quarta-feira, 17 de julho de 2013

56. RESPONSABILIDADES DO PALESTRANTE ESPÍRITA

     P. Uma vez que a própria Doutrina Espírita nos exorta à prática da compreensão para com as fraquezas alheias, e certos de que muitos defeitos morais de pequena gravidade ainda fazem parte do estágio evolutivo em que nós, humanos, nos encontramos, qual deve ser nossa atitude diante de uma postura inadequada por parte de um trabalhador da seara, especialmente em se tratando de um palestrante, desses que dominam com maestria os temas evangélicos mais profundos, mas que agem em desacordo com o que pregam?

     R. De todos os trabalhadores da Casa Espírita é cobrada uma reforma íntima tão ampla quanto possível. A todos é dado saber, até pelos testemunhos de seus pares mais experientes, que o primeiro beneficiário de todo o esforço expedido na reforma moral individual será sempre o próprio guerreiro que lutou consigo mesmo na árdua batalha da auto-reeducação.
     Infelizmente, embora conscientes de suas imperfeições e conscientizados da necessidade de superá-las, muitos acabam mesmo cedendo aos atavismos de suas personalidades pregressas, preferindo deixar as principais modificações para mais tarde, até, se for o caso, para uma próxima reencarnação. Simples assim.
     Ocorre, no entanto, que o palestrante espírita é, e deve ser mesmo, muito mais cobrado do que qualquer outro companheiro da seara, já que está atuando na qualidade de ensinador da doutrina. Ora, como vai ensinar alguém a fazer o que ele mesmo não faz? Como irá ele recomendar aos outros uma determinada conduta ou postura que ele mesmo ainda não é capaz de colocar em prática, isto é, de exemplificá-la através dos próprios atos?
     A menos que o palestrante se atenha apenas às teorias científicas, abstendo-se de adentrar em questões filosóficas, já que estas passam obrigatoriamente pela moral e pela ética cristãs, ele terá, sim, que se policiar, para não ser policiado pelos seus próprios ouvintes, que não lhe hão de perdoar os deslizes, porquanto ao mestre é imputada a responsabilidade sobre o que ensina e exigido o domínio perfeito sobre a matéria por ele tratada e exposta. Mais do que em suas palavras bem postas, todos se ligarão em seus exemplos.
     Imagine alguém ensinando a compreensão e exemplificando a intolerância; exaltando a caridade e exibindo a indiferença; pregando o amor e protagonizando a maledicência; incentivando o perdão e recusando o pedido de reconciliação; falando da paz e promovendo a discórdia, entre outras contradições.
     É bem comum, por sinal, que o palestrante espírita seja vigiado e cobrado por seus próprios familiares: esposa, marido, filhos, etc.
     Quão gratificante, porém, é ouvirmos uma bela exposição doutrinária e constatarmos que o palestrante dá legitimidade aos ensinamentos transmitidos através da sua conduta pessoal, nas diversas situações do seu cotidiano. Aí, sim,  valoriza-se cada palavra dita e cada colocação sua, tanto mais pelas evidências de que tal palestrante, por sua sinceridade e honradez, atrai para junto de si Espíritos Benfeitores de elevada categoria evolutiva, que o inspiram e fazem dele um verdadeiro instrumento propagador da luz que vem do Alto, iluminando a todos os presentes, dada a clareza com que a mensagem é então transmitida. ///

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