quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

20. SITUAÇÃO DO ESPÍRITO ANTE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

       P. Como se sabe, para os espíritas a morte é apenas uma mudança de dimensão da vida. O espírito continua vivo e leva consigo o corpo extra-físico, constituído de matéria sutil, chamado corpo astral, etéreo ou perispírito. Este possui todas as características do corpo físico, sendo, porém, bem menos denso, o que o torna invisível aos nossos olhos. Os Espíritos instrutores o definem como em tudo semelhante ao outro e dizem que nele é que se conservam as impressões que levamos conosco ao desencarnarmos. Por exemplo: uma doença, a perda de um membro, a corrosão orgânica devida a um vício, etc. Eis por que alguns espíritas interrogam: No caso de doação de órgãos, ficará o perispírito privado dos órgãos retirados de sua cópia carnal? Ressentir-se-á o espírito da sua falta na nova situação em que se encontra?

      R. Segundo orientações dos Espíritos, a organização perispiritual nem sempre tem desligados os laços fluídicos que o prenderam à indumentária física durante a experiência terrena, imediatamente após o desfalecimento desta última. Mas o simples ato voluntário de doação de órgãos, isto é, a intenção sincera manifestada em vida por parte do doador, já demonstra o desapego da alma aos seus despojos, o que lhe confere, ao fazer a passagem para o outro plano existencial, um desprendimento natural e fácil. Além disso, outorga-lhe o merecimento de nada sentir, durante a operação cirúrgica para a extração dos órgãos reaproveitáveis, uma vez que contará com a assistência espiritual a que talvez não fizesse jus caso se mantivesse em atitude pensadamente egoística, desejando reter no seu corpo inerte tudo aquilo que não lhe serviria mais para nada, recusando-se a compartilhar de si para com seus semelhantes que aqui ficaram.
    Movido por um sentimento de amor ao próximo, a caridade por excelência, promove, com sua disposição de ajudar e seu ato efetivo, uma melhor qualidade de vida a alguém, a quem beneficiará com os bens terrenos que já não podem mais interessar-lhe, por motivo óbvio.
      O medo de passar por sofrimentos, ao ver seu corpo sendo recortado para a retirada desses órgãos, não deve ser maior do que o de apreciar o banquete dos vermes (micro-organismos), que logo o estarão devorando, conforme é natural que aconteça a qualquer cadáver, por mais requintada seja a urna em que esteja depositado quando de seu sepultamento.
    A cremação seria a outra opção, o que não muda o quadro de dor, se formos levar em conta o despreparo de algumas almas para a transição da morte, em que se obriga a deixar a matéria, para seguir uma nova jornada fora dela.
    Mesmo em casos de doação não espontânea , em que a decisão de fazê-la foi da família e não do próprio desencarnante, já há relatos de Espíritos testemunhando os benefícios recebidos após tal operação, seja pelo conforto advindo dos Benfeitores do Além, que os ampararam e utilizaram técnicas especiais de anestesiamento para que não sentissem nenhuma impressão dolorosa, seja pelas vibrações de gratidão recebidas daqueles a quem os órgãos doados proporcionaram novas chances de vida, ou de qualidade de vida. O que pertence à terra ficará na terra, de um jeito ou de outro. O que levamos conosco é o tesouro moral e sentimental que houvermos acumulado em nossas experiências em a sociedade humana. Melhor ainda quando sejam tesouros de amor, fraternidade e solidariedade, amealhados pelo exercício contínuo junto daqueles com quem tivemos o ensejo de conviver.
     Uma vez estejamos conscientes de que não somos um corpo temporário que possui uma alma eterna, mas somos uma alma eterna que está de posse temporária de um corpo, teremos muito mais facilidade de nos desapegarmos desse corpo quando a hora for chegada.
      É como se aqui fosse um lugar sempre bastante gelado, em que tivéssemos de usar vestes especiais para enfrentarmos a baixa temperatura constante do ambiente. Ao viajarmos definitivamente para outro lugar que soubéramos mais quente, e havendo espaço limitado para as coisas que levaremos na nossa bagagem, todas as peças que não nos irão fazer falta poderão ser jogadas fora, simplesmente, ou, se o quisermos, ser doadas a outros, que as aproveitarão contra o frio permanecente no lugar de onde partimos.
    Há, por fim, relatos de pessoas (Espíritos) que perderam partes do corpo em acidentes, ou por amputação necessária, e, ao recobrarem a lucidez no Plano Espiritual, estavam com seu perispírito íntegro, dada a ação restauradora  dos cirurgiões de Jesus, que permanecem sempre em atividade nos hospitais do Mundo Invisível.
     Reflexionemos sobre isto e não tenhamos mais nenhum receio ou dúvida quanto a nos declararmos potenciais doadores. E, para evitarmos constrangimentos aos nossos familiares queridos, deixemos a nossa vontade claramente expressa, por escrito: EU SOU DOADOR DE ÓRGÃOS. Assinado: "Fulano de Tal" (Telefone para contato: >>><<<). Com certeza, seremos abençoados com esta possibilidade de ajudar o nosso próximo. ///

Nenhum comentário:

Postar um comentário