terça-feira, 23 de julho de 2013

60. ESQUECIMENTO DAS VIDAS PASSADAS

     P. Como querem que eu acredite nessa teoria da reencarnação e nessa história de resgate de dívidas de uma vida anterior, se não guardo a mínima lembrança de ter vivido noutro corpo, nem noutro tempo, ou feito outras coisas, antes de nascer na vida presente? Não me recordo de nenhuma pessoa com quem tenha dividido outras experiências, nem de supostas situações e ações que me possam haver constrangido aos padecimentos e dificuldades atuais. Como, pois, aceitar que sou o mesmo de outrora, sofrendo agora por algo que não faço a menor ideia de ter feito num suposto passado? Por que não lembro de quem me fez algum mal ou de a quem eu possa ter prejudicado nessa época? Não seria injusto estar pagando por erros que sequer suponho haver cometido e dos quais não possuo o menor indício em minha memória?

     R. "Pequeno grupo de Espíritos tecia comentários em torno dos projetos idealizados para as atividades futuras. Alguns se revelavam inquietos, taciturnos; outros deixavam transparecer nos olhares enorme desalento.
     - Agora [dizia um que evidenciava posição de relevo] temos que renovar ideias, imprimir novo impulso, arregimentar toda força possível para as lutas que se aproximam. A Providência misericordiosa do Todo-Poderoso nos concede a oportunidade de novas experiências na Terra. Meditemos ainda nas nossas quedas dolorosas no redemoinho das paixões do mundo e firmemo-nos nos santos propósitos que nos têm animado até aqui par o triunfo nesta nova jornada.
     - O que mais me impressiona [proclamava outro companheiro] é o fantasma do esquecimento que nos obscurece o espírito, enquanto representamos novo papel no palco do concerto terreno, a que somos remetidos. Aqui, arquitetamos planos de esforços sinceros, dedicação, perseverança, preciosas intenções de mudança; mas, chegando o momento de executar a tarefa, revelamos as mesmas fraquezas do passado, incidimos nas mesmas faltas que nos compeliram aos desfiladeiros do crime e das consequentes reparações acerbas, a que já nos submetemos repetidas vezes. Confesso que me angustia e atemoriza o simples pensamento de que perderei novamente a memória, ficando praticamente inconsciente do meu próprio patrimônio espiritual, à mercê de novas conformações com o meio, nova formação de personalidade e novos percalços, que podem redundar em novas quedas.
     - Mas onde estaria o mérito [explica outro amigo presente ao encontro], se o Criador não nos felicitasse com esse esquecimento temporário? Quem poderia lograr o êxito desejável, defrontando velhos inimigos, ou sendo identificado por eles, embora em situação completamente diversa? Como converter-se à humildade, ante as reminiscências ativas do orgulho? Poderia um pai beijar um filho e amá-lo, sentindo nele a presença de um inimigo mortal de outra era? Conseguiria o jovem apaixonado, logo que as primeiras emoções se acalmassem, a força precisa para santificar, pelos elos conjugais, a mulher que ele mesmo houvesse precipitado, noutros tempos, em aventuras infames, induzindo-a ao meretrício; ou que o houvera desonrado, em certa ocasião, levando-o a praticar, quem sabe, duplo homicídio, à conta de lavagem da própria honra? Acaso não percebes, querido amigo, no olvido terrestre, uma das mais poderosas manifestações da bondade divina para com suas criaturas imperfeitas e transviadas?"
     Eis aqui pequeno trecho do primeiro capítulo do romance ditado pelo Espírito Emmanuel ao médium Francisco Cândido Xavier, sob o título "RENÚNCIA", editado pela FEB em 1942, com algumas adaptações feitas pelo autor deste blog, sem prejuízo de sua essência. Este texto, por si só, responde às questões acima pautadas, dispensando comentários adicionais, dada a sua clareza e objetividade, em forma de comovedora confabulação entre amigos na Espiritualidade.
     Não obstante, para quem queira ir mais fundo, todo o primeiro capítulo deste belíssimo romance esclarece nuances dos preparativos e das dúvidas que envolvem os candidatos ao retorno à vida física do nosso bendito orbe, que se faz escola e oficina de trabalho e aperfeiçoamento para todos.
     A história completa, então, é um manancial de ensinamentos e informações, capazes de mudar por completo a nossa maneira de ver e entender a vida, sob o prisma da multiplicidade de oportunidades, a nós concedidas, para a nossa franca evolução. Leia-o e, com certeza, nele encontrará todas as repostas cabíveis a todos os questionamentos prováveis sobre o assunto aqui proposto. ///
   

   

domingo, 21 de julho de 2013

59. HOMOSSEXUALIDADE E SEXOLATRIA

     P. O Espiritismo condena ou apoia a homossexualidade e o tão amplamente debatido "casamento gay"?

     R. O Espiritismo, através de seus inúmeros escritores, daqui e do Além, tem saído sempre em defesa da dignidade e do respeito devidos àqueles cuja manifestação sexual se dê espontaneamente para com pessoas do seu mesmo sexo, a saber, os chamados homossexuais.
     Admitindo-se a experiência corpórea, terrena, como apenas mais um ciclo de aprendizado dinâmico da alma humana, que é um ser eterno, de caráter evolutivo e, portanto, perfectível, conforme o define o Espiritismo, evocando a lei da reencarnação em apoio à Lei de Causa e Efeito e demais leis naturais do Universo, novas luzes se fazem sobre a problemática que envolve milhões de homens e mulheres que se encontram exatamente nessa situação tão delicada, no mundo inteiro.
     É preciso que se entenda, primeiro, que a homossexualidade não se trata de uma simples opção, uma escolha, uma preferência pessoal. Trata-se, antes, de uma necessidade fisiorgânica e mental, que, na maioria das vezes, pega de surpresa o próprio indivíduo, ainda na fase da inocência infantil, ou na difícil transição da pré-adolescência.
     O Espiritismo, traduzindo o pensamento geral dos Espíritos Superiores, que acompanham e orientam a humanidade em seus esforços de progresso, não julga, muito menos condena a quem quer que seja, pelo que quer que faça de sua própria existência, uma vez que a cada um de nós foi concedido, pelo próprio Criador, o livre-arbítrio. Além disso, são eles mesmos que ensinam que a nossa evolução se dá por experiências diversificadas e pelo tempo que cada um necessite, de per si, para avançar um passo, ou galgar um degrau a mais, nesta caminhada, ou escalada infinita do aperfeiçoamento espiritual.
     A homossexualidade é, portanto, uma das muitas condições naturais a que os seres humanos ainda se acham submetidos, na escola da vida terrena, tidas como excepcionais, e que, pela ignorância dos homens acerca de leis absolutas e imutáveis, tem suscitado, em alguns meios sociais, o preconceito e a intolerância.
     Em relação ao casamento entre homossexuais, por ainda não ter lido nada oficial na literatura espírita, darei aqui apenas a minha opinião pessoal. Para mim, melhor seria que fosse denominado simplesmente como "união homo-afetiva", embora oficializada em cartório de registros cíveis, como um contrato social semelhante ao do casamento tradicional entre homem e mulher. Penso que a definição de casal cabe, de maneira mais adequada, a uma dupla composta de um macho e uma fêmea, tanto que é usada até para designar um par de irmãos de sexos diferentes, quando se diz, por exemplo: "um casal de filhos", ou "um casal de gêmeos".
     Na visão espírita, no entanto, uma união estável entre duas pessoas, sejam elas de sexos opostos ou iguais, desde que movida por sentimento profundo de afeto mútuo, é sempre mais positiva, justificável e louvável, até, do que qualquer prática sexual, mesmo em relacionamento hétero, quando a motivação se concentre meramente no âmbito da matéria, envolvendo as sensações da carne e/ou a busca, por meio dos prazeres libidinosos, de recursos financeiros, em que, às mais das vezes, a promiscuidade se faz presente, na mais completa ausência de critérios morais e de sentimentos elevados.
     A sexolatria, como qualquer outra forma de viciação a que se deixam arrastar muitos seres humanos, é, no mínimo, um lastimável desvio de conduta, que gerará para os seus praticantes consequências provavelmente nada agradáveis, dolorosas talvez, levando-se em conta a imortalidade do espírito e o seu retorno inevitável a este campo de provas e expiações, que é o mundo físico do nosso planeta.
     Para o leitor que queira aprofundar-se no estudo deste empolgante tema, recomendo os seguintes sites e blogs:
www.espirito.org.br  -  www.rcespiritismo.org.br  -  www.blogdolivroespirita.com  -
grupoallankardec.blogspot.com.br  -  blogacimadenos.blogspot.com.br  -
Ou, simplesmente, busque por "espiritismo e homossexualidade", que terá acesso a estes e outros mais. ///

quinta-feira, 18 de julho de 2013

58. OBSESSÕES COLETIVAS

     P. O que se pode entender por obsessão coletiva e como se dá a ação dos prováveis espíritos obsessores sobre o grupo de pessoas obsediadas?

     R. Em meio às recentes manifestações populares, em que milhares de pessoas saíram às ruas, em quase todas as capitais, grandes e médias cidades brasileiras, fazendo reivindicações justas e de modo pacífico, grupos paralelos, compostos por jovens exaltados, promoviam deploráveis atos de vandalismo, investindo furiosamente contra o patrimônio público e diversas propriedades privadas, que, por infelicidade, estavam no caminho da turba enlouquecida.
     Passados aqueles longos e tumultuados dias,, quando já nem se ouvia mais falar em tais acontecimentos, eis que ligo a televisão em um programa matinal, neste dia 18 de julho de 2013, e me deparo com cenas estarrecedoras, colhidas pela equipe de reportagem da emissora, na noite do dia anterior, na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente nos tradicionais bairros do Leblon e Ipanema. Um grupo enorme de jovens, com seus rostos encobertos, usando artefatos explosivos e pedras, além de placas de sinalização arrancadas da via pública, depois de enfrentar a polícia, que chegou a dispersá-los, promoveram uma destruição geral, investindo furiosamente contra estabelecimentos bancários e comerciais, destruindo também lixeiras, telefones públicos e abrigos de ônibus, entre outras coisas que encontraram pelo caminho. Vi, inclusive, com imenso pesar, uma loja de roupas completamente depredada e saqueada, nada restando de todo o patrimônio econômico do desventurado empresário, que dava emprego a cerca de duas dezenas de funcionários, conforme notícia complementar.
     Em dado momento, ainda na reportagem matinal, um cidadão que testemunhara a ação do grupo, ouvido pela reportagem, deu a seguinte informação: - "Eu perguntei a um rapaz por que eles estavam fazendo aquilo, e ele me respondeu que nem ele sabia o motivo; simplesmente eles estavam ali para quebrar tudo, destruir tudo, só isso".
     Lembrei-me, então, de um artigo que havia lido recentemente na Revista Cristã de Espiritismo, ano 13, número 115, assinado por Luiz Roberto Mattos, pesquisador e escritor espiritualista, sob o título "Novos Mecanismos da Obsessão", no qual fala de aparelhos astrais (tipo microchip) utilizados por organizações das trevas, com os quais exercem o domínio mental sobre pessoas e grupos, à distância, por controle remoto, tal qual nos filmes de ficção produzidos pelo cinema mundial.
     Pode parecer fantasia, diz o articulista, mas é algo muito sério e que deve ser considerado com muito respeito e cuidado. Tratava ele, ainda, do tema aqui abordado, "Obsessão Coletiva".
     Quando vemos, ante as lentes das câmeras de tevê, em reportagens deveras deprimentes, uma comunidade inteira à mercê dos efeitos degradantes de drogas pesadas, como o crack, de pessoas de todas as idades, à aparência de um bando de zumbis inconscientes, fica-nos ainda mais clara e lógica esta evidência. Ainda que esses efeitos sejam próprios das substâncias nocivas da própria droga, temos que cogitar das razões pelas quais tanta gente sucumbe à tentação de experimentá-la, mesmo conhecendo de antemão as consequências inevitáveis, uma vez que sobejam informações a respeito em todos os meios de comunicação.
     A mente humana, segundo a lei das afinidades, capta dos espíritos, bons ou maus, sugestões e ideias, que serão acatadas ou não, conforme as disposições morais de cada criatura, que geralmente as concebe como de sua própria autoria.
     Kardec, na questão 459 de O Livro dos Espíritos, pergunta aos mentores: "Os espíritos influem sobre os nossos pensamentos e ações?". E obteve a seguinte resposta: "A esse respeito, sua influência é maior do que pensais, porque, muito frequentemente, são eles que vos dirigem".
     Como geralmente constituímos grupos afins, compartilhando prazeres, aflições, dúvidas, esperanças e toda sorte de sentimentos e expectativas, também as influências espirituais podem ocorrer de modo simultâneo, múltiplo, ou seja, coletivamente, tanto para o bem como para o mal, conforme o grau de aceitação da maioria de seus integrantes.
     Ao meditarmos sobre o assunto, não olvidemos a recomendação evangélica: "Orai e Vigiai".
     Vigiar, sim, para não ceder às influências negativas; e orar, para atrair influências positivas. ///

57. VANTAGEM DE SER ESPÍRITA NO ALÉM-TÚMULO

     P. Em face de haver acolhido e praticado a Doutrina dos Espíritos, durante a jornada terrena, gozará o espírita de algum tipo de vantagem, junto à Espiritualidade, ao atravessar a fronteira da morte, de retorno à chamada Pátria dos Invisíveis, ou Além-túmulo? Serão os espíritas melhor recebidos pelos benfeitores de plantão, do que os profitentes de outras religiões, que, em geral, nem mesmo creem na existência desse mundo paralelo e da continuidade da vida, nos moldes apresentados pelo Espiritismo?

     R. Diferentemente de alguns segmentos cristãos, cujas doutrinas levam seus seguidores a se considerarem salvos, herdeiros da graça divina, justificados pela fé, pelo batismo e pelo sangue de Jesus derramado no Calvário, o Espiritismo não dá garantias a nenhum de seus adeptos de que já esteja apto a ser encaminhado diretamente a uma das colônias espirituais mais felizes, onde reine a mais perfeita harmonia e habitem os espíritos mais evoluídos do Universo, ou do Planeta.
     Ensina-nos a Doutrina que aqui estamos em tarefa de aprendizado incessante, a maioria de nós em expiação de faltas anteriores, de outras existências corpóreas, ou em provas, a fim de serem aquilatadas nossas reais aquisições morais, sempre no sentido de ganharmos novas experiências e aperfeiçoar-nos para conquistas mais amplas, como espíritos eternos que somos.
     Nenhum privilégio é concedido ao recém-desencarnado pelo fato de haver trilhado a senda do Espiritismo, se não tiver aproveitado essa maravilhosa oportunidade para seguir de fato, na prática, os ensinamentos do Cristo, tanto mais por havê-los conhecido com maior clareza, sem alegorias ou sentidos ocultos. A quem mais é dado, mais será pedido, alertam-nos os Espíritos.
     Uma única vantagem pode ser concebida ao desencarnante espírita: é a de estar de posse de informações importantes sobre a vida do outro lado da vida, que lhe poupará de surpresas inimagináveis a outros grupos de religiosos, a maioria deles convicta de encontrar um céu reluzente, com ruas de ouro, anjos aureolados e harpas magníficas em cânticos celestiais, e, ao final, de ver o Cristo, ou o próprio Deus, face a face.
     O espírita sabe muito bem que não vai virar santo de uma hora para outra, só porque morreu; que continuará na outra dimensão seu aprendizado e que ainda terá muito que trabalhar para subir um degrauzinho a mais na escala evolutiva; que sentirá saudades dos seus amados e que poderá reencontrar antigos afetos, se assim o merecer.
     Afora esta vantagem, deve ele estar bem consciente de sua maior responsabilidade perante as Leis universais, de que teve exuberantes notícias em seus estudos e leituras.
     Que o orgulho e a vaidade não lhe sirvam de empecilho nessa transição, porquanto muitos são os que pecam pelo excesso de confiança em seus próprios talentos, achando que muito fizeram, quando bem pouco produziram, ante os conhecimentos adquiridos através da Doutrina. Nunca esquecendo que o Mestre bem nos alertou, em uma de suas prédicas imortais: "Aquele que a si mesmo se exalta será humilhado, enquanto aquele que se humilha será exaltado".
     Portanto, tenhamos muito cuidado, os que nos consideramos grandes médiuns, exímios palestrantes, conferencistas, escritores, meritórios fundadores e presidentes de Casas Espíritas, de Federações, Uniões e entidades de ação social, etc. Nenhum desses status nos garante o carimbo no passaporte para as estâncias superiores das dimensões extra-físicas, pois, como já dizia o apóstolo, "a nossa fé, sem obras, é morta". E as obras, nesse caso, são as do desinteresse pelas glórias terrenas, em prol da caridade autêntica para com o próximo, como ensinou e exemplificou Jesus. ///

quarta-feira, 17 de julho de 2013

56. RESPONSABILIDADES DO PALESTRANTE ESPÍRITA

     P. Uma vez que a própria Doutrina Espírita nos exorta à prática da compreensão para com as fraquezas alheias, e certos de que muitos defeitos morais de pequena gravidade ainda fazem parte do estágio evolutivo em que nós, humanos, nos encontramos, qual deve ser nossa atitude diante de uma postura inadequada por parte de um trabalhador da seara, especialmente em se tratando de um palestrante, desses que dominam com maestria os temas evangélicos mais profundos, mas que agem em desacordo com o que pregam?

     R. De todos os trabalhadores da Casa Espírita é cobrada uma reforma íntima tão ampla quanto possível. A todos é dado saber, até pelos testemunhos de seus pares mais experientes, que o primeiro beneficiário de todo o esforço expedido na reforma moral individual será sempre o próprio guerreiro que lutou consigo mesmo na árdua batalha da auto-reeducação.
     Infelizmente, embora conscientes de suas imperfeições e conscientizados da necessidade de superá-las, muitos acabam mesmo cedendo aos atavismos de suas personalidades pregressas, preferindo deixar as principais modificações para mais tarde, até, se for o caso, para uma próxima reencarnação. Simples assim.
     Ocorre, no entanto, que o palestrante espírita é, e deve ser mesmo, muito mais cobrado do que qualquer outro companheiro da seara, já que está atuando na qualidade de ensinador da doutrina. Ora, como vai ensinar alguém a fazer o que ele mesmo não faz? Como irá ele recomendar aos outros uma determinada conduta ou postura que ele mesmo ainda não é capaz de colocar em prática, isto é, de exemplificá-la através dos próprios atos?
     A menos que o palestrante se atenha apenas às teorias científicas, abstendo-se de adentrar em questões filosóficas, já que estas passam obrigatoriamente pela moral e pela ética cristãs, ele terá, sim, que se policiar, para não ser policiado pelos seus próprios ouvintes, que não lhe hão de perdoar os deslizes, porquanto ao mestre é imputada a responsabilidade sobre o que ensina e exigido o domínio perfeito sobre a matéria por ele tratada e exposta. Mais do que em suas palavras bem postas, todos se ligarão em seus exemplos.
     Imagine alguém ensinando a compreensão e exemplificando a intolerância; exaltando a caridade e exibindo a indiferença; pregando o amor e protagonizando a maledicência; incentivando o perdão e recusando o pedido de reconciliação; falando da paz e promovendo a discórdia, entre outras contradições.
     É bem comum, por sinal, que o palestrante espírita seja vigiado e cobrado por seus próprios familiares: esposa, marido, filhos, etc.
     Quão gratificante, porém, é ouvirmos uma bela exposição doutrinária e constatarmos que o palestrante dá legitimidade aos ensinamentos transmitidos através da sua conduta pessoal, nas diversas situações do seu cotidiano. Aí, sim,  valoriza-se cada palavra dita e cada colocação sua, tanto mais pelas evidências de que tal palestrante, por sua sinceridade e honradez, atrai para junto de si Espíritos Benfeitores de elevada categoria evolutiva, que o inspiram e fazem dele um verdadeiro instrumento propagador da luz que vem do Alto, iluminando a todos os presentes, dada a clareza com que a mensagem é então transmitida. ///

terça-feira, 16 de julho de 2013

55. MÉDIUNS E MÉDIUNS ESPÍRITAS

    P. Poder-se-á afirmar que são médiuns todos os espíritas, ou que são espíritas todos os que se nomeiam médiuns?

     R. Há, em número expressivo, pessoas que adotam o Espiritismo como sua religião por simples convicção filosófica, não possuindo elas o que se convencionou chamar faculdade mediúnica ostensiva.
     Há, por outro lado, uma gama de pessoas dotadas de algum tipo específico de mediunidade, que, nem por isto, jamais ingressaram no Movimento Espírita, ou nele permaneceram após breve e superficial contato.
     Há médiuns que, por influência do meio em que vivem e das crenças que cultivam, sequer admitem ser classificados como tais.
     Há os que se permitem ou fazem questão de se identificar como médiuns, porém adotam outros princípios religiosos e comportamentos bem diversos dos preconizados pelo Espiritismo.
     Embora alguns desses médiuns se auto-nomeiem espíritas, é preciso distingui-los dos que verdadeiramente o são, o que é possível através de uma simples análise dos seus objetivos e meios utilizados ao praticarem a faculdade que lhes é característica.
     A mediunidade, comparativamente, é como qualquer vocação artística; já está inscrita no DNA da pessoa e é descoberta, em dado momento, por ela mesma ou por alguém que a tenha observado atentamente, identificando-a por analogia de efeitos ou por conhecimento de causa.
     Uma vez reconhecida a presença da capacidade medianímica, isto é, de prestar-se ao serviço de intercâmbio entre os mundos físico e espiritual, visível e invisível, dos homens e dos espíritos, para vir a classificar-se como médium espírita e sê-lo, autenticamente, é preciso que o indivíduo primeiro se aliste e passe a frequentar os cursos de educação mediúnica promovidos pelas Casas Espíritas sérias, através dos quais irá disciplinar essa condição inata, preparando-se para um futuro trabalho digno, bem orientado e espiritualmente produtivo, o que ocorrerá ao seu devido tempo.
     Médium espírita, pois, é aquele que se submete aos princípios morais e éticos receitados pela Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec, a qual se embasa absolutamente nos ensinamentos do grande Guia e Modelo da Humanidade, Jesus.
     Durante o seu aprendizado, que demanda tempo, dedicação e esforço, até que esteja realmente preparado para o exercício de sua faculdade específica, para fins exclusivos de caridade, face aos necessitados desse recurso, tanto encarnados quanto desencarnados, o médium será instado a modificar várias de suas disposições mentais e comportamentais, a despojar-se de vícios ou hábitos nocivos, a exercitar virtudes, tais como: paciência, perseverança, compreensão, solidariedade, fraternidade, respeito ao próximo, à natureza e aos animais, entre outras.
     Uma das mais lúcidas distinções possíveis entre médiuns e médiuns espíritas é a de que estes últimos sempre exercerão suas funções mediadoras gratuitamente e sem outro interesse que não o bem do próximo, usando de toda equidade e disciplina, seja qual for a modalidade de serviço em que atue.
     Quanto aos espíritas que não são médiuns, geralmente grandes estudiosos dos postulados da Doutrina e do Evangelho sob as suas luzes, não raramente atuam como fiscalizadores, apontando eventuais desvios de conduta daqueles cujas funções requerem total lisura e inteireza moral, tal qual prescrevem esses mesmos postulados.
     Aos médiuns espíritas, portanto, cabe responsabilidade muito grande, que jamais deverá ser ignorada ou sonegada, sob pena de se manchar o nome de uma das mais sérias Instituições filosófico-religiosas do Planeta, o Espiritismo, que a cada ano conquista muitos novos e sinceros adeptos, apenas pela sua visível superioridade moral. ///