quinta-feira, 12 de setembro de 2013

71. ANJOS, DEMÔNIOS E ESPÍRITOS

     P. O que diz o Espiritismo sobre os anjos e os demônios, tão fartamente mencionados na Bíblia, que é o Livro Sagrado dos cristãos?
     
     R. Ao longo da história do mundo ocidental, inúmeras religiões foram criadas a partir da incorporação à Igreja Romana dos princípios doutrinários daquele Movimento judeu chamado de Cristianismo, por seguir as diretrizes de conduta defendidas e ensinadas por Jesus, o jovem de Nazaré, identificado como o Cristo, o Enviado de Deus.
     Da então chamada Igreja Católica Apostólica Romana, que sobre-existe até os dias atuais, foram-se criando dissenções, espalhando ramificações e surgindo novas denominações, que hoje se contam em milhares.
     Para a maioria dessas religiões (e algumas delas não gostam de serem assim chamadas), os anjos são criaturas concebidas por Deus à parte da Humanidade. São Espíritos que nunca encarnaram nem encarnarão em corpos de homens ou de mulheres.
     Já os demônios, de acordo com a crença dessas mesmas religiões, ditas embasadas unicamente na Bíblia, seriam uma parcela daqueles seres espirituais de Deus que se rebelou, juntamente com o seu líder, o mais iluminado dentre todos eles, como o próprio nome já o define, Lúcifer (a Grande Luz), sendo, após a inusitada rebelião, expulsos dos páramos celestes, para habitarem as entranhas escuras da Terra, ou uma determinada região provavelmente situada entre o globo terrestre e o Céu propriamente dito.
     Ainda conforme a crença dessa maioria da cristandade, os anjos que permaneceram ao lado de Deus teriam dupla função: uma, a de adorar o Criador; outra, a de proteger e auxiliar os homens (espíritos criados com um corpo carnal perecível - de sexo masculino ou feminino) dos perigos próprios deste mundo e nas suas necessidades variadas.
     Enquanto isto, os demônios estariam a serviço do seu maioral, Lúcifer, agora chamado Diabo, Satanás, Belzebu, Capeta e outros nomes. Sua função precípua é arrebatar os filhos de Deus do caminho do bem e da salvação, além de infernizar a vida dessas pobres criaturas, antes de levá-las de arrasto para o Inferno, plantando em suas carnes uma gama de doenças e em suas mentes os mais sórdidos desvios morais, bem como desarmonizações emocionais, promovendo assim, sofrimentos e decadência de toda ordem, até mesmo junto aos próprios "escolhidos" de Deus.
     Bem, que há espíritos, tanto na carne (encarnados), quanto fora do corpo carnal (desencarnados), isto é ponto pacífico no Cristianismo, porquanto a própria Bíblia refere-se aos mesmos seres que são chamados de demônios como "espíritos malignos", e o apóstolo Paulo também deixa bem claro que nós, humanos carnais, somos na nossa essência espíritos, ao afirmar: "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Romanos 8: 16).
     O Espiritismo, que é também uma Doutrina filosófica-científica-religiosa cristã, na palavra dos Espíritos que compõem a plêiade de Instrutores da Humanidade, esclarece-nos que todos os Espíritos desencarnados não são mais do que ex-encarnados, nos mais diversos padrões de evolução. Assim sendo, tal como ocorre entre os encarnados, uns são moralmente mais elevados, intelectualmente mais esclarecidos, enquanto outros estão ainda em estágios inferiores de percepção e entendimento. Uns se dedicam ao bem do próximo, inclusive dos que se acham na carne, enquanto outros se dedicam ao mal, mais precisamente contra os encarnados. Há ainda uma terceira classe de Espíritos, assim como de pessoas, que se fazem apenas carentes e necessitados, não sendo nem bons nem maus.
     Os bons Espíritos, que seriam os anjos da crença comum, são Espíritos que já passaram por longo aprendizado e se acham num estágio mais avançado, estendendo suas mãos aos que se encontram na retaguarda, auxiliando-os nas dificuldades naturais da trajetória evolutiva.
     Já os maus Espíritos são aqueles que ainda se demoram nas experiências inferiores, atendendo aos impositivos do orgulho, do egoísmo, da revolta, da vingança e outros sentimentos de baixa vibração, que os mantém temporária e indefinidamente em regime de escuridão e cegueira espiritual.
     Mas Deus, na Sua infinita Misericórdia, concede também a estes oportunidades várias de refazerem o caminho, passando necessariamente pelo buril da dor e do sofrimento, em seu regresso ao mundo físico, a fim de, pelas Leis Eternas e Naturais, adquirirem novos conhecimentos e acenderem gradativamente a outros patamares da escala evolutiva, até alcançarem, por seus próprios méritos, a angelitude.
     Segundo os Espíritos, essa progressão é contínua e vai ao infinito, até que cada individualidade atinja a pureza absoluta, tornando-se, como disse Jesus, "uma unidade com Deus". ///