terça-feira, 23 de abril de 2013

45. A IDADE DOS PORQUÊS

        P. Por que???...    

       R. Quem já acompanhou o crescimento de uma criancinha, sabe que ainda no período mais tenro do seu desenvolvimento físico ela passa por uma fase caracterizada por perguntas que se sucedem, dirigidas por ela aos pais ou cuidadores. Que é? Como é? Por que é? Estas são as três principais questões levantadas pela curiosidade dos pequeninos, que se satisfazem com respostas simples, nada muito explicativas.
     Após um período de trégua, em que a criança se detém em seus próprios sentidos e suas fantasias sobre o mundo que a cerca, um pouco mais crescida, volta à carga, formulando agora perguntas mais objetivas, que exigem respostas mais concretas. E é diante dessas respostas, que nem sempre a satisfazem plenamente, que ela insiste nas redundâncias do seu questionamento. É chegada a famosa idade dos porquês. Por que isto acontece? Por que tem que ser assim? Por que?... Por que... Por que?...
     Na Humanidade terrestre, o "Adão" (segundo A GÊNESE, de Allan Kardec, Capítulo XII, item 16, "a palavra hebraica HAADAM não é um nome próprio, mas significa o homem em geral"), ou seja, o ser humano, habitante do planeta Terra, estaria na idade espiritual das descobertas do seu eu, em que tenta desvendar todos os mistérios que até então cercaram a sua frágil infância existencial. Nascia, então, a Filosofia, que logo mais iria atritar-se com a Religião, que tudo explicava a seu modo. Este atrito ocorre porque a Religião responde com seus dogmas, nem sempre satisfatórios, mas impostos à conta de verdades irrefutáveis, enquanto a Filosofia torna-se cada vez mais insistente na sua busca por explicações lógicas e convincentes acerca de todos os fatos, refutando-as, sim, enquanto não satisfaçam plenamente.
     Passadas, no entanto, as duas fases infantis de questionamentos, tem o ser humano, ainda, a sua adolescência, outro momento especial em que se fazem perguntas mais bem elaboradas e também se exigem respostas mais claras e precisas. À semelhança do desenvolvimento físico de uma pessoa, ocorre com a Humanidade um amadurecimento espiritual, mediante o qual o homem busca novas respostas às suas indagações mais complexas. Neste ponto a Filosofia bate de frente ou funde-se com a Religião, tentando encontrar as verdadeiras razões da existência humana.
     Começam, então, a pipocar indagações mais sérias, tais como: Por que eu existo? Por que sou o que sou? Por que estou aqui e agora, neste espaço e neste tempo e não em outro tempo e noutro espaço? Por que acontece o que acontece comigo, diferentemente do que acontece com o outro? Por que eu nasci e por que eu tenho que morrer? De onde vim e para onde vou? Qual o meu verdadeiro papel no contexto do Universo, que se perde à minha vista e se estenderá para muito, muito além do meu tempo?
     A Religião continua apegada às suas primeiras letras, querendo convencer a Filosofia de que há mistérios que não poderão jamais ser desvendados, para que não se desmoronem os alicerces sobre os quais ela está firmada e não venha ela a ruir desastrosamente. Não podemos ultrapassar os limites da sabedoria teológica, que sempre nos guiou, diz ela, para não adentrarmos em zona de confusão, onde o monstro terrível da dúvida por certo nos há de devorar as entranhas.
     Sem se dar por vencida, no entanto, a Filosofia avança, aliando-se agora à Ciência, segmento de caráter puramente investigativo, que só carimba como uma verdade o que consegue provar pelas circunstâncias irrecusáveis e após longas pesquisas e análises do seu teor e da sua aplicatividade.
     Surge, assim, nesse momento mais delicado, o Espiritismo,como a filosofia que investiga cientificamente o Espírito, a alma, o cerne da existência humana.
     Não obstante os seus efeitos morais positivos, a nova Doutrina filosófico-científica é repudiada pela Religião tradicional, tendo que seguir os seus próprios passos, à margem desta, conservando, porém, o seu cuidado com o bem estar da alma, objetivo final, aliás, de toda  religiosidade implantada pelo homem  para o homem.
     Ante o ferrenho combate desfechado pelas religiões conservadoras contra o seu surgimento e a sua evolução no cenário mundial, o Espiritismo ufanou-se de permitir, facilitar e incentivar os seus seguidores a questionarem sempre e sem medo. Nele, toda e qualquer pergunta obtém uma resposta, que ainda pode ser questionada, a seu turno, uma vez que todas as informações e descobertas devem passar pelos crivos da razão, da lógica e do bom senso, antes de serem admitidas com verdadeiras.
     Eis o porquê de o Espiritismo estar ganhando, a cada dia, novos adeptos, e sem propagandear milagres ou vantagens imediatas no campo da saúde e do sucesso material, muito menos ainda no campo financeiro. Antes, ao contrário, prega a consciência e a responsabilidade de cada seguidor seu, em especial de cada trabalhador da sua seara, o que basta para afugentar os inaptos. ///


sexta-feira, 19 de abril de 2013

44. SER OU NÃO SER RELIGIÃO

         P. Afinal, o Espiritismo é ou não é uma religião?

       R. Os próprios espíritas dividem entre si opiniões divergentes. Uns acham que o Espiritismo deve ser entendido como religião. Mas os que assim o veem vão logo dizendo tratar-se de uma religião sem dogmas, sem cultos exteriores, sem rituais e sem hierarquia sacerdotal, eximindo-o, pois, de qualquer similitude com as religiões tradicionais. É uma religião de foro íntimo, que está alojada na consciência daqueles que se dignam a seguir os seus preceitos racionais e, por isto mesmo, libertadores. Outros, porém, anunciam-no como uma filosofia, com bases científicas e consequências morais.
      Longe de sequer pronunciarem a palavra "religião", estes últimos consideram pieguice a ênfase dada à caridade e à prece, tendo em vista que uma é apenas o cumprimento de um dever ético-social, enquanto a outra seria uma manifestação de busca pela proteção divina ou de gratidão pela certeza da mesma, dispensável àqueles que hajam bem cumprido esse dever, já por isto mesmo garantindo a simpatia dos Espíritos superiores, que lhes não negarão sua assistência e amparo, sempre que necessitem.
     Discordâncias à parte, busquemos entender e interpretar com tranquilidade e isenção de ânimo as seguintes palavras do codificador:
     "Em resumo, a Igreja, repelindo sistematicamente os espíritas que a buscavam, forçou-os a retroceder; pela natureza e violência dos seus ataques, ela ampliou a discussão e conduziu a um terreno novo. O Espiritismo era apenas uma simples doutrina filosófica; foi a Igreja quem lhe deu maiores proporções, apresentando-o como inimigo formidável: foi ela, enfim, quem o proclamou uma nova religião" - Allan Kardec (O Que é o Espiritismo - 1ª edição de bolso, p. 141 - FEB, 2006).
     Por estas palavras é possível entender que, se a Igreja (Católica) não houvera combatido a filosofia espírita, em seu nascedouro, poderia, na sequência, haver católicos e protestantes espíritas, como hoje há umbandistas espíritas e também católicos, evangélicos e espíritas maçons. Dá para entender isto?
     Somente mais tarde, com o lançamento de O Evangelho Segundo o Espiritismo, é que o movimento espírita passou a ter de fato um caráter religioso, dado o seu conteúdo altamente moralizante e a consolidação da sua doutrina como essencialmente cristã. Como se sabe, a realização e o aperfeiçoamento moral do homem é, ou deveria ser, o foco central de qualquer religião que se preze.
     Enfim, dentro do movimento espírita, aquele que quiser praticar o Espiritismo como religião não está impedido de fazê-lo, assim como o que não desejar fazê-lo não será desprezado por isto.
     Na verdade, não se pode dissociar uma religião de uma filosofia, mesmo que nessa religião haja uma predominância ritualística, em detrimento de uma filosofia pueril e superficial.
     No caso específico do Espiritismo, o aspecto filosófico é de vital importância. Quanto à moral religiosa, é, desse aspecto, um mero e inevitável resultado. Ser ou não ser considerada uma religião, portanto, para a própria Doutrina Espírita, é o que há de somenos importância. Muito mais valiosos do que essa simples classificação, que querem impor, uns, ao contrário de outros, que não aceitam dizê-la do Espiritismo, são os seus preceitos lógicos e racionais, estes sim, devendo interessar a todos, uniformemente. ///

quarta-feira, 17 de abril de 2013

43. QUEM SOU EU

         P. Quem sou eu?

         R. Transcorria como de hábito a nossa reunião do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), 3º. ciclo, correspondente ao Estudo Teórico da Mediunidade, facilitado pelos companheiros Cesar Volkof e Ângela Schroder, nas dependências do Centro de Estudos Espíritas Francisco de Assis (CEEFA).
     Tratávamos do abrangente tema "Perfeição Moral", do capítulo XII, 3ª parte de O Livro dos Espíritos, compreendendo cinco itens de relevante interesse para a nossa reflexão, sob os seguintes subtítulos: 1. As virtudes e os vícios - 2. Das paixões - 3. Do egoísmo - 4. Caracteres do homem de bem - 5. Conhecimento de si mesmo.
     Após dar por concluída esta pauta, que fora distribuída para ser analisada e comentada por cinco sub-grupos, entre os integrantes da sala, a nossa facilitadora Ângela, que prefere ser classificada como "dificultadora", solicitou a um dos companheiros que fizesse a leitura em voz alta do item 3 do capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que tem por título principal "Sede Perfeitos" e, como subtítulo: "O homem de bem".
     Terminada a leitura deste item, a coordenadora, após breve comentário seu, no qual exaltou a fórmula atribuída ao grande filósofo Sócrates e bem lembrada pelo codificador Allan Kardec, "Conhece-te a ti mesmo", levantou-se de seu lugar, dirigiu-se ao quadro negro existente em uma das paredes da sala, tomou às mãos um pedaço de giz e escreveu a seguinte pergunta: "QUEM SOU EU?" Pediu que a lêssemos; depois apagou as luzes, e, em meio à penumbra que se fez no recinto, solicitou que buscássemos, cada um dos presentes, responder, de si para consigo mesmo, a esta pergunta, com a sinceridade possível.
     Repetiu-a, algumas vezes, com uma intonação de voz serena e bem audível, para que pudéssemos firmar a questão em nossas mentes. E o silêncio se fez por alguns preciosos minutos, enquanto cada qual reflexionava sobre o seu próprio ser, conforme sugeria a pergunta.
     De minha parte, confesso que tentei responder à indagação que ecoava, repetitiva e silenciosamente, em meu âmago, a qual me havia pego de surpresa. Não o consegui, mesmo após todas as tentativas.
     Se alguém se dirigisse a mim e me indagasse: "Quem tu és?"... certamente desfilaria uma série de características pessoais, de gostos, de preferências, de qualidades, algumas virtudes e mesmo alguns defeitos. Logo essa pessoa teria reunido alguns dados a meu respeito, ante os quais poderia dizer que já me conhecia, pelo menos superficialmente. É claro que eu poria em evidência alguns aspectos de minha personalidade, ocultando outros, conforme o interesse demonstrado pelo perquiridor e a minha própria disposição em expor-me à sua avaliação.
     Contudo, a tarefa proposta, de expor-me perante a minha própria consciência, de abrir-me para mim  mesmo, de responder-me sobre mim, de perscrutar-me intimamente e, afinal, conhecer-me a mim mesmo, soou-me das mais difíceis, senão impossíveis, de serem realizadas satisfatoriamente.
     O resultado disto é que, desse dia em diante, não parei mais de me perguntar: Quem sou eu? Em cada coisa que faço, em cada atitude ou decisão que tomo, em cada informação pessoal que lanço a alguém que ma solicite, em cada dúvida que me assalta, se agi certo ou errado, neste ou naquele evento cotidiano, em cada pensamento, em cada ação ou reação, refaço a mim mesmo a pergunta: Quem sou eu?Algumas vezes a reformulo com outras palavras, como: Isto sou eu? ou, É assim que eu sou?
     O fato é que esta pergunta: "Quem sou eu?", mais do que qualquer livro ou mensagem que já li e que por certo ainda hei de ler, doravante estará incentivando-me a, pelo menos, querer conhecer-me de verdade.                       Acredito que, embora distante de qualquer êxito neste sentido, já é um começo, um primeiro passo, talvez, no longo caminho que me levará um dia à perfeição moral, relativa, certamente, ao estágio de lutas interiores em que nos encontramos neste planeta de mediana evolução.
     Oxalá, no limiar do retorno à Pátria Espiritual, possa eu olhar-me de frente e, finalmente, poder dizer, sorrindo, contente e tranquilo, aos amigos que porventura me estejam esperando: Eis-me aqui! Este sou eu... /// 

domingo, 14 de abril de 2013

42. O DEUS VERDADEIRO

       P. A que Deus, afinal, adoram os espíritas?

      R. É muito comum pessoas de variadas denominações religiosas e filosóficas dizerem: - "O meu Deus é o Deus verdadeiro", ou - "Nós adoramos ao Deus Verdadeiro", e, ainda: - "O nosso Deus é Poderoso". E falam isto com a maior convicção.
      Seria algo muito positivo, não fosse o fato negativo de que, ao assim expressarem sua crença, insinuam claramente que o Deus adorado pelas outras pessoas, cujas crenças diferem da sua em alguns aspectos, é Falso. Então, quando se trata de medir o poder, o único Deus poderoso mesmo é o seu Deus. É como se o Deus dos outros não fosse o mesmo Deus da sua religião.
    Não é que as religiões dos outros não pertençam ao mesmo Deus verdadeiro, mas é que o Deus Verdadeiro pertence exclusivamente à sua religião. Aqui é que está o maior equívoco.
       Alguns dirão: - Não, não é bem assim! Mas, na prática, é bem assim, sim. É o que se depreende de tais afirmativas. A entonação da voz e a expressão facial ou corporal (gestual) geralmente o denunciam. Até mesmo quando feitas por escrito, expressões físicas ausentes, percebe-se nessas afirmações um quê de orgulho e de dominação, bem ao estilo dos antigos chefes hebreus, retratado na Bíblia nas palavras dos profetas e dos apóstolos. Interessante é que Jesus, a figura central de todas as religiões cristãs, nunca se refere a um Deus verdadeiro. Ele fala apenas de Deus, dizendo-O o Pai, o Criador, Aquele que o enviou. A sua mensagem é simples e direta. Não ficava lá competindo com os gentios, samaritanos e estrangeiros em geral, nem mesmo com os sacerdotes arraigados às tradições, sobre qual o Deus de maior poder, ou qual o verdadeiro, se O que o enviou, ou qualquer "outro" Deus de então. Aliás, Jesus nunca cogitou, em suas prédicas, da possibilidade sequer de existirem outros deuses, além de Deus. Nem ele mesmo, Jesus, ousou ser igual a Deus, muito menos o próprio Deus, como muitos crentes insistem em pregar com veemência.               Deus é o nosso Criador, e ponto final. Então, pra que isso, minha gente? No Espiritismo não tem nada disso, não. Deus é um só e não é desta ou daquela religião especificamente.
       Na questão nº 1 de O Livro dos Espíritos, Kardec não pergunta e nem os Espíritos respondem "quem é Deus", mas "QUE É DEUS". E a definição é simples e sucinta: "DEUS É A INTELIGÊNCIA SUPREMA, CAUSA PRIMÁRIA DE TODAS AS COISAS".
    O Espiritismo não disputa um Deus diferente do Deus católico, do Deus evangélico, do Deus da Umbanda, do Deus budista, do Deus islâmico, do Deus hinduísta, ou do Deus de qualquer outra denominação. Aliás, os espíritas não "têm" um Deus. Eles simplesmente creem em Deus; melhor dizendo: creem na existência de um Ser Espiritual Suprema, Origem de Tudo o que há no Universo Infinito, a que dão-se vários nomes, sendo o mais popular deles para nós, ocidentais, DEUS. É bom até que se diga que o Centro Espírita não é um templo de adoração a Deus. É um local de estudos. Porque Deus "quer", se é que "quer", ser adorado em espírito e verdade, isto é, com o puro sentimento de amor ao próximo e a toda a Sua criação, com a devida prática nas ações cotidianas. Tudo mais é supérfluo, por tratar-se de mera formalidade, culto exterior, que nada nos acresce.
       Se você é desses que dizem: "O meu Deus é maior... o meu Deus é o Deus verdadeiro", desculpe, caro amigo, mas você ainda não aprendeu nada sobre o nosso Criador, o Criador do Universo, do qual somos um minúsculo grãozinho de areia fina.
     Entenda isto: Deus não é propriedade de ninguém e de nenhum segmento religioso ; nós, sim, sem exceção, somos Sua propriedade, porque somos Suas criaturas, seus filhos amados. Ninguém escapa disto. Ninguém mesmo. ///

sexta-feira, 12 de abril de 2013

41. INFÂNCIA E JUVENTUDE ESPÍRITAS


       P. Como são tratados os adolescentes e as crianças nos centros espíritas? Existe para eles algum tipo de ensinamento específico?

       R. Não deixa de ser curioso o fato de uma Instituição doutrinária que é classificada por determinados outros segmentos religiosos como demoníaca prestar-se ao serviço de evangelização da infância e da juventude, no contexto de suas atividades rotineiras.
       Evangelizar significa ensinar, orientar, instruir dentro dos princípios evangélicos, ou seja, transmitir as lições ou os preceitos do Evangelho.
       Em quase todos os Centros Espíritas há um departamento específico que cuida da evangelização infanto-juvenil.
       Em todas as religiões - Igrejas, sociedades, instituições - cristãs, e no Espiritismo não é diferente, o único Evangelho reconhecido por todos e em sua totalidade é o Evangelho de Jesus - o Cristo de Deus.
       Há quem pense, equivocadamente, que "O Evangelho Segundo o Espiritismo", da autoria de Allan Kardec, seja uma espécie de "evangelho espírita/evangelho dos espíritos", ou "evangelho de Allan Kardec". Não é nada disso. Trata-se apenas de um livro, de utilidade didática, contendo um estudo aprofundado dos princípios morais do Evangelho de Jesus, como o próprio título já o diz, "segundo o Espiritismo", o que equivale a dizer: "de acordo", ou "em conformidade" com o Espiritismo. E são esses princípios morais do Evangelho do Cristo, à luz dos novos conhecimentos revelados pelos Espíritos, adaptados ao entendimento parcial correspondente às faixas etárias infantis e juvenis, os que são ministrados nas aulas de evangelização da infância e da juventude espíritas.
       Se alguém ainda tem dúvidas, é só ir a qualquer Centro Espírita (quase todos) que possua esse departamento e conferir.
       De uma coisa podem os espíritas ufanar-se: é a de praticarem uma doutrina aberta, límpida e transparente, que nada tem a ocultar ou de que se envergonhar. Não fosse assim e, de há muito, essa Doutrina já teria sido considerada nociva para a formação moral das crianças e jovens pelos órgãos governamentais competentes. Antes, porém, o Movimento Espírita tem-se destacado e recebido por parte de diversas Autoridades constituídas, pelo Brasil e pelo mundo afora, honrosas manifestações de apreço, de distinção e de gratidão até, pelo trabalho incansavelmente realizado em prol da educação dessa parcela relevante da sociedade humana, que se compõe de crianças, adolescentes e jovens, para a cidadania, com resultados muito positivos, porquanto tem formado um número expressivo de verdadeiros homens de bem e de paz, explicitamente úteis à sociedade como um todo.
       Aos que fazem a crítica pela crítica ao Espiritismo, sem conhecimento do seu verdadeiro caráter e dimensão social, convido a analisarem este dado e a reflexionarem sobre o que acabo de comentar, para, se ainda assim não se contentarem, pelo menos procurarem embasar melhor suas críticas. ///
   
 






40. TESTEMUNHAS CONTRA O ESPIRITISMO

       P. O que têm as Testemunhas de Jeová contra o Espiritismo, que às vezes não querem nem manter amizade com os espíritas?

       R. Tenho alguns amigos muito queridos que são testemunhas de Jeová. Estes sabem que sou espírita, mas demonstram-se, em toda oportunidade de conversação, muito respeitosos e cordiais para comigo, ao que correspondo naturalmente, com absoluta reciprocidade.
     De outra parte, porém, alguns seguidores dessa filosofia e instituição religiosa já se esquivaram de continuar mantendo amizade, ao concluírem que seria inútil prosseguir tentando converter-me às verdades bíblicas esposadas por eles.
       Quero aqui compartilhar com os leitores deste blog o que a Instituição Testemunhas de Jeová prega aos seus adeptos sobre o Espiritismo, até para que possam compreender, caso também já tenham passado, ou venham a passar por este tipo de experiência.
     Transcrevo, a seguir, parte do texto de três páginas dedicado à propaganda negativa contra o Espiritismo, que encontrei no livro "O Que a Bíblia Realmente Ensina?", da Associação Torre de Vigia, editora oficial dos livros e revistas das "TJ" no Brasil:
"[...] De fato, com a ajuda dos demônios, Satanás 'está desencaminhando toda a terra habitada' (Revelação 12:9; 1João 5:19). Como? Os demônios usam, em especial, métodos que visam enganar as pessoas (2Coríntios 2:11). Vejamos alguns desses métodos.
Para desencaminhar as pessoas, os demônios usam o espiritismo. A prática do espiritismo envolve contato com os demônios, tanto de modo direto como por meio de um médium, ou intermediário, humano. A Bíblia condena o espiritismo e nos alerta que evitemos qualquer coisa relacionada com ele (Gálatas 5:19-21). Os demônios usam o espiritismo assim como os pescadores usam a isca. O pescador usa diferentes iscas para pegar diferentes tipos de peixe. Do mesmo modo, os espíritos maus usam diferentes formas de espiritismo para trazer todo tipo de pessoas sob sua influência.
Um tipo de isca que os demônios usam é a adivinhação, uma tentativa de saber alguma coisa a respeito do futuro ou de algo desconhecido. Existem várias formas de adivinhação, tais como astrologia, uso de cartas de tarô ou de bolas de cristal, quiromancia e busca de presságios, ou sinais misteriosos nos sonhos.
[...] Outro modo de os demônios desencaminhar as pessoas é por incentivá-los a consultar os mortos. Pessoas que choram a perda de um ente querido muitas vezes são enganadas com ideias falsas a respeito dos mortos. [...] Com isso, muitos se convencem de que os mortos estão de fato vivos e que contatá-los ajudará os vivos a suportar a tristeza. Mas qualquer 'consolo' desse tipo é realmente falso, além de perigoso. Por que? Porque os demônios podem imitar a voz de uma pessoa morta e dar a um médium espírita informações a respeito dela (1Samuel 28:3-19). Além do mais, os mortos deixam de existir (Salmo 115:17). Assim, quem consulta os mortos é enganado pelos espíritos maus e age contrário à vontade de Deus (Deuterenômio 18:10-11). Portanto, esteja determinado a rejeitar essa perigosa isca usada pelos demônios.
[...] Pessoas que desejam servir a Jeová (Deus) precisam livrar-se de todas as coisas ligadas ao espiritismo. Isto inclui livros, revistas, filmes, pôsteres e músicas que incentivem a prática do espiritismo" (páginas 100-103 do citado livro).
       Para quem já conhece o Espiritismo, nada mais preciso acrescentar ou explicar. Para os que ainda não sabem o suficiente, só tenho a dizer que nenhuma dessas práticas aí mencionadas tem a ver com o Espiritismo. Estão misturando alhos com bugalhos.
      A intenção é clara: colocar nas pessoas o medo até de falar com os espíritas, de conviver amistosamente com eles, dado o receio de estarem falando e convivendo com endemoninhados.  Quem sabe até falando com os próprios espíritos maus camuflados em cidadãos comuns, seus intermediários. Além disso, dá para entender ainda que dirigir a palavra a um espírita, numa boa, pode desagradar a Jeová (Deus).
    Quero dedicar este texto a duas joias preciosíssimas: nossa amiga Mercedes e meu cliente e amigo Vanderson, ambos testemunhas de Jeová, residentes nas proximidades de nossa moradia e local de trabalho, aqui em Curitiba. São pessoas realmente maravilhosas, com quem temos o prazer de conversar muitas vezes e a quem abraçamos com muito carinho, com verdadeiro afeto de irmãos.
      Que os Bons Espíritos, em nome de Jesus, os acompanhem, abençoem e protejam sempre. ///

39. MORTE PREMATURA

       P. Que diz o Espiritismo sobre a morte prematura? Estará ela sempre na programação dos que a sofrem?

        R. Nenhuma religião ou filosofia do mundo ocidental estuda, tão abertamente e com tanta minudência, a problemática de morte, quanto o Espiritismo, vendo na morte do corpo a emancipação do espírito, a sua transmutação apenas para outra dimensão da vida, que se lhe apresenta infinita.
       Estudando do Espírito e das pessoas as reações ante o evento da morte e evocando, em suas análises sobre o tema, os possíveis motivos de tantas vezes que este ocorre aparentemente, ou verdadeiramente de forma prematura, no cenário deste mundo, não há como deixar de observar-lhes as causas, espontâneas, umas, provocadas, outras, inesperadas e inevitáveis, algumas vezes, inexplicáveis ou incompreensíveis, outras tantas.
       Perder um familiar querido prematuramente, seja de que forma for, ainda que se creia na continuidade da vida e em que essa separação seja apenas temporária, não é tarefa fácil para ninguém. É uma das vias mais dolorosas, dentre as que são dadas ao homem percorrer neste mundo-escola. Saber que essa perda ocorreu pela ação criminosa ou irresponsável de outrem, ou, pela negligência em termos de saúde ou de segurança da própria pessoa desaparecida, só redobra o sofrimento de quem a amava tanto e agora se priva de sua companhia, por tempo indeterminado.
       Ora, se, como assegura o Evangelho, "não cai uma folha de árvore, um fio de cabelo, um pássaro, ao chão, sem que isto seja da permissão divina", a pergunta que não cala é: Tais mortes estão nos planos de Deus? Ocorrem elas pela Sua vontade? Sendo Deus Onisciente e Onipotente, isto é, Sabedor de tudo e Todo poderoso, há como aceitar a ideia de que ninguém morre antes da hora e que as mortes aparentemente prematuras já estavam devidamente programadas pelo nosso Criador, mesmo quando uma vida seja ceifada por ato nefando de outra pessoa?
       Em alguns casos, sim; em outros, absolutamente não. Os estudos espíritas dão conta de que o Criador do Universo e da Vida estabeleceu, desde o princípio de tudo, Leis Naturais, infalíveis e imutáveis, que os regem em todas as suas expressões, irrevogavelmente. Entre essas Leis estão as de Amor, de Causa e Efeito, de Progresso, de Sociedade e de Livre-arbítrio (esta última somente para os seres racionais em seu desenvolvimento e progressão). Nada acontece alheiamente a estas e outras Leis universais. Só elas podem confirmar a Justiça e o Amor do Criador para com todas as Suas criaturas, de modo imparcial e invariável. Pego-me às vezes a pensar em como reagem, em certas circunstâncias, os meus amigos que creem na unicidade e no caráter definitivo da existência humana, para cada espírito, uma vez que acreditam seja este um ser eterno e imortal. Observa-se que muitos se revoltam contra Deus, quando lhes sobrevenha uma desgraça, qual a morte prematura de um ser amado. Quando esse ser foi o único responsável pela própria desdita, por imprudência ou má ação, fica o desconforto extra de sabê-lo condenado fatalmente à pena eterna, imposta como castigo divino ao transgressor. A não ser que, apelando ao protecionismo muitas vezes imputado a Deus, considere que o seu próprio protegido, pelas orações feitas ou mandadas fazer em seu favor, com fervor, possa ser absolvido pelo Grande Juiz, que nem sempre haverá de ter a mesma condescendência para com os outros, o que já não é problema seu, mas que não deixa de ser uma pesada incoerência, a meu ver.
       O Espiritismo, não apenas em "O Livro dos Espíritos", sua primeira obra basilar, mas numa gama de outras obras dedicadas, inteira ou parcialmente, ao estudo destas questões, nos abre imensas possibilidades de reflexão, elucidando-nos muitas dúvidas e, até, preparando-nos para um possível enfrentamento de evento doloroso, quanto o aqui focalizado, a que tenhamos um dia de assistir ou protagonizar em nossos círculos mais estreitos de afetividade.
       Fato inconteste, porém, é o de que Deus não erra jamais e não se deixa enganar pelas malandragens humanas. Tudo está sob o controle absoluto de Suas leis sábias.
      A única fatalidade que se nos reserva, em toda a nossa trajetória pelas vias da eternidade espiritual, desde que fomos criados, é, na verdade, a da evolução contínua. Não há como permanecer estagnado. Evoluímos sempre, queiramos ou não. E a morte prematura, quando natural, em alguma de nossas reencarnações, faz parte deste processo de evolução, como experiência necessária ao nosso burilamento moral. Quando provocada por nós mesmos, é pedra de tropeço que nos fere, mas nos ensina, igualmente, à força da dor, em um recomeço mais difícil. Se provocada por outrem, é comprometimento para ele, podendo, ainda assim, ser uma alavanca que nos impulsiona para adiante, se soubermos perdoar e confiar na plena e infalível Justiça Divina. ///

quarta-feira, 10 de abril de 2013

38. SEM MEDO DE SOCORRER

       P. Pode-se ministrar uma passe a um amigo que esteja doente, impedido de buscar o atendimento em um Centro Espírita, fazendo-o no seu próprio lar, sem contar com o apoio de outros companheiros de atividade, uma vez que esse amigo more muito longe do Centro que o passista frequenta?

     R. Em reunião de estudo, no Centro Espírita, o assunto em discussão era a fluidoterapia, o passe fluídico-magnético. Após as primeiras informações, comentou-se que o médium passista jamais deve efetuar a aplicação de passes fora do ambiente propício, ou seja, fora da Câmara de Passes. Nem mesmo fora do horário específico, em que um grupo se reúne para este fim, ainda que nas dependências internas da Casa Espírita. Trata-se, antes de tudo, de uma norma disciplinar prevista pelo Regimento Interno da Sociedade. É também do entendimento geral que, na hora e no local adequados, a tarefa dos médiuns aplicadores é secundada por uma equipe espiritual (invisível), sem a assistência da qual o trabalhador de boa vontade pode ficar à mercê de forças negativas, também invisíveis, que poderão prejudicá-lo diretamente por intrometer-se em suas atividades espúrias, na sua atuação contra o beneficiário do recurso fluidoterápico. Essa equipe formada por Espíritos mentores da Casa, além de contribuir com suas emanações energéticas, indispensáveis ao sucesso do evento, dão proteção e amparo aos médiuns, para que após realizadas as tarefas não saiam negativados em suas próprias energias, pois que também ocorre aí a doação pessoal de cada tarefeiro.
      Os argumentos elencados na reunião foram bem aceitos pela maioria dos presentes, até que uma companheira declarasse ao grupo a sua predisposição de prestar socorro, através da aplicação do passe com imposição de mãos, a quem eventualmente necessitasse deste recurso, em ambiente familiar e a qualquer hora, a título de exercício da caridade. Objetou-se-lhe dizendo que nessa prática poderia estar correndo riscos, pois os inimigos espirituais do socorrido não lhe perdoariam a providência nada interessante aos seus intentos de prejudicá-lo com sua atuação, podendo então investir contra o médium indefeso.
     Nesse momento, não pude deixar de sair em apoio da colega de estudo, uma vez que também considero um dever cristão socorrer ao necessitado, mesmo sem estar nos domínios do Centro Espírita, pelo menos desde que tenhamos confiança em nós mesmos e na Espiritualidade que não nos negará o apoio imediato, porquanto o nosso Protetor pessoal mobilizará reforços, caso estes se façam prementes.
      A polêmica levantada suscitou argumentações e exemplos contra tais disposições nossas. Foi aí que não pude sopitar mais a ideia que se fazia pulsar em meu cérebro e então falei: - "ora, se não posso confiar 'no meu taco', como se diz na gíria, e nos bons Espíritos que me acompanham, então eu chamarei um pastor ou obreiro evangélico, que imporá as mãos sobre o doente ou obsediado e fará uma oração, cheio de fé, prestando-lhe o socorro de que precisa, sem medo".
     E complemento agora: Ora, meus irmãos espíritas, de onde vem este vosso receio, esta vossa timidez, esta vossa insegurança e falta de fé? Achais, porventura, que Jesus e os seus obreiros da Espiritualidade Maior estão de folga, enquanto não chega a hora de irmos para o trabalho de assistência regular nas dependências e horários previamente estipulados para as atividades pertinentes das Casas Espíritas? Devemos então dizer ao nosso irmão em situação de desespero: -"olhe, controle a sua ansiedade e compareça no dia tal, à tal hora, no Centro Tal, para poder ser convenientemente atendido"?
    Não compartilho desta opinião, a menos que a situação se me apresente sem nenhuma gravidade, sem nenhuma característica emergencial. Não se trata de uma atitude irreverente ou indisciplinada. A preferência continua, logicamente, pela aplicação dos passes no Centro Espírita e no trabalho específico. Mas, em caso de emergência, jamais irei me omitir de socorrer, quando me sinta apto e preparado. O que não me faltará, tenho disto absoluta certeza, é o amparo dos Cooperadores da Seara do Mestre Jesus, que estão sempre a postos para promoverem o bem da Humanidade terrena, desde que haja um instrumento capaz de corresponder-lhes a ação benfazeja, e se ache voluntariamente disponível para tal ação. ///

sábado, 6 de abril de 2013

37. MAU OLHADO

       P. DE UM AMIGO:  - Penso estar sendo vítima de um mau olhado, isto é, de um olho gordo; poderia dar-me  a receita espírita para combatê-lo?

       R.  - Um exemplo: Você compra um carro novo e o seu vizinho mal consegue disfarçar o mal estar que dele se apodera, pela inveja. Ele queria ver você feliz, mas não com um carro novo melhor do que o dele. Poucos dias depois, você vê chegar na casa do outro vizinho uma tevê de 55 polegadas, um fogão de seis bocas, uma lavadora de roupas e um refrigerador, todos de última geração, desses que você não pode nem pensar em comprar tão cedo, ainda mais agora que assumiu esta dívida com a aquisição do carro novo, que já lhe está tirando o sossego.
       Você não percebe, mas é você quem está agora com certa dose de inveja, palavra esta que significa exatamente "não gostar de ver", "não querer ver", que eu "não veja", que o outro conquistou algo que eu gostaria de possuir igual ou melhor, mas não posso.
       Entre as receitas mais popularizadas de combate ao chamado olho gordo, olho grande ou mau olhado, de que nos sentimos alvos, posto que possa esta vibração ruim nos atingir, causando-nos prejuízos ou, no mínimo, atrapalhando-nos a vida, está a do uso de sal grosso em banhos de descarga e/ou nos cantinhos da casa, inclusive da garagem e do pátio, se os temos. Há também a que manda colocarmos um recipiente com água atrás das portas, à noite, jogando fora o líquido pela manhã seguinte, porquanto a água é uma catalizadora natural de energias, tanto boas quanto más; e nesse caso mentalizamos para que ela capte as energias negativas que nos chegam "dos vizinhos".
       Não discutindo os méritos destes artifícios, que bem podem ser reais, dadas as propriedades desses dois minerais, secularmente difundidas nas mais variadas culturas, e que pelo menos podem incidir no auto-sugestionamento, aumentando-nos o positivo ou diminuindo-nos o negativo, o Espiritismo nos recomenda o passe fluido-magnético e a prece, além da mudança do nosso pensar. Pensar só no bem e olhar os outros com benevolência, sem vê-los como adversários, inimigos, sem mesmo imaginá-los maldosos, invejosos, isto já é um bom caminho para neutralizarmos qualquer vibração nociva que porventura nos seja endereçada. Mas, o que mais o Espiritismo nos recomenda é que combatamos em nós mesmos essa ansiedade que algumas vezes nos acomete, ao presenciarmos o sucesso de algum companheiro de convivência.
       O fato provável de sermos alvos da inveja alheia acarreta-nos menos prejuízo do que direcionarmos a outrem a nossa própria inveja.
       Assim como sucede com os sentimentos de ódio, rancor, raiva, mágoa ou ressentimento, a inveja, que também tem sua nascente no campo mental do indivíduo, produzindo toxinas corrosivas, que aniquilam quantidades expressivas de células vitais, comprometendo importantes funções orgânicas do próprio agente propulsor dessas energias destruidoras. Em boa palavra, ao pensarmos mal do outro e endereçarmos-lhe esse pensamento, derrama-se antes sobre nós mesmos essa espécie de onda magnética destrutiva. Por isso, o Espiritismo nos adverte: os nosso sentimentos são as maiores causas da nossa boa sorte ou desdita, felicidade ou infelicidade, saúde ou doença, equilíbrio ou sofrimento, no curso desta existência e no porvir, porquanto o céu e o inferno acham-se latentes em nossas próprias criações mentais. 
      Assim, devem emanar de nós apenas pensamentos de amor, de perdão, de compreensão e de paz; pois, ainda que alguém nos deseje algum mal, quem tem amor, tem fé; quem tem fé, não tem medo; e quem não tem medo, não se vulnerabiliza. ///

sexta-feira, 5 de abril de 2013

36. PSICOMETRIA E JESUS

     P. O MISSIONÁRIO:  - "Os espíritas dão esse nome (psicometria) à faculdade de fazer contato com pessoas vivas ou mortas por meio de um objeto que pertence ao ausente ou que pertencia à pessoa morta. Para citarem um caso da Bíblia, utilizam-se da passagem em que Jesus conversou com a mulher samaritana e disse tudo sobre a vida dela (João cap.4). Argumentam que, segurando o cântaro, o Mestre entrou em contato com o passado da mulher. Está claro, inclusive pela Bíblia, que tal argumento não passa de um equívoco. Primeiramente, porque Jesus não entrou em contato com o cântaro, pois a mulher o abandonou depois de ouvi-lo, e saiu anunciando na cidade que o Messias havia chegado; e, depois, porque Jesus não precisava usar esses artifícios" (Missionário R. R. Soares; livro "Espiritismo - A Magia do Engano", capítulo 3 "Práticas e Fenômenos Espíritas"; editora Graça - Rio de Janeiro; 2002, p.55).

     R. André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, no capítulo 26 do livro "Nos Domínios da Mediunidade", tece interessantes comentários acerca desta faculdade, a psicometria, que vale à pena ler na íntegra, a quem realmente interesse o assunto. Vou aqui apenas pontilhar alguns trechos desses apontamentos, que são todos feitos em forma de narrativa e diálogos:
     "Atravessávamos ruas e praças, quando nos defrontamos com um museu (...) e o nosso orientador (...) convidou-nos a entra, exclamando:  - Numa instituição como esta, é possível realizar interessantíssimos estudos. Decerto já ouviram referências à psicometria. Em boa expressão sinonímica, como é usada na Psicologia experimental, significa 'registro, apreciação da atividade intelectual'; entretanto, nos trabalhos mediúnicos, esta palavra designa a faculdade de ler impressões e recordações ao contato de objetos comuns.
(...) Notando-me a curiosidade, o instrutor aclarou:  - Todos os objetos que você vê emoldurados por substâncias fluídicas acham-se fortemente lembrados ou visitados por aqueles que os possuíram.
(...) Registrando-me mais uma vez a surpresa, o Assistente adiantou:  - Percebo a imagem sem o toque direto. O relógio pertenceu a respeitável família do século passado. Conserva as formas-pensamentos do casal que o adquiriu...
(...) Áulus sorriu e comentou: O pensamento espalha nossas emanações em toda parte a que se projeta. Deixamos vestígios espirituais, onde arremessamos os raios de nossa mente, assim como o animal deixa no próprio rastro o odor que lhe é característico, tornando-se, por esse motivo, facilmente abordável pela sensibilidade olfativa do cão".
     Como aí se pode ver, para aqueles dotados de maior sensibilidade, e Jesus o era mais que todos, certamente, não há a necessidade do toque de mãos sobre o objeto, para que o exame das vibrações nele deixadas seja feito com sucesso.
     O tema requer maiores estudos, sendo o meu objetivo, neste momento, o de aguçar a curiosidade do leitor, a fim de que ele possa chegar à conclusão, por si mesmo, de que o equívoco talvez esteja do lado de lá, daquele que critica e repele qualquer ideia que não caiba nos dogmas acatados sem nenhuma reserva ou estudo mais aprofundado, que considere a existência, minimamente que seja, de outras possibilidades.
     A bem da verdade, a psicometria não é uma prática muito usual nos meios espíritas, como poderá deduzir o leitor mais apressado. É bem possível, no entanto, pelo que sugere André Luiz no capítulo citado, que o seja, sim, no Mundo Invisível, sobejamente. ///

quinta-feira, 4 de abril de 2013

35. CENTRO FORTE

     P. DE UMA AMIGA: - Estou precisando ir num centro espírita tomar um passe. Mas gostaria, se possível, que você me indicasse um centro forte, onde o médium me aplicasse um passe incorporado e o próprio espírito pudesse me orientar.

      R. - Minha amiga. É bem mais fácil você encontrar este tipo de atendimento em um Centro de Umbanda ou Candomblé, ou numa dessas Igrejas Evangélicas modernas que anunciam na mídia a realização de cultos de descarrego com revelações do Espírito Santo.
     O Centro Espírita, a menos que esteja apenas camuflado sob este nome, não o levando realmente a sério, tem por finalidade principal promover o estudo e a divulgação da Doutrina Espírita, demonstrando as suas concordâncias com o Evangelho do Cristo, visando precipuamente a elevação moral do homem.
     Como atividades complementares, exerce duas modalidades de terapias, ambas de caráter intensivo e nada que se assemelhe a feituras de milagres. Uma delas, com vistas ao equilíbrio físico e emocional, através de uma gestão sobre as energias que envolvem e permeiam a nossa organização somática, é o passe fluido-magnético, aplicado apenas com a boa vontade de trabalhadores voluntários, secundados pelos bons Espíritos, que manipulam e transmitem energias renovadoras. A outra é centrada nos casos de perturbações oriundas de influenciações espirituais, em que Entidades infelizes ou vingativas entendem de manipular as vontades e as decisões de pessoas desavisadas, que sofrem, assim, o que chamamos de um processo obsessivo. Neste caso a terapia é feita através de uma série de sessões de desobsessão, em que os pacientes em tratamento não devem estar presentes; apenas o grupo de trabalhadores específico, que conta com médiuns já experimentados e um coordenador, além dos Espíritos mentores, que sempre estão a postos para auxiliar os humanos em tarefa tão delicada e digna.
     Nesses casos, os tarefeiros se reúnem em dia e horário programado na Casa Espírita, sempre imbuídos de boa vontade e amor ao próximo, tanto para com os encarnados, solicitantes ou dependentes do procedimento, quanto para com os desencarnados, igualmente necessitados de atenção, conforto e esclarecimentos.
   Para os encarnados são também recomendados: o acompanhamento, paralelamente, das palestras evangélico-doutrinárias, a prece e a fluidoterapia (o passe fluido-magnético), nos dias das chamadas reuniões públicas.
    Em se tratando dos problemas psicossomáticos, costuma-se dizer que há muito mais doentes do que doenças, pois que em sua maioria estas são apenas reflexivas de um estado mental em desalinho, ou resultantes de maus hábitos cotidianos. É claro que também entram em cena, em muitos casos, as ações opressivas dos obsessores, que infundem em suas vítimas sensações dolorosas e estados emocionais que as deixam confusas e temerosas.
     No trato destas questões, pelo menos no Espiritismo, não haverá em lugar algum um Centro mais forte do que outro. Não se arrancam os Espíritos perturbadores à força, senão com a força da persuasão e do esclarecimento com amor.
    Quer um centro forte? Procure apenas um Centro e nele deixe-se orientar e esclarecer pela Doutrina Espírita ali exposta. Busque o Atendimento Fraterno, serviço disponibilizado pela maioria das Casas Espíritas como facilitador para os que ainda não conhecem bem o terreno em que estão pisando e precisam de uma palavra amiga, além do encaminhamento para a terapia que se faça necessária, conforme o que aqui lhe expus. Principalmente se for a sua primeira vez a adentrar um Centro Espírita.
   Depois disto, é com você mesma. Não prometemos nenhum milagre. Indica-se o caminho, apenas. Ajuda-se somente na medida necessária. ///

terça-feira, 2 de abril de 2013

34. LÓGICA ESTRANHA

       P. DE UM AMIGO:  - Você, assim como muitas pessoas de boa fé, está sendo enganado pela astúcia de Satanás, o grande Inimigo de Deus. Ele é capaz de transfigurar-se em anjo de luz para enganar a todos, até mesmo os eleitos do Senhor. Fala em nome de Jesus e repete o nome de Deus, fazendo propaganda de Ambos, porém de uma maneira completamente distorcida perante as Escrituras Sagradas. Prega o amor e a caridade, mas isto é mais uma forma que ele usa para seduzir, enganar e conduzir as almas para o Inferno, onde permanecerão ao lado dele e de seus anjos, os demônios, em eterno sofrimento. Porque Deus está dando a você uma chance de se arrepender dos seus pecados. Depois que se findar esta vida, Deus não perdoará os que O rejeitaram para ficar sob o comando do Diabo, o astuto anjo Lúcifer, que se rebelou contra o Criador, ousando considerar-se igual a Ele. Portanto, reflita, enquanto é tempo, e aceite a salvação que vem do ouvir a Palavra de Deus e obedecê-la. O Espiritismo não poderá salvá-lo, porque só Jesus tem este poder que lhe foi dado sobre toda a criação divina.

      R. - Amigo. Se este Ser tão terrível, a que dão os nomes de Diabo, Satanás, Belzebu, Capeta e outros, houvera realmente sido um dos anjos mais queridos de Deus, com o lindo nome de Lúcifer, que significa "Luz Brilhante", e houvera decaído por conta de sua rebeldia contra o Divino comando, Deus teria cometido um erro de cálculo, inadmissível. Onisciente, teria Ele criado seu próprio inimigo número um.
     Fosse o Diabo, como dizem alguns, o mentor de uma doutrina como o Espiritismo, o pobre haveria de estar completamente, estupidamente, absurdamente louco, desvairado, perturbado. Como pode uma criatura absolutamente má e perversa semear o bem, insistir tanto para que se pratique a verdadeira caridade, que é o amor ao próximo no sentido mais amplo e sem mesclas? Não seria mais um atestado de maldade, mas de burrice extrema!
     Pense comigo: poder-se-á colher bom fruto de uma árvore ruim? Poderá uma casa subsistir se estiver dividida contra si mesma? Ora, amigo. Se estou sendo enganado pelos falsos ensinamentos dos demônios, auxiliares de Satanás, que inspiraram a obra de Allan Kardec, de Chico Xavier, de Divaldo Franco e de tantos outros expoentes da Doutrina Espírita, então está na hora de retroceder em tudo que aprendi com eles. Está, pois, na hora de voltar a ser egoísta, orgulhoso, mentiroso, desonesto, anti-ético, maledicente, vingativo, inimigo do bem, dado a vícios e imoralidades, etc.
      Se devo fazer o contrário do que os Espíritos diabólicos ensinam, para não ir pro inferno, diga-me: onde está a lógica desse Satanás, que repete, item por item, todas as recomendações de Jesus, a quem ele deseja atingir mais do que a todas as almas do Universo? Lógica estranha, esta, não? Pense bem. ///

segunda-feira, 1 de abril de 2013

33. ACEITAR JESUS

       P. DE UM AMIGO: - Vim aqui fazer-lhe um convite muito especial. No próximo sábado à noite teremos lá na nossa Igreja (de Tal denominação) um grandioso culto de libertação e louvor, onde Jesus estará transformando muitas vidas. Veja bem, meu amigo, eu não o estou convidando para conhecer a minha igreja, mas, sim, para conhecer o Senhor Jesus e aceitá-Lo como seu único e suficiente salvador. Não quero que você entre para a minha religião, porque religião não salva. Jesus é o único que pode nos salvar e Ele quer libertar você também, porque só através dele você poderá alcançar a graça de Deus. O amigo vai ouvir a Palavra e vai tomar a decisão mais importante de toda a sua vida, que é aceitar Jesus como seu único mestre, único guia e único salvador de sua alma.

      R. - Amigo, eu agradeço imensamente e comovido até, o seu convite, a sua lembrança, o seu interesse pela minha pessoa em particular. Acontece que eu já conheço o nosso Mestre e Amigo Jesus, tem muitas décadas. Primeiramente, conheci-O através da Igreja Católica, nas aulas de religião do grupo escolar e nas missas que eventualmente assistia, quando menino. Conheci-O também através dos filmes que passavam nos cinemas e nas dependências  da escola, em vésperas de sextas-feiras santas. Conheci-O ainda através do Evangelho bíblico, que li aos 10 anos de idade. E foi também nessa época, mais perto do meu 11º . aniversário, que tomei conhecimento do Espiritismo, por meio da orientação paterna, vindo a entender melhor ainda a figura mansa e suave do Cristo, o Espírito mais puro e elevado dentre todos os que já estiveram na face da Terra em missão consoladora e verdadeiramente salvadora, uma vez que muitos deles vieram trazer suas luzes para que nós, a Humanidade, pudéssemos enxergar além das trevas que nos dominaram por milênios, desde os tempos imemoráveis de nossa infância espiritual. Desde então, garanto ao amigo, aceitei-O plenamente como tutor de minha alma, a qual creio seja eterna e esteja aqui peregrinando em mais uma fase do seu aprendizado infinito, juntamente com todos os que palmilham, lado a lado, nesta longa jornada evolutiva.
      Fico deveras honrado pelo convite, mas peço-lhe a compreensão, porquanto no horário indicado ao evento para o qual me convida tenho outros afazeres que me impedem de acompanhá-lo. Quanto ao Evangelho de Jesus, que considero o caminho e a verdade a nortear a minha vida, devo anunciar-lhe que já tenho reservados dois dias da semana com o objetivo de estudá-lo e praticá-lo na Sociedade Espírita a que frequento assiduamente, afora os estudos que faço em minha própria casa, através de leituras edificantes e do chamado "Evangelho no lar", sem descuidar-me de por em prática os Seus ensinamentos no dia-a-dia, onde quer que eu vá e com que eu tenha a oportunidade de compartilhar espaços e situações.
      Peço-lhe que aceite o meu mais fraterno abraço, desejando-lhe muito êxito na caminhada por esta rota que o amigo escolheu, que considero tão digna quanto aquela em que me situo, com sua a mesmíssima finalidade.
     Que o Senhor Jesus, Amigo Maior de todos nós, nos abençoe e nos ampare, para que não venhamos jamais a fraquejar nos nossos propósitos. ///