CENTROS DE PERDIÇÃO E VALORES MORAIS
30. APOMETRIA NOS CENTROS ESPÍRITAS
31. BASTIDORES DO ESPIRITISMO: O LIVRO
32. QUANDO ALGUÉM PERGUNTAR

ABRIL:
33. ACEITAR JESUS
34. LÓGICA ESTRANHA
35. CENTRO FORTE
36. PSICOMETRIA E JESUS
37. MAU OLHADO
38. SEM MEDO DE SOCORRER
39. MORTE PREMATURA
40. TESTEMUNHAS CONTRA O ESPIRITISMO
41. INFÂNCIA E JUVENTUDE ESPÍRITAS
42. O DEUS VERDADEIRO
43. QUEM SOU EU
44. SER OU NÃO SER RELIGIÃO
45. A IDADE DOS PORQUÊS

(CONTINUA)

sábado, 7 de dezembro de 2013

90. MISTÉRIO E OCULTISMO

       P. Sabendo-se que na maioria dos centros espíritas realiza-se, com certa frequência e assiduidade, um determinado tipo de trabalho que envolve a comunicação com os Espíritos, e que o mesmo ocorre a portas fechadas, não estará nisso um indício de que de fato os espíritas mexem com o ocultismo e os mistérios da sobrenaturalidade, como se apregoa por aí?

       R. Desobsessão é o nome dado a um trabalho especial realizado no Centro Espírita, visando libertar as pessoas que sofrem assédios permanentes ou eventuais por parte de entidades espirituais perturbadas, e que lhes causam distúrbios emocionais e problemas da mais diversa ordem.
       Há, nos contextos dessa situação, diversos tipos de influenciação, que vão desde a atuação direta de um Espírito vingador, possessivo, que está determinado a destruir a paz e, mesmo, a vida de sua vítima (geralmente seu antigo algoz), até a ação inconsciente de um Espírito sofredor, não raro ligado por laços de família ou afinidades sentimentais, sobre o encarnado que lhe capta as impressões infelizes. Nesse caso, muito comum, por sinal, o "obsessor" não tem a intenção de prejudicar o "obsedado". Antes, dele se  aproxima buscando ajuda, acreditando encontrar nele um ponto de apoio ou de referência, uma espécie de ancoradouro, dado o seu estado de perturbação e ignorância diante da nova situação em que se acha imerso, nada conseguindo entender do que se passa consigo mesmo.
     O trabalho de desobsessão tem por finalidade, atraindo esses Espíritos obsessores ou pseudo-obsessores (neste caso, sofredores) para as reuniões mediúnicas específicas, travar com eles um diálogo esclarecedor e evangelizador, na tentativa de demovê-los da ação, voluntária ou inconsciente, encaminhando-os para tratamento no Plano Espiritual, com vistas à sua própria libertação, seja de um passado de mágoas, ressentimentos, revolta e desejos de vingança, ou da própria perturbação e sofrimento em que estão geralmente mergulhados.
        Esse tipo de trabalho é realizado por pessoas devidamente capacitadas, que passaram pelas várias etapas do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, incluindo o treinamento prático da mediunidade, sendo vedado o acesso ao mesmo de pessoas despreparadas, mesmo aquelas que já mantêm contato com o Espiritismo de longa data. Não há nisto nenhum mistério ou ocultismo; trata-se apenas da necessidade real de uma preparação e conformação com os critérios próprios da atividade, através de um estudo sério e bem direcionado, para que ninguém venha a fazer dessas reuniões um evento voltado à fomentação da curiosidade natural que caracteriza o ser humano.
     Para aqueles que alegam ser essas reuniões fechadas uma prova cabal de que os espíritas lidam sim com o sobrenatural e a magia das comunicações com os mortos, farei uma comparação: Acaso, estando um familiar ou amigo seu sendo submetido a uma cirurgia delicada em um Hospital, sendo você um leigo em medicina, ou, ainda que detenha algum conhecimento na área cirúrgica, mas sendo um estranho para a equipe médica designada para esse procedimento, teria você permissão para entrar na sala de operação, sem antes submeter-se ao cumprimento dos requisitos indispensáveis, de acordo com as determinações da diretoria do Estabelecimento hospitalar?  Sem dúvida, não a teria; e isto não significaria que a equipe médica e o próprio Hospital estivessem fazendo algo ilícito e inconfessável, não é mesmo?
       Pois o trabalho de desobsessão  é comparável a uma cirurgia delicadíssima, que só a uma equipe de médiuns e doutrinadores muito seguros e devidamente qualificados é confiada, sendo vedados o ingresso e a permanência no recinto sagrado a quem quer que seja estranho à atividade e ao grupo, salvo mediante prévia recomendação por parte da direção administrativa e espiritual da Casa, e sob uma justificativa plausível.
       Pronto! Acaba-se aqui o mistério e o ocultismo, imaginados por leigos e, não raramente, proclamados por pessoas de má fé. Que sejam todos bem-vindos ao Centro Espírita, sabendo, no entanto, que nada irão encontrar, ver ou ouvir nele que realmente esteja fora do normal. ///
     


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

89. UMA GRANDE SURPRESA

       P. Que tipo de surpresa poderá ter alguém que entre por primeira vez em um Centro Espírita, sendo essa pessoa totalmente leiga em Espiritismo?

       R. Sempre que alguém vai pela primeira vez em algum lugar, cria uma expectativa sobre o  que   poderá encontrar, ver ou ouvir nesse lugar.
       Se a pessoa está entrando pela primeira vez em um Centro Espírita, sem ter recebido nenhum esclarecimento prévio sobre como funciona, certamente há de ficar imaginando e se perguntando o que de coisas diferentes e misteriosas poderá ver, descobrir, presenciar nesse ambiente para ele estranho, de que se falam tantas coisas tão desencontradas, por vezes tão pesadas, tão terríveis, ou, no mínimo, tão fora da normalidade relativa às instituições e aos templos religiosos em geral.
       Então, ao adentrar o recinto, muito provavelmente acompanhada por alguém que já conhece e frequenta a Casa, já de chegada se surpreenderá um pouco, pois encontrará, salvo em raras ocasiões ou exceções à regra, alguém postado próximo à porta de acesso a desejar-lhe as boas vindas, sem alarde, oferecendo-lhe um panfleto com uma mensagem de fé, de conforto ou de esclarecimento doutrinário. Em seguida, será convidado a passar para o salão (auditório), onde o público vai-se acomodando nas cadeiras ou poltronas, para logo mais ouvir uma exposição doutrinária, que se iniciará pontualmente no horário programado. 
       O visitante espera o momento em que poderá ver algo mais interessante do que pessoas espalhadas pelos assentos da sala ampla, a maioria guardando respeitoso silêncio, umas lendo a mensagem do panfleto recebido, outras em atitude de introspecção, meditação, oração, ou coisa do gênero.
       Terminada a palestra, geralmente com a duração de trinta minutos (em algumas Casas, um pouco menos),  dá-se por concluída, com uma prece feita de maneira simples e objetiva, a primeira parte da reunião, sem nenhuma novidade digna de nota. Aliás, para o visitante, a novidade talvez fique por conta do tema abordado na palestra; um tema evangélico, rico em exortações inegavelmente cristãs, de ordem moral e ética, com ênfases à prática do bem, do amor, da caridade, o que um leigo não esperaria jamais de um grupo supostamente desviado da "Palavra de Deus".
       É chegada então a hora do passe. Quem sabe agora sim dê para registrar alguma coisa de mágico, de místico, de sobrenatural, ou, no mínimo, de inusitado.
       Os acordes de uma música suave (clássica) preenchem agora o ambiente, quebrando harmonicamente o silêncio reinante entre os circunstantes. Estes começam a ser encaminhados, em pequenos grupos, para uma sala contígua, de menores proporções, fechando-se a porta à entrada da última pessoa de cada grupo. A expectativa do leigo cresce, enquanto fantasia em sua mente as cenas mais absurdas que prevê irá assistir quando estiver do outro lado da parede.
       Finalmente, chegada a vez do visitante adentrar a saleta misteriosa, parcamente iluminada, eis que ele depara, um pouco desapontado, apenas com um grupo de trabalhadores da Casa em pé, de frente para um carreiro de bancos ou cadeiras, situados a uma média distância, onde as pessoas vão tomando assento e se colocando em atitude receptiva, numa espécie de recolhimento espiritual. Fechada novamente a porta, inicia-se a aplicação do passe, que nada mais é do que uma imposição de mãos, o que é feito em total silêncio, ou ao som da mesma música que há pouco era ouvida no salão, por meio de pequenas caixas afixadas em pontos estratégicos por todas as dependências físicas do Centro.
       Esta operação, também chamada fluidoterapia, não dura mais do que um minuto. E o grupo que acaba de ser atendido retira-se, para a entrada do próximo grupo.
       Para o visitante curioso, a grande surpresa está no fato de nada acontecer de maravilhoso, de mágico, de extraordinário, de sobrenatural, como esperava. Nenhuma manifestação de Espírito. Nenhuma voz do Além. Nenhum fenômeno estranho.
       Aí, o leitor há de perguntar-me: Mas, então, como e quando os Espíritos se manifestam no Centro Espírita, uma vez que o Espiritismo tem por um de seus pilares de sustentação justamente a comunicabilidade daqueles com os homens pelas vias da mediunidade? É o assunto que irei tratar já no próximo texto a ser aqui publicado. ///

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

88. O VERDADEIRO CARÁTER DO ESPIRITISMO

       
       P. Como se poderia definir o verdadeiro caráter do Espiritismo, sabendo-se que se trata de um movimento doutrinário que teve sua origem no Plano Invisível, cabendo aos homens que o receberam apenas o compromisso de divulgá-lo, além, é claro, de exercê-lo?

    R. A maioria dos espíritas certamente já deve ter lido o Prefácio de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", que é composto por apenas quatro parágrafos, numa mensagem transmitida por via mediúnica, assinada pelo "Espírito de Verdade", ou seja, por um representante do Movimento Espírita Invisível, que é formado por uma plêiade de Espíritos Mensageiros de Jesus, com vistas à implantação definitiva da Filosofia Espírita-Cristã na Terra.
       O que me proponho aqui é apenas transcrever esses quatro parágrafos, tecendo um breve comentário pessoal sobre cada um deles. Tomo a liberdade de antepor-lhes um número de ordem, para que o leitor possa melhor identificar os comentários correspondentes.

       1. "Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos.
       2. Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos.
       3. As grandes vozes do Céu ressoam como sons de trombetas, e os cânticos dos anjos se lhes associam. Nós vos convidamos, a vós homens, para o divino concerto. Tomai da lira, fazei uníssonas vossas vozes, e que, num hino sagrado, elas se estendam e repercutam de um extremo a outro do Universo.
       4. Homens, irmãos a quem amamos, aqui estamos junto de vós. Amai-vos, também, uns aos outros e dizei do fundo do coração, fazendo as vontades do Pai, que está no Céu: 'Senhor! Senhor!'... e podereis entrar no reino dos Céus".

       Meus comentários:
       1. É como se realmente um verdadeiros exército, vindo de um outro mundo, estivesse a invadir o nosso mundo, não em uma missão de guerra, mas de paz; não para dominar-nos pela força, mas para esclarecer-nos pela razão; não para fazer-nos reféns de armas mortíferas, mas para libertar-nos de nossas próprias algemas, que são, juntos, o nosso egoísmo e a nossa ignorância.
       O comandante desse Exército outro não é senão Jesus.
       2. Aponta-se a Palavra de Deus como a bússola da salvação para as almas humanas. Com efeito, ela assim o é. No entanto, bastam alguns raciocínios lógicos e uma análise um pouco mais profunda, para se flagrarem certos descompassos nas Escrituras sagradas, que identificam interferências humanas nas mensagens divinas, adulterando-lhes os significados originais. Já não é mais possível negar-se a existência de alguns arranjos feitos pelos seus tradutores, para se adequarem alguns conceitos expostos pelos escritores bíblicos aos interesses ideológicos e imediatistas das primeiras Igrejas oficiais, que se adonaram indebitamente da pura Doutrina do Cristo.
       À medida que a luz do entendimento desfaz a escuridão em que o pensamento do homem mergulhou ante as interpretações falseadas que lhe deram de diversos itens da Bíblia, e que a verdade desvenda tudo o que era dado como mistério indevassável, o orgulho de muitos é confundido e a verdadeira justiça contida nos seus ensinamentos se exterioriza sem as máscaras impostas pelas conveniências religiosas.
       3. O ensino dos Espíritos é forte e convincente, porque apela para a razão e para o bom senso, sem o que não deseja ser aceito. Quem tem ouvidos para ouvir, não tem como não despertar ao som estridente e insistente das vozes que vêm dos Céus. E, tendo ouvido a mensagem, cada qual de nós é convidado a levá-la além, para que outros despertem e venham recebê-la diretamente de sua fonte, para melhor senti-la, como água viva que dessedenta a alma em sua longa jornada de evolução em evolução.
       4. Jesus prometeu enviar-nos outro Consolador, o qual ficaria junto de nós, conduzindo-nos a toda a verdade, fazendo-nos recordar das suas sublimes lições de amor, únicas capazes de nos levar à aprovação do atual para o próximo nível do nosso desenvolvimento espiritual. E esse Consolador aí está, consignado nestas vozes que ora nos guiam e nos esclarecem.
       Este é, pois, o verdadeiro caráter da Doutrina e da Ação dos Espíritos, assim como o é da obra acima citada: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Uma luz que se acendeu e não se apagará jamais. ///

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

87. A GÊNESE: UM IMPASSE TEOLÓGICO

       P. Seria o planeta Terra habitado por alguma outra raça humana antes da criação de Adão, primeiro personagem bíblico e, segundo Moisés, a raiz única de toda a Humanidade terrestre? Onde a orientação espírita diverge da Teologia cristã nesse aspecto e que argumentos nos apresenta o Espiritismo em defesa de sua tese da múltipla originalidade dos habitantes do nosso Planeta?

       R. Finalizando este estudo sobre as origens da Humanidade terrena, tendo por base a Gênese de Moisés e as considerações contidas no capítulo XII da Gênese de Allan Kardec, eis a que conclusão chegaremos , se a nossa própria razão assim no-lo permitir:
       {"O que é um impasse para os teólogos, o Espiritismo o explica sem dificuldade e de maneira racional, pela anterioridade da alma à composição do corpo e a pluralidade das existências no plano físico, lei sem a qual tudo é mistério e anomalia na existencialidade do homem. Com efeito, admitamos que Adão e Eva já tinham vivido e tudo se torna justificado: Deus não lhes fala como a crianças, mas como a seres em estágio de compreensão mais avançada e que O compreendem, prova evidente de que têm um conhecimento anterior. Admitamos que viveram num mundo mais adiantado e menos material que o nosso, onde o trabalho do espírito superava o trabalho do corpo; que pela sua rebelião à lei divina (lá plenamente já estabelecida) figurada pela desobediência, hajam sido excluídos e exilados, a título de punição, sobre a Terra, onde, em consequência da natureza do globo, o homem está sujeito a um trabalho corporal (ainda mais tendo que forjar seus próprios instrumentos de uso, no princípio muitos rudimentares), Deus tinha razão de dizer-lhes: - No mundo onde ides viver doravante, 'cultivareis a terra e dela tirareis o vosso alimento, com o suor do vosso rosto'; e à mulher: 'Parireis com dor', porque tal é a condição desse mundo.
       O paraíso terrestre, cujos traços inutilmente se tem procurado sobre a Terra, era, pois, a figura do mundo feliz onde vivera Adão, ou, antes, a raça dos Espíritos dos quais é ele a personificação. A expulsão do paraíso marca o momento em que esses Espíritos vieram se encarnar entre os habitantes deste mundo, e a mudança de situação consequente disto. A figura do anjo armado de uma espada flamejante, que proíbe a entrada no paraíso, simboliza a impossibilidade em que estão os Espíritos dos mundos inferiores (ou que neles estão temporariamente exilados) de penetrar nos mundos superiores, antes de tê-lo merecido por sua depuração moral (item 23).
        Depois da morte de Abel, 'Caim respondeu ao Senhor: Minha iniquidade é muito grande para poder obter o perdão. - Vós me expulsais hoje de cima da terra, e eu irei me esconder de diante da vossa face. Eu serei fugitivo e vagabundo sobre a Terra; portanto, quem quer que me encontre, me matará. - O Senhor lhe respondeu: Não, assim não será; porque quem matar Caim será punido severamente por isso. E o Senhor pôs um sinal sobre Caim, a fim de que aqueles que o encontrassem não o matassem. - Tendo Caim se retirado de diante da face do Senhor, foi vagabundo sobre a Terra, e habitou a região que fica ao oriente do Éden. - E tendo conhecido sua mulher, ela concebeu e pariu Henoch. Ele edificou uma cidade (vaiehi bôné; lit.: estava edificando), a que chamou Henoch (Enochia) do nome de seu filho' (Gênese 4: 13 - 16).
       Se se prender à letra da Gênese, eis a que consequências se chega: Adão e Eva estavam sozinhos no mundo depois de sua expulsão do paraíso; não foi senão posteriormente à sua saída do Éden que tiveram por filhos Caim e Abel. Ora, tendo Caim matado seu irmão Abel e tendo se retirado para uma outra região, não reviu mais seu pai e sua mãe, que ficaram de novo sozinhos; não foi senão muito tempo depois, com a idade de 130 anos, que Adão gerou o terceiro filho, chamado Seth. Segundo a genealogia bíblica, depois do nascimento de Seth, Adão viveu ainda oitocentos anos, e teve filhos e filhas.
       Quando Caim veio se estabelecer no oriente do Éden, não havia, pois, sobre a Terra senão três pessoas: seu pai, sua mãe e ele, solitário de seu lado. Entretanto, ele conheceu uma mulher e teve com esta um filho. Qual poderia ser essa mulher; e onde a pudera tomar para si? O texto hebreu diz: 'ele estava edificando uma cidade', e não ele edificou, o que indica uma ação presente e não uma ulterior; mas uma cidade supõe habitantes, porque não se deve presumir que Caim a fez para ele, sua mulher e seu filho (o que então seria apenas uma casa e não uma cidade), nem a pôde construir sozinho. Infere-se desse relato mesmo que a região para onde se bandeou Caim estava povoada, e que não poderia sê-lo pelos descendentes de Adão, porquanto este ainda não possuía filhos nem filhas, além do próprio Caim.
       A presença de outros habitantes sobre a Terra ressalta igualmente desta palavra de Caim: '... e quem quer que me encontre me matará', e da resposta que Deus lhe deu: '...assim não será; porque se alguém matar Caim será punido severamente por isso'. Ora, por quem poderia ele temer ser encontrado e morto, e para que serviria o sinal que Deus pôs sobre ele com o fim de preservar-lhe a vida, se não deveria encontrar ninguém em seu caminho? Se, pois, havia sobre a Terra outros homens fora da família de Adão, é porque aí estavam antes dele; donde se conclui que Adão não foi nem o primeiro e nem o único pai do gênero humano (item 25).
       Eram necessários os conhecimentos trazidos pelo Espiritismo (juntamente com as revelações da Ciência) a respeito das relações do princípio espiritual e do princípio material; sobre a natureza da alma, sua criação no estado de simplicidade e ignorância, sua união com o corpo, sua marcha progressiva indefinida através das existências corpóreas sucessivas, e através dos mundos, que são outros tantos degraus no caminho ascensional do aperfeiçoamento, sua libertação gradual da influência da matéria pelo uso do livre arbítrio, a causa dos seus pendores bons e maus e de suas aptidões, o fenômeno do nascimento e da morte (naturais), o estado do Espírito na Erraticidade, enfim, para lançar a luz do entendimento sobre todas as partes questionáveis da Gênese.
       Graças a esta luz, o homem sabe doravante de onde vem, para onde vai, por que está na Terra e por que sofre; sabe que o seu futuro (de gozo, de paz, de felicidade, ou de sofrimento, de perturbação, de infelicidade) está em suas mãos, e que a duração de seu cativeiro neste mundo depende dele mesmo.
       A Gênese, saída então da alegoria, estreita e mesquinha, parece-lhe agora grande e digna da majestade, da bondade, da sabedoria e da justiça do Criador" (item 26).}
       Sem mais comentários, fica este material disponível àqueles que realmente desejam raciocinar livremente sobre o tema aqui abordado.
       Caso alguém se interesse por informações mais completas, deixo o convite à leitura integral do livro "A Gênese, Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo", de Allan Kardec. ///

Nota: Este texto é o último desta série, que vai do nº. 81 a 87. A quem não leu os anteriores, recomenda-se lê-los antes deste, para sua maior compreensão do que aqui foi estudado.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

86. A GÊNESE: O CASTIGO PERPÉTUO

       P. Moisés fala do castigo imposto por Deus a Adão e Eva por terem desobedecido sua ordem para que não comessem do fruto da árvore que havia no centro do Éden. O que diz o Espiritismo sobre tal castigo?

       R. Mais uma vez, com "A Gênese" de Allan Kardec, em seu capítulo XII, podemos analisar essa descrição bíblica sob uma ótica diferente da que se costuma fazer nas religiões e crenças tradicionais, conforme a palavra do codificador, que passo a transcrever:
       {"Se a falta de Adão foi literalmente o ter comido uma fruta, incontestavelmente, ela não poderia, por sua natureza pueril, justificar o rigor com que foi ele castigado. Não se poderia, não mais racionalmente, entender que esse erro se relacione  com o fato que se supõe geralmente; de outro modo, considerando-o como um crime irremissível, Deus condenaria a sua própria obra, uma vez que criara o homem para a propagação da própria espécie (por meio de uma lei natural: de reprodução). Se Adão houvesse entendido nesse sentido a proibição de tocar o fruto da árvore e se conformasse com isto, escrupulosamente, onde estaria a Humanidade, e que seria então dos desígnios do Criador?
       Deus não criou Adão e Eva para permanecerem sozinhos sobre a Terra; e a prova disso está nas próprias palavras que lhes dirigiu imediatamente depois de sua criação, quando ainda estavam no Paraíso terrestre: 'Deus os abençoou e disse: Crescei e multiplicai-vos; enchei a Terra e sujeitai-a' (Gên. 1: 28). Uma vez que a multiplicação do homem era uma lei desde o paraíso (e nada faz crer que o próprio Deus criaria novos homens do lodo da terra e de uma costela de cada um deles uma nova mulher), a sua expulsão do jardim não poderia ter por causa o fato suposto.
         O que dá crédito a essa suposição é o sentimento de vergonha de que Adão e Eva foram tomados diante de Deus (a percepção de sua própria nudez), e que os levou a se esconderem. Mas essa mesma vergonha é uma figura por comparação: ela simboliza a confusão que todo culpado sente em presença daquele a quem ofendeu (item 19).
       Qual é, pois, definitivamente, essa falta tão grande que pôde atingir com a reprovação perpétua a todos os  descendentes daquele que a cometeu? Caim, o fratricida, não foi tratado com tanta severidade. Nenhum teólogo pôde defini-la logicamente, porque todos, não desviando os olhos da letra, giraram num círculo vicioso" (item 20).} 
      O pecado de Adão provocou a morte do homem por todas as gerações procedentes; Ora, quando dizem que Jesus foi enviado para livrá-lo da morte, há que se perguntar: por que, então, a morte não foi cancelada desde a sua vinda, pelo menos para os que o aceitaram, já que também se coloca essa aceitação como condição para a salvação humana? Posto que até os salvos diretamente pela mão de Jesus vieram a morrer, e morre-se até hoje, sem que ninguém escape a esta operação da Natureza, então é porque a morte não foi dada ao homem como castigo do pecado original de Adão e Eva, como reza a tradição religiosa.
       {"Hoje entendemos que essa falta não foi um ato isolado, pessoal, de apenas um indivíduo, mas que ela compreende, sob um fato alegórico único, o conjunto das prevaricações das quais tornou-se culpada a humanidade ainda imperfeita da Terra, e que se resumem nestas palavras: infração às leis divinas. Eis porque a falta do primeiro homem, que é o símbolo da Humanidade em seus primeiros passos rumo à evolução coletiva, foi simbolizada, ela mesma, por um ato de desobediência (item 20).
       Dizendo a Adão que ele tiraria o seu alimento da terra com o suor do seu rosto, Deus, simbolicamente, determina ao homem a obrigação do trabalho; mas por que se faz do trabalho uma punição? Que seria da inteligência do homem se ela não se desenvolvesse pelo trabalho? Que seria a terra, se ela não fosse fecundada, transformada, saneada pelo trabalho inteligente do homem?
       (...) Por que Deus disse à mulher que, por causa da falta que ela cometeu, parirá na dor? Como pode a dor do parto ser um castigo divino, posto estar comprovado fisiologicamente ser ela necessária? (Isto, bem compreendido, no parto normal, natural). Como uma coisa que está segundo as leis da Natureza pode ser uma punição? É o que os teólogos não puderam ainda explicar, e o que não poderão fazê-lo enquanto não saírem do ponto de vista em que se colocaram; e, entretanto, essas palavras aparentemente contraditórias, podem ser justificadas" (item 21).}
       Tanto o suor do rosto de Adão, quanto o parto com dor de Eva, são emblemas das condições da Terra para aquelas almas que migraram de uma esfera mais adiantada, onde já não se necessitava da força braçal para o cultivo do alimento e onde a tecnologia eximia da parturiente a dor do parto normal, tal como ocorre no atual estágio da Terra, cada vez mais intelectualizada e tecnologicamente avançada.
       {"Notemos, primeiro, que se, no momento da criação de Adão e Eva, suas almas fossem tiradas do nada, como se ensina, deveriam ser noviças e ignorantes de todas as coisas; não deveriam saber o que é morrer. Uma vez que estavam a sós na Terra, enquanto viveram no paraíso terrestre, não viram ninguém morrer; como, pois, compreenderiam a ameaça de morte que Deus lhes fazia? Como Eva poderia compreender que parir na dor seria uma punição, uma vez que, recém criada para a vida, nunca ainda tivera filhos, e que era a única mulher no mundo? As palavras de Deus, portanto, não poderiam ter para eles nenhum sentido. Tirados do nada, como por encanto, não deveriam saber nem porquê e nem como dele saíram; não deveriam compreender nem o Criador e nem o objetivo da proibição que lhes fazia. Sem nenhuma experiência das condições de vida, como crianças que agem sem discernimento, pecaram, e isto torna mais incompreensível ainda a terrível responsabilidade que Deus fez pesar sobre eles e sobre toda a sua descendência, a saber: a Humanidade inteira" (item 22).}
       Temos aqui, pois, mais um bom motivo para não nos prendermos mais à letra morta, buscando o espírito que vivifica, no que está registrado nas Escrituras, racionalizando sobre o sentido alegórico das palavras, para daí tirarmos o verdadeiro sentido das advertências que nos vêm do Alto, para a nossa evolução espiritual, que é o que realmente deve nos importar. ///

Nota: Este texto é uma sequência dos textos de nºs. 81, 82, 83, 84 e 85, seus precedentes.

domingo, 1 de dezembro de 2013

85. A GÊNESE: OS ANJOS DECAÍDOS

       P. O que dizer dos anjos decaídos e da unicidade de filiação de todas as raças humanas, antes e pós dilúvio global?

       R. Allan Kardec, em A GÊNESE SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo XII, traz-nos informações interessantes sobre o que ele chama "raça adâmica", partindo de uma interpretação sobre a doutrina dos anjos decaídos, doutrina esta defendida pela tradicionalidade religiosa segundo a letra com que Moisés a apresentou. Vejamos como o codificador do Espiritismo explica os acontecimentos que deram origem a essa doutrina e, em consequência, à tese da raça adâmica:
       {"Os  mundos progridem fisicamente pela elaboração da matéria de que são formados, e espiritualmente pela depuração dos Espíritos que os habitam. (Abro este parêntese para anotar que aqui já fica bem clara a aceitação de Kardec à tese da pluralidade de mundos habitados por seres inteligentes). Neles, a felicidade está em razão da predominância do bem sobre o mal, e a predominância do bem é o resultado do avanço moral dos Espíritos. O progresso intelectual não basta, uma vez que com a inteligência pode-se igualmente fazer o mal.
       Então, quando um mundo chega a um de seus períodos de transformação, que deve fazê-lo subir na hierarquia, mutações se operam na sua população encarnada e desencarnada; é então que ocorrem as grandes emigrações ou imigrações de Espíritos (item 43).
       Segundo o ensino dos Espíritos, foi numa dessas grandes imigrações, ou, uma dessas colônias de Espíritos, vindos de outra esfera, que deram nascimento à raça simbolizada na pessoa de Adão, e por isto chamada raça adâmica. Quando ela aqui chegou, a Terra estava povoada desde tempos imemoriais, tal como a América, quando da chegada dos Europeus.
       A raça adâmica, mais avançada do que as que a precederam sobre a Terra, era, com efeito mais inteligente; foi ela que levou as demais ao progresso. A Gênese no-la mostra, desde seus princípios, industriosa, apta para as artes e para as ciências, sem passar pela infância intelectual, o que não é o próprio das raças primitivas, mas o que concorda com a opinião de que se compunha de Espíritos cujo progresso já se consolidara. Tudo indica que ela não era antiga sobre a Terra, e nada se opõe a que não esteja aqui senão há alguns milhares de anos, o que não estaria em contradição nem com os fatos geológicos, nem com as observações antropológicas, e, ao contrário, tenderia a confirmá-las (item 38).
       A doutrina que fez todo o gênero humano proceder de uma única individualidade, há cerca de seis mil anos, não é mais admissível no estado atual dos conhecimentos. As principais considerações que a contradizem, tiradas da ordem física e da ordem moral, resumem-se nos seguintes pontos:
       Do ponto de vista psicológico, certas raças apresentam tipos característicos particulares, que não permitem assinalar-lhes uma origem comum. Há diferenças que, evidentemente, não são o efeito do clima, uma vez que os brancos que se reproduzem no país dos negros não se tornam negros, e reciprocamente. O ardor do sol tosta e amorena a epiderme, mas nunca transformou um branco em negro, achatou o nariz, mudou a forma dos traços da fisionomia, nem tornou encarapinhados e lanudos os cabelos longos e macios. Sabe-se hoje que a cor do negro provém de um tecido particular, subcutâneo, que se liga à espécie.
       É necessário considerar as raças negras, mongólicas,, calcásicas, como tendo a sua origem própria e nascidas simultânea ou sucessivamente, sobre diferentes partes do globo; seu cruzamento produziu as raças mistas secundárias. Os caracteres fisiológicos das raças primárias são o indício evidente de que elas provieram de tipos especiais. As mesmas considerações servem tanto para os homens como para os animais, quanto à pluralidade de estirpes (item 39).
       A impossibilidade da descendência única de toda a Humanidade se torna ainda mais evidente quando se admite, com a Gênese bíblica, que o dilúvio destruiu todo o gênero humano, com exceção de NOÉ e sua família, que não era numerosa, no ano de 1656, seja 2.348 anos antes da Era Cristã. Não seria, pois, em realidade, que de Noé dataria o povoamento do globo; ora, quando os Hebreus se estabeleceram no Egito, 612 anos depois do dilúvio, este já era um poderoso império, e que teria sido povoado em menos seis séculos, sem falar de outros países, só pelos descendentes de Noé, é hipótese completamente inadmissível. Notemos, de passagem, que os Egípcios acolheram os Hebreus como estrangeiros; seria, pois, de espantar que tivessem perdido a lembrança de uma origem comum tão próxima, tanto que conservavam religiosamente os monumentos de sua história" (item 42).}
       Por que, então, Teria Moisés aludido aos anjos decaídos? Depreende-se do acima exposto, que os Espíritos, vindos de outra esfera distante da Terra, por seu desenvolvimento alcançado na intelectualidade, mas por haverem sido banidos de seu Planeta de origem dada a sua renitência no mal, ou na inferioridade moral, são justamente um emblema da angelitude, a que se destinavam, temporariamente cancelada, para aqui, com o suor do rosto e o sofrimento das dificuldades relativas ao nosso Orbe, refazerem a caminhada espiritual, em busca da própria regeneração. ///

Nota: Este texto é complementar aos 4 anteriores (nºs. 81, 82, 83, 84). Para acessar os 3 primeiros, clique sobre o mês de novembro, na lista de textos publicados.
       

84. A GÊNESE: O PECADO ORIGINAL

       P. O que tem o Espiritismo a dizer sobre o pecado original, que fez com que Adão e Eva fossem expulsos do Paraíso?

       R. Ainda no capítulo XII de "A GÊNESE SEGUNDO O ESPIRITISMO", Allan Kardec tece em torno dessa questão crucial da Gênese bíblica as seguintes considerações:
       {"O fruto da árvore (aquele que Deus proibiu que o homem dele comesse) representa o objeto dos desejos materiais do homem e a simbologia da cobiça e da concupiscência; resume, sob a mesma figura, os motivos de arrastamento ao mal; comer desse fruto é sucumbir à tentação. Ele está no meio do jardim das delícias para mostrar que a sedução está no próprio seio dos prazeres, e lembrar que, se o homem dá preferência aos gozos materiais, prende-se à Terra e afasta-se de sua destinação espiritual.
       A morte, de que o homem é ameaçado, caso transgrida a regra proibitiva que lhe é imposta, é uma advertência das consequências inevitáveis, físicas e morais, a que o arrastará a violação das leis divinas, gravadas por Deus em sua consciência. Fica muito evidente aqui que não se trata da morte corpórea, uma vez que depois de sua falta Adão viveu ainda por muito tempo, e sim da morte espiritual, ou seja, da perda dos bens que resultam da pureza moral, perda da qual a sua expulsão do jardim das delícias é a imagem" (item 16).
       A serpente está longe de passar hoje pelo tipo da astúcia a que a remete o texto mosaico; está, pois, aqui, antes com relação à perfídia dos maus conselhos, que deslizam como uma serpente. Aliás, se a serpente (animal), por ter enganado a mulher, foi condenada (desde então) a rastejar sobre o próprio ventre, isso queria dizer que antes tinha pernas e, então, não poderia ser uma serpente no sentido literal.
       É necessário notar que a palavra hebraica 'nâhâsch' traduzida pela palavra 'serpente' tem antes os significados de 'encantado', 'encantador', 'adivinho', 'fazer encantamentos', 'adivinhar as coisas ocultas'. É com esta acepção que se encontra na Gênese (cap. 64 v. 5 a 15), a propósito da taça que José fez esconder no saco de Benjamin: 'A taça que furtastes é aquela na qual meu senhor bebe, e da qual se serve para adivinhar (nâhâsch).  Ignorais que não há quem me iguale na ciência de adivinhar (nâhâsch)?'  -  No livro de Números (cap. 23 v. 23): 'Não há encantamentos (nâhâsch) em Jacó, nem em Israel'. 
       Por conseguinte, a palavra 'nâhâsch' tomou também o significado de serpente, alusão feita ao réptil de que os encantadores se serviam em seus encantamentos.
       Não foi senão na versão dos Setenta - que, segundo Hutcheson, corromperam o texto hebreu em muitos lugares - escrita no segundo século antes da era cristã, em grego, que a palavra 'nâhâsch' foi traduzida por serpente. As inexatidões dessa versão prendem-se, sem dúvida, às modificações sofridas pela língua hebraica nesse intervalo; porque o hebreu do tempo de Moisés era então uma língua morta, que diferia do hebreu vulgar, tanto quanto o grego antigo e o árabe literário diferem do grego e do árabe modernos.
       É, pois, provável que Moisés entendesse o desejo indiscreto de conhecer as coisas ocultas pelo espírito de adivinhação por sedutor da mulher, o que está de acordo com o sentido primitivo da palavra 'nâhâsch': adivinho. Não se pode esquecer, por outro lado, que Moisés queria proscrever, de entre os Hebreus, a arte de adivinhação, em uso entre os Egípcios, como o prova a sua proibição de interrogarem-se os mortos e o Espírito de Python" (item 17).}
       E assim fechamos mais um breve capítulo do nosso estudo, que terá continuidade ainda por alguns dos próximo textos, ensejando-nos mais uma grande oportunidade de aprofundarmos o raciocínio lógico sobre a mera aceitação da letra confusa, alegórica, dos Escritos ditos sagrados, imposta como verdade dogmática aos crentes da tradicionalidade cristã. ///

Nota: Este texto é continuação dos 3 anteriores, de nºs. 81, 82 e 83. Para acessá-los, clique sobre o mês de novembro, na lista de publicações.