quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

21. DESARMONIA NOS CENTROS ESPÍRITAS

     P. É comum ocorrer dentro de um Centro Espírita alguma manifestação de rivalidade, preconceito, inveja, ciúme, prepotência, hostilidade, ou outro qualquer sentimento negativo ou atitude inconveniente, como já se tem ouvido dizer em conversas informais entre membros de algumas casas?

      R. Isso jamais deveria acontecer, mas infelizmente acontece, sim. O simples frequentador da casa muitas vezes nem nota. Mas, nos bastidores, pode estar havendo intrigas e dissenções, justamente por parte de quem deveria ser o primeiro a seguir à risca os preceitos doutrinários.
     Há presidente de Centro Espírita, por exemplo, que se considera dono da Casa e da verdade. Diretores de departamentos que se hostilizam e se veem como rivais, numa disputa insana, por conta de ciúmes ou despeito.
     Quem está ou já esteve fazendo parte na formação de uma diretoria ou grupo de trabalho, é possível já tenha enfrentado alguma situação desagradável em relação a algum companheiro, cuja prepotência, presunção, ou atitude preconceituosa lhe causou constrangimento, aborrecimento, ou, no mínimo, tristeza, ao ponto de retirar-se do mesmo, para evitar confrontos mais violentos, ou de ali só permanecer por amor à Causa Espírita, que não deve ser afetada pelas fraquezas humanas.
    Um ou outro palestrante ou instrutor talvez faça discursos emocionantes, porém suas ações sejam contrárias à sua pregação. Talvez o orgulho e a vaidade ainda sejam predominantes em sua personalidade. Nota-se, por vezes, uma mal disfarçada indiferença de algum dirigente para com determinados trabalhadores de sua equipe, enquanto são capazes de bajular escandalosamente a outros, seus superiores em hierarquia de função, o que é contrário ao que preceitua a própria Doutrina, pois no Espiritismo ninguém é superior a ninguém, a não ser moralmente falando, o que não é coisa de se investigar ou por em evidência.
Há também os casos em que parceiros invejosos, feridos em seu amor próprio, por se verem contrariados em seus gostos e conceitos pessoais, cridos mediunicamente inspirados, retiram-se de uma Sociedade Espírita para fundarem seus próprios centros, aos quais, não muito raramente, pretendem presidir e controlar vitaliciamente.
      Contudo, a Doutrina Espírita, por ser enfática em seus ensinamentos e por sua insistência em que seus adeptos pratiquem, ou se esforcem, com sinceridade, por praticar os preceitos cristãos, tem conseguido promover grandiosas mudanças na conduta de muitas pessoas que passaram a integrar-lhe as diversas frentes de trabalho. Assim sendo, muitas dessas arestas se aparam ao longo do tempo por força das próprias recomendações doutrinárias. Em alguns casos ocorre o que se chama "uma seleção natural", aquela em que o indivíduo que não se afina com o grupo, dada a verdadeira superioridade moral da maioria de seus componentes, retira-se por livre e espontânea vontade, embora critique e credite ao outro a culpa por seus melindres e sua decisão drástica.
     Para cada Centro Espírita que se ergue, uma equipe de abnegados Espíritos das hostes do bem, participantes da seara bendita do Mestre Jesus, é designada para administrar os seus destinos e acompanhar seus dirigentes nos esforços que deverão dispender para o sucesso da obra. Sabe-se, entretanto, que, paralelamente, há uma mobilização por parte de organizações das trevas, instaladas no Plano Espiritual inferior, que tudo farão, o tempo todo, para infiltrar-se no meio, através de médiuns incautos, a fim de desestabilizar os esforços dos benfeitores e das pessoas de boa-vontade, que realmente concorrem para que a pureza doutrinária do Espiritismo não sofra nenhum dano dentro do seu Movimento organizado.
     Saibamos operar e cooperar no bem, usando de toda compreensão para com as falhas alheias, não dando espaços para a maledicência, filha da inveja e do ciúme, não compactuando, enfim, com hostilizações, atitudes preconceituosas, rivalidades e outras condutas menos dignas, de quem e para quem quer que seja.
      Não sejamos nós, os espíritas, os verdadeiros inimigos do Espiritismo. Já bastam as ações e insinuações dos seus detratores, em geral líderes de outras instituições religiosas, que, na verdade, não comprometem em nada a Doutrina e o Movimento Espíritas, que seguem avante, sem eles, com eles e apesar deles. Estes, ao contrário do que eles mesmos pensam, atuam como divulgadores do Espiritismo, pois que chamam a atenção de pessoas que nunca se interessaram pelo assunto para que, a partir das críticas ouvidas ou lidas, o venham a conhecer. ///

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

20. SITUAÇÃO DO ESPÍRITO ANTE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

       P. Como se sabe, para os espíritas a morte é apenas uma mudança de dimensão da vida. O espírito continua vivo e leva consigo o corpo extra-físico, constituído de matéria sutil, chamado corpo astral, etéreo ou perispírito. Este possui todas as características do corpo físico, sendo, porém, bem menos denso, o que o torna invisível aos nossos olhos. Os Espíritos instrutores o definem como em tudo semelhante ao outro e dizem que nele é que se conservam as impressões que levamos conosco ao desencarnarmos. Por exemplo: uma doença, a perda de um membro, a corrosão orgânica devida a um vício, etc. Eis por que alguns espíritas interrogam: No caso de doação de órgãos, ficará o perispírito privado dos órgãos retirados de sua cópia carnal? Ressentir-se-á o espírito da sua falta na nova situação em que se encontra?

      R. Segundo orientações dos Espíritos, a organização perispiritual nem sempre tem desligados os laços fluídicos que o prenderam à indumentária física durante a experiência terrena, imediatamente após o desfalecimento desta última. Mas o simples ato voluntário de doação de órgãos, isto é, a intenção sincera manifestada em vida por parte do doador, já demonstra o desapego da alma aos seus despojos, o que lhe confere, ao fazer a passagem para o outro plano existencial, um desprendimento natural e fácil. Além disso, outorga-lhe o merecimento de nada sentir, durante a operação cirúrgica para a extração dos órgãos reaproveitáveis, uma vez que contará com a assistência espiritual a que talvez não fizesse jus caso se mantivesse em atitude pensadamente egoística, desejando reter no seu corpo inerte tudo aquilo que não lhe serviria mais para nada, recusando-se a compartilhar de si para com seus semelhantes que aqui ficaram.
    Movido por um sentimento de amor ao próximo, a caridade por excelência, promove, com sua disposição de ajudar e seu ato efetivo, uma melhor qualidade de vida a alguém, a quem beneficiará com os bens terrenos que já não podem mais interessar-lhe, por motivo óbvio.
      O medo de passar por sofrimentos, ao ver seu corpo sendo recortado para a retirada desses órgãos, não deve ser maior do que o de apreciar o banquete dos vermes (micro-organismos), que logo o estarão devorando, conforme é natural que aconteça a qualquer cadáver, por mais requintada seja a urna em que esteja depositado quando de seu sepultamento.
    A cremação seria a outra opção, o que não muda o quadro de dor, se formos levar em conta o despreparo de algumas almas para a transição da morte, em que se obriga a deixar a matéria, para seguir uma nova jornada fora dela.
    Mesmo em casos de doação não espontânea , em que a decisão de fazê-la foi da família e não do próprio desencarnante, já há relatos de Espíritos testemunhando os benefícios recebidos após tal operação, seja pelo conforto advindo dos Benfeitores do Além, que os ampararam e utilizaram técnicas especiais de anestesiamento para que não sentissem nenhuma impressão dolorosa, seja pelas vibrações de gratidão recebidas daqueles a quem os órgãos doados proporcionaram novas chances de vida, ou de qualidade de vida. O que pertence à terra ficará na terra, de um jeito ou de outro. O que levamos conosco é o tesouro moral e sentimental que houvermos acumulado em nossas experiências em a sociedade humana. Melhor ainda quando sejam tesouros de amor, fraternidade e solidariedade, amealhados pelo exercício contínuo junto daqueles com quem tivemos o ensejo de conviver.
     Uma vez estejamos conscientes de que não somos um corpo temporário que possui uma alma eterna, mas somos uma alma eterna que está de posse temporária de um corpo, teremos muito mais facilidade de nos desapegarmos desse corpo quando a hora for chegada.
      É como se aqui fosse um lugar sempre bastante gelado, em que tivéssemos de usar vestes especiais para enfrentarmos a baixa temperatura constante do ambiente. Ao viajarmos definitivamente para outro lugar que soubéramos mais quente, e havendo espaço limitado para as coisas que levaremos na nossa bagagem, todas as peças que não nos irão fazer falta poderão ser jogadas fora, simplesmente, ou, se o quisermos, ser doadas a outros, que as aproveitarão contra o frio permanecente no lugar de onde partimos.
    Há, por fim, relatos de pessoas (Espíritos) que perderam partes do corpo em acidentes, ou por amputação necessária, e, ao recobrarem a lucidez no Plano Espiritual, estavam com seu perispírito íntegro, dada a ação restauradora  dos cirurgiões de Jesus, que permanecem sempre em atividade nos hospitais do Mundo Invisível.
     Reflexionemos sobre isto e não tenhamos mais nenhum receio ou dúvida quanto a nos declararmos potenciais doadores. E, para evitarmos constrangimentos aos nossos familiares queridos, deixemos a nossa vontade claramente expressa, por escrito: EU SOU DOADOR DE ÓRGÃOS. Assinado: "Fulano de Tal" (Telefone para contato: >>><<<). Com certeza, seremos abençoados com esta possibilidade de ajudar o nosso próximo. ///

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

19. PERIGOS DA MEDIUNIDADE NÃO EDUCADA

       P. Pode acontecer algo de mal a uma pessoa que tenha mediunidade e se negue a desenvolvê-la ou exercê-la, como, por exemplo, sofrer algum tipo de perseguição espiritual, ser castigada ou não se ver livre, até que se decida em contrário, de seus obsessores ou de seus problemas particulares?

     R. Este é um equívoco que, aos poucos, por força de uma instrução cada vez mais apurada, os orientadores de algumas Casas espíritas deixam de cometer, como era bem comum há algumas décadas atrás. Embora seja corretíssimo dizer-se que a mediunidade é uma ferramenta de trabalho que nos foi emprestada pela Providência e Misericórdia divinas para que com ela pudéssemos resgatar mais rapidamente as nossas dívidas pretéritas, ninguém deve usá-la sob pressão ou coação, debaixo de ameaças e argumentações tão contundentes, quanto falsas e inoportunas, porquanto o medo não é o melhor conselheiro de ninguém.
     - "Olhe, se você não desenvolver a sua mediunidade, sofrerá assédios cada vez mais frequentes e tenebrosos dos irmãozinhos infelizes, ou entidades perversas, das trevas". Você já escutou algo assim de algum "entendido" em Espiritismo? Não muito recentemente, quero crer.
       Muitas pessoas se veem de braços com situações complicadas, de uma hora para outra, que em geral tendem a fugir ao seu poder de controle, de decisão e de entendimento. Buscam explicações aqui e acolá, nem sempre as obtendo de forma expressiva e convincente.
       Nunca faltará, porém, alguém que lhes diga tratar-se de um sintoma claro de mediunidade, indicando-lhes a busca por uma orientação mais segura em uma Casa Espírita. Essas pessoas podem, com efeito, estar sofrendo assédios de antigos desafetos ou de espíritos perturbadores, por vezes doentios, que lhes buscam a companhia, do Invisível, em troca de socorro ou mesmo por vingança. Essas entidades espirituais certamente encontraram uma porta aberta de comunicação com o chamado mundo dos vivos, do qual muitas julgam-se ainda integrantes, embora se vejam num estado confuso, de desatino, ou simplesmente de vantagem sobre a agora sua vítima, outrora seu algoz.
      Iniciado um tratamento de desobsessão, acompanhado de uma séria de sessões de fluidoterapia (passes magnéticos) e evangelização, a tendência é uma melhora progressiva e o retorno a uma vida normal, dado o afastamento da influenciação espiritual, desde que novas brechas não se abram, mediante determinadas condutas morais, facilitadoras de novas investidas e novos processos obsessivos.
      Se, embora arrefecidos, esses sintomas persistam, sem as razões acima mencionadas, há, então, indícios mais evidentes de que a mediunidade seja de tarefa, mesmo. Isto significa a existência de uma grande probabilidade de que essa pessoa haja realmente assumido um compromisso, antes de reencarnar, com a atividade pertinente, em prol de seus semelhantes e em favor do seu próprio aperfeiçoamento.
      Como uma espécie de chamamento, que continuará a ser sentido enquanto não lhe dê a devida atenção, a sensibilidade aflorada é um sinal de que chegada é a hora de prestar os serviços a que veio, sob pena de não se aquietar, enquanto assim não o faça.
      Mais recentemente, o termo "desenvolvimento mediúnico" foi substituído pela expressão "educação da mediunidade", um tanto mais justa e correta.
      A mediunidade deseducada pode, sim, representar certos riscos ao seu portador, dada a falta de conhecimento e habilidade necessários à sua articulação consciente e ao controle da situação. Isto porque essa falta provoca desajustes, por não se saber lidar com os seus efeitos naturais. Educá-la, portanto, é a melhor escolha, senão a única opção.
       Uma vez se tenha submetido a esse processo, o médium terá preservado o seu livre arbítrio, podendo decidir se quer ou não trabalhar pelo bem do próximo utilizando a sua faculdade mediúnica. O não desejar praticá-la, porém, não fará dela alguém com uma espada apontada contra si mesma. Absolutamente.
     Um médium inativo, assim considerado aquele que não atue diretamente na área correspondente à modalidade que mais se ajuste ao que lhe haja sido prescrito, pode, sim, levar uma vida tranquila, harmônica, sem qualquer transtorno à vista, desde que se conduza moralmente de maneira positiva, irrepreensível, praticando o bem de outras maneiras possíveis, de modo a não atrair para junto de si esses companheiros invisíveis menos esclarecidos, que o possam influenciar negativa e extravagantemente.
      É disso que todos nós, médiuns que somos em potencial, em maior ou menor grau de sensibilidade, temos que nos preocuparmos, porquanto somos todos também potencialmente receptores de todo tipo de energia, que nos alcançam pela lei das afinidades. ///


18. O EVANGELHO DE ALLAN KARDEC

     P. "A Palavra de Deus diz que a ninguém competiria, em qualquer tempo, escrever ou pregar outro evangelho que não fosse aquele pregado por Jesus-Cristo, o Filho de Deus, inspiradamente traduzido e descrito pelos apóstolos Marcos, Mateus, Lucas e João. Como podem os espíritas aceitar de bom grado esse novo evangelho criado e escrito por Allan Kardec, aos 1860 anos depois da vinda de Cristo, aproximadamente, e que nada tem a ver com o daqueles escritores inspirados, que fazem parte da Bíblia, o Livro dos livros"?

     R. A falta de uma observação mais criteriosa tem levado algumas pessoas a cometerem este tipo de equívoco em relação à obra intitulada "O Evangelho Segundo o Espiritismo", um dos pilares da codificação da Doutrina Espírita, idealizada e realizada por Kardec e uma esquipe de Espíritos instrutores, que o secundaram nesse grande empreendimento.
     É preciso esclarecer que Allan Kardec não escreveu, muito menos criou, nenhum novo evangelho. O que ele e os Espíritos fizeram foi um minucioso estudo das principais máximas evangélicas de Jesus, assim como de alguns episódios importantes de Sua passagem na Terra, dividindo esse estudo em 28 capítulos, com títulos e subtítulos sugestivos, em que se transcrevem essas citações bíblicas e sobre elas se lançam comentários, a partir da experiência pessoal do autor, com base na nova Ciência do Espírito, muitos deles seguidos de mensagens elucidativas e reflexões dos co-autores espirituais, ou seja, assinadas por Espíritos diversos.
    O Evangelho Segundo o Espiritismo, isto é, o Evangelho de Jesus segundo a Doutrina dos Espíritos e não segundo a visão pessoal de Kardec, é um livro que deveria ser lido sempre com um exemplar da Bíblia ao seu lado, a fim de o leitor consultar-lhe as referências, uma vez que se trata de uma obra destinada especificamente ao estudo das mesmas.
    Na medida em que se vai adentrando em sua leitura, o que não deve ser feito ininterruptamente, como quando se lê um romance, vai-se adquirindo uma visão bem raciocinada e lógica dos ensinamentos de Jesus e das suas aplicações às mais diversas situações protagonizadas por nós mesmos e nossos pares no cotidiano de nossas vidas.
    Por questões óbvias, o livro em destaque tem servido de base, na quase totalidade das Casas Espíritas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, para as palestras evangélico-doutrinárias realizadas nas chamadas Reuniões Públicas, que ocorrem em determinados dias da semana e horários pré-estabelecidos.
    Fica assim desmistificada a ideia falsa que muitos fazem de que Allan Kardec seria o autor de um pseudo-evangelho, digno de anátema, já que muitos crentes não admitem nada além do que está escrito na "Palavra de Deus", a saber os livros que compõem a Bíblia Sagrada. Desses, dizem, não se pode extrair ou modificar um til, uma letra. Isto, afora as muitas alterações e adulterações já feitas por tradutores e intérpretes, ao longo de muitos séculos passados, acomodando-as aos interesses de suas corporações religiosas.
    Ler e estudar O Evangelho Segundo o Espiritismo é, pois, simplesmente lançar o olhar sobre o Evangelho do Cristo, agora sob novos prismas, abrindo novos horizontes para o entendimento exato das Suas palavras imortais, que precisam ser, sim, correta e urgentemente reestudadas e postas em prática. ///

domingo, 24 de fevereiro de 2013

17. AFEIÇÕES E ANTIPATIAS GRATUITAS

       P. Sobre os sentimentos de simpatia e afeição, ou antipatia e aversão, que muitas vezes cultivamos para com nossos companheiros de jornada, seja nas relações de trabalho, sociais ou mesmo familiares, o que o Espiritismo teria a esclarecer?

       R O Espiritismo ensina-nos, através da lei das reencarnações, que, ao longo de cada temporada na face da Terra, na vida corpórea, nós, espíritos em experiências evolutivas, forjamos esses sentimentos, que muitas vezes parecem eternizar-se, entre aqueles com quem convivemos e segundo a forma como nós e eles agimos e reagimos. Às vezes a aversão é recíproca. Às vezes é unilateral. Já a simpatia, na maioria das vezes faz-se mútua, como se uma energia desconhecida atraísse duas pessoas, que passam a nutrir um sentimento de satisfação por estarem em companhia uma da outra, mesmo quando não haja um motivo mais forte para isto.
      Já a antipatia gratuita, aquela que não tem nenhuma razão de ser, aparentemente, só pode ser resultante de um relacionamento mal resolvido de alguma existência anterior. Pode ter havido uma situação de profunda adversidade, uma inimizade levada para o túmulo, ou que uma das partes tenha prejudicado extremamente à outra, levando-a a guardar, senão um rancor perene contra aquela, um receio absoluto em relação à sua presença, mesmo agora disfarçada em outros trajes carnais.
       Esses sentimentos nascem geralmente quando vemos ou somos apresentados a alguém, e já no primeiro contato sentimos algo bom ou ruim em relação a essa pessoa. Como se lá no fundo, na nossa mente inconsciente, um toque de alerta soasse, dizendo que tal pessoa não é confiável, ou, ao contrário, um toque de magia nos fizesse lembrar que já convivemos com aquela pessoa e que ela já é nossa amiga de outras eras, e com a qual teremos imenso prazer de conviver novamente.
    Neste último caso, trata-se de um espírito afim, com o qual já dividimos experiências gratificantes, embora não nos recordemos, pelos impositivos da lei do esquecimento, de uma para outra reencarnações, que faz parte da justiça e da misericórdia de Deus para com todos nós, pois nem sempre as lembranças de vidas passadas nos seriam convenientes, podendo ser até contraproducente,ou mesmo tremendamente nocivas.
      Embora o nosso cérebro não possa decodificar esses relacionamentos anteriores, nossas almas guardam registros em uma espécie de arquivo, a que damos o nome de memória ou inconsciente pretérito. Temos, pois, a impressão de que já vimos esta ou aquela pessoa, de que já estivemos ao seu lado em outra ocasião, que fomos bem ou mal sucedidos em nosso convívio anterior, mesmo quando temos a certeza de que jamais pudéramos estar com ela em nenhum lugar ou tempo durante a nossa vida atual. Não se trata, porém, apenas dos nossos relacionamentos de amizade ou coleguismo. Na nossa família carnal, amiúde, renascem espíritos simpáticos, coprotagonistas de atávicas experiências em comum, que se traduzem agora no amor puro, na união feliz, que superam os simples laços de consanguinidade.
      Por outro lado, é também na família que se reúnem às vezes espíritos antagônicos, que logo descobrem não haver entre si qualquer afinidade, sem que para isso tenham algum motivo identificável. Daí podem resultar animosidades ou afastamentos, brigas ou separações. Pode ser também que, de um lado apenas, ou de ambas as partes, o que é o mais desejável, passem-se a cultivar atitudes de respeito, compreensão e tolerância, conforme recomenda o Evangelho do Cristo, o que indica um sinal de progresso alcançado. Nas mesmas proporções isto ocorre também nos nossos relacionamentos de companheirismo com aqueles que formam conosco o grupo de trabalho, de estudo, de convívio social, comercial, etc.
      Disso se extrai uma informação muito importante, que o Espiritismo nos dá, através da obra básica primeira de sua codificação, "O Livro dos Espíritos": é a de que a nossa família espiritual pode ser, e geralmente o é, muito mais ampla do que a nossa família corporal. Muitos de nossos familiares queridos do passado nos acompanham na nova jornada sob as vestimentas de um dedicado professor, um patrão reconhecido e que às vezes nos dá aquela chance de ouro, um amigo confidente e sempre presente nas nossas dificuldades, até mesmo num estranho, desses que vivem outras experiências em outros lugares, mas que com ele topamos uma única vez na vida e se torna inesquecível por sua interferência no nosso caminho, em uma determinada decisão, que pode até mudar completamente o nosso rumo, a nossa personalidade, o nosso futuro.
       Ali pode estar um ex-pai ou mãe, um ex-irmão ou irmã, um ex-filho ou filha, um ex-esposo ou esposa e outras tantas formas de relação, que no momento não seria conveniente nos recordássemos claramente.
Seria muito bom que todos nós, independentemente do que sentíssemos pelos nossos pares, nas mais diversas situações de convivência que a vida nos impõe, pudéssemos olhar para cada um de nossos semelhantes como alguém que de alguma forma já fez parte da nossa vida, e que nos merece apreço, dedicação, respeito, em certas ocasiões tolerância, compreensão, perdão e auxílio.
    É tempo, pois, de prestarmos maior atenção às pessoas que estão à nossa volta e àquelas que ocasionalmente cruzam o nosso caminho, pois nenhuma delas entra em nossa área de ação por mero acaso. Que os nossos sentimentos bons sejam mais aflorados e que os maus sejam contidos, pois aqui nos reunimos para todos juntos aprendermos e progredirmos, o que nem sempre acontece apenas mediante o que nos dá prazer. De uma forma ou de outra, somos todos importantes, uns para com os outros. ///

domingo, 10 de fevereiro de 2013

16. DESFAZENDO ALGUNS EQUÍVOCOS

       P. Diante de algumas recomendações feitas por alguns dirigentes de trabalho em algumas casas espíritas, ressaltam entre outras as seguintes indagações:
a) É necessário fechar os olhos na hora da prece?
b) É importante descruzar braços e pernas, ao receber o passe, em participando de uma sessão mediúnica, ou em qualquer outro tipo de reunião espírita?
c)Para recebermos os benefícios do passe, devemos colocar as mãos espalmadas para cima sobre os joelhos?
d) Ir ao centro espírita de roupa branca facilita a captação das energias positivas que vamos buscar e, ao contrário, vestindo roupa preta estamos dificultando a recepção dessas energias e até podemos atrair obsessores?

       R. Geralmente respondo com minhas próprias palavras, embora dentro dos princípios que realmente aprendi ao longo de minha caminhada pela Doutrina Espírita, que vem me esclarecendo deste que ainda era um menino, nunca deixando de considerar-me um aprendiz, como até hoje sou.
No entanto, diferentemente dos demais textos que até agora publiquei, as respostas a estes questionamentos foram extraídas, quase integralmente, da revista VISÃO ESPÍRITA - ANO 1, nº 7, outubro/1998 - coluna "Equívocos Espíritas" - SEDA Editora.

       Pela ordem:
a) Ninguém é obrigado a fechar os olhos para orar. Há dirigentes de determinadas Casas que costumam andar entre o público, patrulhando, para ver se na hora da prece tem alguém de olhos abertos. Quando encontram, chamam a atenção e praticamente determinam o fechamento imediato. Se questionados, alegam que a prece de olhos abertos não faz efeito.
Equívoco. A orientação de fechar os olhos é uma sugestão apenas, para evitar que as pessoas desviem o olhar para alguma coisa, ou outra pessoa, o que poderá dispersar o pensamento e, consequentemente, a sintonia necessária. Caso você consiga sintonizar-se com o Alto mesmo com os olhos abertos, não há nada contra.
Nota minha: Aliás, quando você vê na rua alguém em apuros e não pode ajudar com sua ação física, experimente orar por essa pessoa. Mesmo andando. Nesse caso, por favor, não vá fechar os olhos para não tropeçar e cair. Ore de olhos abertos e ajude-a dessa forma, se não há outro jeito.

b) Em algumas casas, os dirigentes determinam que as pessoas descruzem os braços, ou as pernas, quando da participação em reuniões espíritas. Alegam que com braços e pernas cruzados não haverá condições de receber qualquer ajuda espiritual, ficando-se sujeito até a receber influências negativas. A orientação e as vibrações (energias salutares e harmonizadoras, tais como as do passe) não chegam a ninguém pelos braços ou pelas pernas. Nenhum Espírito bom vai dar qualquer importância ao fato de a pessoa estar ou não com braços ou pernas cruzados.

c) Alguns dirigentes orientam para que as pessoas se coloquem na cadeira com as mão voltadas para cima, a fim de receberem o passe, caso contrário não receberão os benefícios. Outro equívoco. Os fluidos energéticos transmitidos através do passe não "penetram" nas pessoas através das palmas das mãos do receptor. São eles transmitidos pela imposição das mãos do aplicador, assim como Jesus fez sobre os doentes (exemplo seguido imediatamente pelos seus discípulos-apóstolos, e que o são também pelos passistas). Em vez de se preocuparem com a posição das mãos, as pessoas que recebem o passe devem cuidar de elevarem o pensamento para o bem.

d) O que atrai obsessores são as mentes poluídas, os maus pensamentos, o mau humor, o pessimismo e a maldade que ainda existe no coração de muita gente.
Assim como a roupa branca não proporciona qualquer benefício a quem quer que seja (a não ser o conforto de vestir-se assim, se for do seu gosto pessoal), a roupa preta também não faz nenhum mal a ninguém. Você pode ir ao Centro Espírita de preto, de roxo, de marrom, da cor que quiser, sem problema algum.
Nota: Não é o que você apresenta por fora, o invólucro de tecido que esteja usando, mas o que carrega por dentro, seus sentimentos, suas intenções, que têm ou deixam de ter algum valor, ante os Espíritos perscrutadores, bons e maus.

       Espero que estes equívocos, se praticados no Centro que você frequenta, sejam desfeitos. Se possível, questione, interfira. Se nada puder fazer para mudar hábitos antigos e arraigados dos dirigentes da Casa, pelo menos sinta-se esclarecido e liberto, ou seja, não se escravize mais a orientações que não estão em nenhuma das obras básicas e principais subsidiárias da Doutrina, que não prega nem recomenda nada dessas coisas, que bem caberiam às religiões dogmáticas e ritualísticas, que não é o caso do Espiritismo. ///

sábado, 9 de fevereiro de 2013

15. COMERCIALIZAÇÃO DA FÉ

     P. Como os espíritas encaram a multiplicação e o crescimento acelerado das igrejas modernas, cujos milhões de adeptos parecem estar muito felizes e certos de haverem encontrado por meio delas o "Deus Verdadeiro", que faz grandes milagres, conforme testemunham publicamente em todos os meios de comunicação ao seu alcance? Não acham os espíritas que o Espiritismo está, cada vez mais, perdendo espaço para essas igrejas, já que até alguns ex-espíritas têm migrado para elas, segundo eles mesmos o têm declarado em seus depoimentos?

      R. Os fortes e contínuos apelos, via mídia, a um consumismo desenfreado, aliados à competitividade que se acirra a cada dia, como forma absolutamente necessária de se alcançar o sucesso por toda gente desejado, levam muitos a buscarem na fé a força que lhes falta dada a insuficiente capacitação própria.
Por outro lado, há, no seio das sociedades modernas, uma gama de enfermidades físicas e psíquicas de difícil tratamento, às vezes até de difícil diagnóstico, seja porque uma consulta médica especializada e os exames necessários, bem como os medicamentos e cirurgias específicos, custem muito dinheiro, seja porque o atendimento dado pelo órgão de saúde pública, estendido à população de menor renda, é demorado e precário, o que leva muita gente a recorrer aos meios alternativos, entre os quais se destaca o exercício da fé curadora.
     De uma ou outra forma, ninguém mais há que duvide ou ignore das possibilidades de uma manipulação das energias cósmicas, das quais a nossa própria organização física é composta e precisa repor para o seu equilíbrio funcional, mesmo sem se ter grandes conhecimentos sobre o processo em si, como isso se dá, afinal.
     Mas, vai daí, que, segundo o Espiritismo, não há nenhum milagre à vista, a não ser, no primeiro caso, um positivo auto-sugestionamento, capaz de liberar forças interiores, com que realizamos em nós mesmos transformações capazes de nos colocar noutro patamar de ideias e ações. No segundo caso, consciente ou inconscientemente, nós mesmos, ou pessoas mais habilitadas que nós, fazemos uma movimentação dessas energias voláteis que nos circundam o tempo todo.
     Em grande escala, não tenhamos dúvidas, somos ajudados por Espíritos amigos, dedicados ao bem da humanidade e que bem conhecem a natureza dessas energias, para nós completamente invisíveis, não para eles, que estão noutra dimensão. Também são eles que muitas vezes nos inspiram boas ideias, que captamos com maior facilidade quando nos sintonizamos vibratoriamente com as suas emanações mentais elevadas, o que fazemos através da fé e dos bons sentimentos, mormente quando nos dedicamos à oração, ou à meditação.
     Sem dar maiores explicações, porquanto ainda não havia como materializá-los convenientemente, Jesus indicou-nos esse recurso natural, dizendo que com ele tudo poderíamos fazer. A palavra é pequenina, mas os resultados da FÉ podem ser grandiosos, embora não o compreendamos direito, mesmo agora, passados mais de dois mil anos de Suas demonstrações do seu poder e eficácia.
    A questão a ser discutida no momento é a comercialização descarada da fé, promovida por algumas organizações autonomeadas cristãs, que na verdade visam lucrar e crescer em poder e glória terrenos com os resultados dos "milagres" anunciados, ao exigirem dos pobres crentes mais e mais "sacrifícios" em suas finanças, nomeadamente para a funcionalidade daquilo que chamam "divulgar a Palavra de Deus".
    Os Espíritos orientadores da nova Revelação, embora não interfiram no nosso livre-arbítrio, deploram o uso da religião, ou seja, do dito sagrado, da dita Palavra de Deus, dos dons espirituais, da fé, afinal, para enriquecimento pessoal ou corporativo. Recomendam, exemplificando o próprio Mestre, "dar-se de graça o que de graça se haja recebido", no caso esse poder de manipulação de energias, via oração e imposição de mãos, com a tal certeza de que "tudo é possível ao que tem fé", tal como determina a ética do Cristianismo em suas verdadeiras fontes. Isto inclui não se prestar a nenhum tipo de camuflagem, atrás da qual se escondam inconfessáveis quão extravagantes intenções.
     Eis por que o Espiritismo não faz questão de quantidade, preferindo, e até exigindo de seus membros ativos o máximo em qualidade, o que abrange a sinceridade, a honestidade, a dedicação e o desprendimento.
     Só quem não entendeu isto, ou achou difícil demais seguir tais preceitos, é que se bandeou para outros segmentos, em busca da satisfação imediata aos seus anseios materialistas de sucesso e prosperidade, ou seja, das glórias terrenas, temporais, passageiras.
    O espírita consciente, independente das suas conquistas no campo profissional e dos bens terrenos adquiridos à custa unicamente do trabalho digno, busca em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, certo de que tudo mais lhe será acrescentado pela misericórdia e pela Providência divinas, segundo os seus próprios merecimentos e reais necessidades, perante o caráter evolutivo da sua existência na Terra.
     Nada de "sacrifício", a não ser o do orgulho e do egoísmo, pois cabe a cada um de nós a decisão de servir a "Este" ou a "Aquele" Senhor. E servir a Deus é, principalmente, servir ao próximo, como está escrito. Somos, pois, livres para pensar, decidir e agir. Todas as consequências correm por conta de nossas decisões e atitudes. Pensemos nisto. ///

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

14. REFLEXÕES SOBRE MORTES COLETIVAS

     P. Observando os recentes eventos de fogo numa boate de Santa Maria-RS, queda e explosão de um avião da TAM em São Paulo-SP, deslisamentos de morro em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre outros, além dos terremotos e tsunames em outros países do mundo, em que se contaram dezenas, centenas e até milhares de mortos em cada um deles, a pergunta aos espíritas é a seguinte:
Qual a visão espírita sobre a ocorrência de uma catástrofe natural ou desastre em que tantas vidas são ceifadas de uma só vez ou numa sucessão de eventos fatídicos? O que isto representa, em relação à justiça divina e aos destinos dessas almas?

     R. Para os crentes de muitas religiões, dessas que desenham a morte como um castigo promulgado por Deus para a raça humana, por conta do crime de desobediência cometido no longínquo Éden por Eva e Adão, nossos pais carnais, as grandes tragédias que se abatem sobre comunidades e grupos fazendo números assombrosos de vítimas fatais e deixando rastros de destruição e sofrimento, só podem ser, de duas hipóteses, uma: ou é obra do terrível Inimigo de Deus, o Diabo; ou é desígnio do próprio Deus, demonstrando sua ira pelos nossos pecados coletivos.
     Há também os que atribuem esses fatos calamitosos a um chamamento de atenção enviado por Deus, a fim de que vejamos que Ele não está para brincadeiras, e que urge nos voltemos a Ele, com vistas à nossa salvação, uma vez que na atual conjuntura o mundo está visivelmente perdido.
   O mais intrigante é que nesses episódios avassaladores, incluindo-se os desastres provocados pela negligência, imperícia, imprudência ou simples falha humana, de uma única pessoa ou pequeno grupo, muitos inocentes acabam pagando com a vida ou com ferimentos de profunda gravidade, quer se tratem de pessoas descrentes ou crentes, de mau ou bom caráter, entre adultos, jovens, velhos e criancinhas, não obstante, igualmente, suas condições sócio-econômicas e os motivos pelos quais estavam no local e na hora do acontecimento.
     Analise-se friamente cada caso, entre as vítimas fatais e as sobreviventes, e destas últimas a gravidade ou leveza dos ferimentos sofridos, como até mesmo a ausência completa de qualquer lesão física, e constatar-se-ão injustificáveis paradoxos, porquanto alguns que menos mereciam estão entre os mais atingidos e vice-versa..
     Para os espíritas, conquanto não deixem de ficar abalados e se comover com os sofrimentos próprios, de seus familiares mais próximos, amigos ou apenas seus semelhantes, mesmo desconhecidos, a explicação desses fatos é bem simples e calcada na lógica da Justiça e do Amor divinos.
    Em nossas diversas andanças pela terra (reencarnações), muitos atos cometemos dignos de serem reparados oportunamente, seja pela própria experimentação da dor, seja pela consternação de vermos nossos amados em situação de graves sofrimentos, seja, ainda, pela brusca separação daqueles que mais nos são caros.
    Nada acontece por acaso. Quando soa a hora dos nossos ajustes de conta com a Lei Maior, somos atraídos para o lugar em que deveremos estar, a fim de passarmos pela prova que realmente temos que passar.
    Isto, deixemos bem claro, não exime de culpa os responsáveis pela má gestão da segurança alheia, mormente quando se trate de uma negligência movida pela ganância, ainda mais quando tal procedimento redunde em ocorrência de proporções devastadoras, tendo por consequência a desolação de uma comunidade inteira.
     O que consola, na visão do Espiritismo, é que muitas almas passam apenas por um momentâneo e breve estado de desespero, ante a iminência do fato, sendo, no segundo imediato ao desfalecimento de seus corpos físicos, amparadas e recolhidas pelos Espíritos protetores, que as conduzem em seus braços amorosos para longe do triste espetáculo, ainda adormecidas e inconscientes. Levadas para hospitais existentes no Plano Espiritual, na outra dimensão do nosso mundo, são elas tratadas, em relação aos seus perispíritos (corpos espirituais, ou corpos sutis, astrais) eventualmente danificados, como também em relação ao seu emocional, se efetivamente atingido. Mais tarde receberão os esclarecimentos necessários, quanto às razões da experiência por que tiveram de passar, assim como da nova situação em que se encontram como espíritos eternos, fora do habitat físico e do mundo material.
    Certamente, cada pessoa (Espírito) responderá de uma forma diferenciada, conformando-se ou não, despertando do período natural de inconsciência imediata ou mediatamente, entendendo de pronto ou retardando-se na incompreensão dos últimos acontecimentos de sua vida na matéria, brusca e inesperadamente interrompida.
     Esses eventos coletivos servem também para que as sociedades humanas progridam, tanto nos campos científico e tecnológico, como realmente costuma acontecer, quanto no campo dos sentimentos, convocando-as ao exercício da solidariedade, da compaixão e da fraternidade.
     Tudo, portanto, tem uma razão de ser, embora, às vezes, seja o livre-arbítrio do próprio homem, usado de forma indevida, o causador de situações dramáticas a envolverem o seu próximo, por cujo infortúnio terá certamente que responder. ///

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

13. A TRINDADE E O ESPÍRITO SANTO

     P. Os espíritas não aceitam a Trindade Divina, ou Santíssima Trindade, isto é, a tríplice personalização de Deus, como Deus-Pai (Jeová), Deus-Filho (Jesus) e Deus-Espírito Santo. Tendo se já uma ideia mais ou menos clara do que diz o Espiritismo sobre Deus e Jesus, resta ainda perguntar: Qual a visão espírita acerca dessa terceira pessoa da Divindade?

     R. As religiões mais antigas do mundo já admitiam a existência de uma trindade divina, que reinava sobre os homens. Se analisarmos as palavras de Jesus, declarando-se o Enviado de Deus e logo mais prometendo enviar outro Consolador em seu lugar, o Espírito da Verdade, temos aí notadamente uma trindade, tomada a palavra no seu sentido literal: um grupo de três pessoas.
     Pouco se teria para discutir se a cristandade não houvera condensado essas três pessoas (distintas entre si) numa só, que, a um só tempo, é a Que envia e as Que são enviadas.Um mágico desdobramento é o que se pretende então aconteça, ao defender-se essa tese. Deus esteve na terra, visível aos olhos humanos, enquanto permanecia no Céu dando ordens para Si mesmo, às quais obedecia sem reclamações. Aliás, segundo as narrativas evangélicas, chegou Ele, sim, uma vez, a pedir para Si Mesmo (Que estava no Céu) para que, se fosse possível, afastasse de Si (Que estava na terra) o cálice amargo que deveria sorver, segundo a missão que Lhe fora dada por Ele mesmo em prol da humanidade. Mas, não deixou de frisar que a Sua Vontade é que deveria prevalecer, não a sua. Difícil assim, não?
     Mas, passemos adiante: Personificado em Jesus, Deus promete outro Consolador, que viria em Seu nome, o Espírito da Verdade, que haveria de relembrar o que Ele mesmo (Jesus) houvera dito e ensinar "todas as coisas" que não pudera dizer porque os seus ouvintes de então não estavam preparados para ouvi-las e entendê-las. Não nos parece que esse "outro" Consolador seria o próprio Cristo ou o próprio Deus, mas, com muito mais lógica, outro Enviado, com a missão de dar continuidade e aperfeiçoamento à Doutrina que Ele, Jesus, pregara.
     Para atender a tradição das outras religiões de então, o Primeiro Concílio de Constantinopla, convocado por Teodósio (um imperador e não um Papa), instituiu no Cristianismo a Trindade Divina. Isso aconteceu no pontificado do Papa Dâmaso, e foi São Jerônimo quem fez algumas alterações nas Escrituras Sagradas: onde antes existia somente a palavra "espírito", foi acrescentada a palavra "santo" e ficou "espírito santo".         Assim é que durante 380 anos o Cristianismo existiu muito bem sem ter trindade (Revista Visão Espírita - ano 3 - número 25 - dezembro/2000). Isto posto, para impor o devido respeito à terceira pessoa dessa "Santíssima Trindade", cometeu-se a gafe de colocar na boca do próprio Cristo as seguintes palavras, incoerentes, por sinal:   "se alguém proferir alguma blasfêmia contra o Filho do homem (Que era Ele mesmo) ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir" (Mateus 12: 32).
    Veja bem: Deus, enquanto na pessoa de Jesus, aceita compreensivamente, tolerantemente, qualquer ofensa a Ele dirigida pelos homens. Porém, o mesmo Deus, enquanto personificado como Espírito Santo, não releva as ofensas humanas, nem agora e nem nunca, para a eternidade.
     Agora veja o leitor se consegue "entrar no espírito da coisa": No Espiritismo se esclarece que o Espírito da Verdade, ou, o outro Consolador, a que Jesus se refere e promete enviar em Seu nome, se o Pai Lho permitir, está, como sempre esteve, consolidado na palavra e nas ações da plêiade de Espíritos de luz, que logo mais iria começar a se manifestar aos homens, através dos incontáveis profetas (médiuns), dos quais os apóstolos foram simplesmente os primeiros.
     O Espírito, ou seja, esse Corpo de Espíritos instrutores e verdadeiramente consoladores ficaria, como de fato está, para sempre conosco, ensinando-nos, gradativamente, acerca de tudo o que nos é necessário saber para a nossa evolução e conforme a nossa evolução.
Quer saber mais? Leia, pergunte, pesquise. Os livros espíritas estão aí, à disposição de quem os quiser abrir. E não faltarão espíritas dedicados para responderem aos questionamentos dos que os procurem para de fato se esclarecerem. ///

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

12. SOBRE A DIVINDADE DE JESUS

      P. Creem os espíritas que Jesus seja apenas um espírito muito evoluído, cujo grau de sabedoria e poder eles mesmos alcançarão um dia? Negam, então, a origem divina de Cristo e a Sua unicidade espiritual, isto é, Sua identidade única com Deus-Pai?

     R. Segundo a orientação dos Espíritos, Jesus é o Governador natural do planeta Terra, tendo Ele mesmo presidido a formação deste orbe e a sua conformação para receber e abrigar a humanidade que deveria habitá-lo e nele progredir.
    Para os espíritas não há dúvida alguma de que o Espírito Jesus, o Cristo (o Enviado de Deus), seja muitíssimo mais evoluído que qualquer outro, dentre todos os habitantes terrestres.
     Vamos fazer uma comparação:
    Quando entramos a trabalhar em uma grande empresa multinacional, não temos a menor pretensão de um dia dialogarmos frente a frente com o seu diretor-presidente, ao qual conhecemos apenas de nome e por fotos, quando assim o conhecemos. Não racionalizamos sequer que ele um dia possa ter sido aquele menino peralta, depois um simples estudante da escola primária, que tenha tido dificuldades durante a aprendizagem das primeiras letras e números, que mais tarde tenha sido um empregado comum de alguma empresa menos importante no mercado do que a que agora dirige e que haja ralado muito para chegar até onde chegou. De repente, ei-lo à nossa frente, do alto do seu mandato internacional, a dirigir-nos a palavra. A nossa voz some, ficamos trêmulos e inseguros por alguns momentos, ante o seu conhecimento e a sua magnitude, considerando-se a nossa posição humilde e as nossas limitações dentro do contexto dessa grande empresa.
Para nós, o que ele disser é como se sempre tenha sido do seu domínio, que nunca ele houvera aprendido com mais ninguém; ou seja, é como se ele já nascera sabendo, de si mesmo. No entanto, sua biografia nos dirá que ele também foi um simples aprendiz, que cometeu erros, que teve de se esforçar para entender o que lhe ensinavam, e "se ralar à bessa" para hoje ser o presidente de uma empresa tão importante e mundialmente famosa, a que milhares de funcionários, em diversas categorias, inclusive de altos comandos, estão subordinados.
     Assim mesmo se dá com os espíritos, mais e menos iluminados, que já habitam o Universo há milhares de milênios,e nele vêm evoluindo, até que cheguem, cada um de per si, a um grau de elevação moral e intelectual (ou científico) tal qual o alcançado por Jesus-Espírito.
     Basicamente desta forma é que o Espiritismo explica a grandeza inegável e incalculável de Jesus, o Guia e modelo da Humanidade terrena, ainda bem pouco evoluída perante as sociedades de muitos outros planetas espalhados pelo Universo. Isto em nada diminui a Sua personalidade, conquanto não a equipare à do Criador, Este sim, Único, soberano, absoluto e imponderável.
    Com isto, fica afastada do Espiritismo a hipótese de que Jesus seja o próprio Deus encarnado como homem, hipótese esta defendida "a unhas e dentes" pela maioria das organizações religiosas cristãs, que dela fazem Artigo de Fé e pregam como dogma inconteste.
    Dentre as poucas exceções estão as Testemunhas de Jeová, que só não concordam totalmente com o Espiritismo porque acreditam ter sido Jesus gerado perfeito, como Primogênito, ou Unigênito de Deus. Nesta crença se exclui a evolutividade, defendida pelo Espiritismo, em que a destinação de cada alma, criada simples e sem nenhum conhecimento, é, sim, a da perfeição crística.
    Durante a sua trajetória evolutiva irá sempre assumindo mais e mais complexas responsabilidades na obra de co-criação com Deus, porquanto nenhuma probabilidade pode ser vislumbrada de que venha a ocorrer um ponto final relativo às transformações material e energética do Universo, no Espaço-Tempo, dada a sua eternidade em ambas as dimensões.
    Assim sendo, todos os Espíritos são passíveis de progresso, o que se dá através de muitas reencarnações na Terra e em outros mundos, assim como através de suas experiências fora da materialidade desses mundos, na chamada esfera espiritual, ou invisível, também denominada de Erraticidade. ///