quarta-feira, 17 de abril de 2013

43. QUEM SOU EU

         P. Quem sou eu?

         R. Transcorria como de hábito a nossa reunião do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), 3º. ciclo, correspondente ao Estudo Teórico da Mediunidade, facilitado pelos companheiros Cesar Volkof e Ângela Schroder, nas dependências do Centro de Estudos Espíritas Francisco de Assis (CEEFA).
     Tratávamos do abrangente tema "Perfeição Moral", do capítulo XII, 3ª parte de O Livro dos Espíritos, compreendendo cinco itens de relevante interesse para a nossa reflexão, sob os seguintes subtítulos: 1. As virtudes e os vícios - 2. Das paixões - 3. Do egoísmo - 4. Caracteres do homem de bem - 5. Conhecimento de si mesmo.
     Após dar por concluída esta pauta, que fora distribuída para ser analisada e comentada por cinco sub-grupos, entre os integrantes da sala, a nossa facilitadora Ângela, que prefere ser classificada como "dificultadora", solicitou a um dos companheiros que fizesse a leitura em voz alta do item 3 do capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que tem por título principal "Sede Perfeitos" e, como subtítulo: "O homem de bem".
     Terminada a leitura deste item, a coordenadora, após breve comentário seu, no qual exaltou a fórmula atribuída ao grande filósofo Sócrates e bem lembrada pelo codificador Allan Kardec, "Conhece-te a ti mesmo", levantou-se de seu lugar, dirigiu-se ao quadro negro existente em uma das paredes da sala, tomou às mãos um pedaço de giz e escreveu a seguinte pergunta: "QUEM SOU EU?" Pediu que a lêssemos; depois apagou as luzes, e, em meio à penumbra que se fez no recinto, solicitou que buscássemos, cada um dos presentes, responder, de si para consigo mesmo, a esta pergunta, com a sinceridade possível.
     Repetiu-a, algumas vezes, com uma intonação de voz serena e bem audível, para que pudéssemos firmar a questão em nossas mentes. E o silêncio se fez por alguns preciosos minutos, enquanto cada qual reflexionava sobre o seu próprio ser, conforme sugeria a pergunta.
     De minha parte, confesso que tentei responder à indagação que ecoava, repetitiva e silenciosamente, em meu âmago, a qual me havia pego de surpresa. Não o consegui, mesmo após todas as tentativas.
     Se alguém se dirigisse a mim e me indagasse: "Quem tu és?"... certamente desfilaria uma série de características pessoais, de gostos, de preferências, de qualidades, algumas virtudes e mesmo alguns defeitos. Logo essa pessoa teria reunido alguns dados a meu respeito, ante os quais poderia dizer que já me conhecia, pelo menos superficialmente. É claro que eu poria em evidência alguns aspectos de minha personalidade, ocultando outros, conforme o interesse demonstrado pelo perquiridor e a minha própria disposição em expor-me à sua avaliação.
     Contudo, a tarefa proposta, de expor-me perante a minha própria consciência, de abrir-me para mim  mesmo, de responder-me sobre mim, de perscrutar-me intimamente e, afinal, conhecer-me a mim mesmo, soou-me das mais difíceis, senão impossíveis, de serem realizadas satisfatoriamente.
     O resultado disto é que, desse dia em diante, não parei mais de me perguntar: Quem sou eu? Em cada coisa que faço, em cada atitude ou decisão que tomo, em cada informação pessoal que lanço a alguém que ma solicite, em cada dúvida que me assalta, se agi certo ou errado, neste ou naquele evento cotidiano, em cada pensamento, em cada ação ou reação, refaço a mim mesmo a pergunta: Quem sou eu?Algumas vezes a reformulo com outras palavras, como: Isto sou eu? ou, É assim que eu sou?
     O fato é que esta pergunta: "Quem sou eu?", mais do que qualquer livro ou mensagem que já li e que por certo ainda hei de ler, doravante estará incentivando-me a, pelo menos, querer conhecer-me de verdade.                       Acredito que, embora distante de qualquer êxito neste sentido, já é um começo, um primeiro passo, talvez, no longo caminho que me levará um dia à perfeição moral, relativa, certamente, ao estágio de lutas interiores em que nos encontramos neste planeta de mediana evolução.
     Oxalá, no limiar do retorno à Pátria Espiritual, possa eu olhar-me de frente e, finalmente, poder dizer, sorrindo, contente e tranquilo, aos amigos que porventura me estejam esperando: Eis-me aqui! Este sou eu... /// 

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