sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

89. UMA GRANDE SURPRESA

       P. Que tipo de surpresa poderá ter alguém que entre por primeira vez em um Centro Espírita, sendo essa pessoa totalmente leiga em Espiritismo?

       R. Sempre que alguém vai pela primeira vez em algum lugar, cria uma expectativa sobre o  que   poderá encontrar, ver ou ouvir nesse lugar.
       Se a pessoa está entrando pela primeira vez em um Centro Espírita, sem ter recebido nenhum esclarecimento prévio sobre como funciona, certamente há de ficar imaginando e se perguntando o que de coisas diferentes e misteriosas poderá ver, descobrir, presenciar nesse ambiente para ele estranho, de que se falam tantas coisas tão desencontradas, por vezes tão pesadas, tão terríveis, ou, no mínimo, tão fora da normalidade relativa às instituições e aos templos religiosos em geral.
       Então, ao adentrar o recinto, muito provavelmente acompanhada por alguém que já conhece e frequenta a Casa, já de chegada se surpreenderá um pouco, pois encontrará, salvo em raras ocasiões ou exceções à regra, alguém postado próximo à porta de acesso a desejar-lhe as boas vindas, sem alarde, oferecendo-lhe um panfleto com uma mensagem de fé, de conforto ou de esclarecimento doutrinário. Em seguida, será convidado a passar para o salão (auditório), onde o público vai-se acomodando nas cadeiras ou poltronas, para logo mais ouvir uma exposição doutrinária, que se iniciará pontualmente no horário programado. 
       O visitante espera o momento em que poderá ver algo mais interessante do que pessoas espalhadas pelos assentos da sala ampla, a maioria guardando respeitoso silêncio, umas lendo a mensagem do panfleto recebido, outras em atitude de introspecção, meditação, oração, ou coisa do gênero.
       Terminada a palestra, geralmente com a duração de trinta minutos (em algumas Casas, um pouco menos),  dá-se por concluída, com uma prece feita de maneira simples e objetiva, a primeira parte da reunião, sem nenhuma novidade digna de nota. Aliás, para o visitante, a novidade talvez fique por conta do tema abordado na palestra; um tema evangélico, rico em exortações inegavelmente cristãs, de ordem moral e ética, com ênfases à prática do bem, do amor, da caridade, o que um leigo não esperaria jamais de um grupo supostamente desviado da "Palavra de Deus".
       É chegada então a hora do passe. Quem sabe agora sim dê para registrar alguma coisa de mágico, de místico, de sobrenatural, ou, no mínimo, de inusitado.
       Os acordes de uma música suave (clássica) preenchem agora o ambiente, quebrando harmonicamente o silêncio reinante entre os circunstantes. Estes começam a ser encaminhados, em pequenos grupos, para uma sala contígua, de menores proporções, fechando-se a porta à entrada da última pessoa de cada grupo. A expectativa do leigo cresce, enquanto fantasia em sua mente as cenas mais absurdas que prevê irá assistir quando estiver do outro lado da parede.
       Finalmente, chegada a vez do visitante adentrar a saleta misteriosa, parcamente iluminada, eis que ele depara, um pouco desapontado, apenas com um grupo de trabalhadores da Casa em pé, de frente para um carreiro de bancos ou cadeiras, situados a uma média distância, onde as pessoas vão tomando assento e se colocando em atitude receptiva, numa espécie de recolhimento espiritual. Fechada novamente a porta, inicia-se a aplicação do passe, que nada mais é do que uma imposição de mãos, o que é feito em total silêncio, ou ao som da mesma música que há pouco era ouvida no salão, por meio de pequenas caixas afixadas em pontos estratégicos por todas as dependências físicas do Centro.
       Esta operação, também chamada fluidoterapia, não dura mais do que um minuto. E o grupo que acaba de ser atendido retira-se, para a entrada do próximo grupo.
       Para o visitante curioso, a grande surpresa está no fato de nada acontecer de maravilhoso, de mágico, de extraordinário, de sobrenatural, como esperava. Nenhuma manifestação de Espírito. Nenhuma voz do Além. Nenhum fenômeno estranho.
       Aí, o leitor há de perguntar-me: Mas, então, como e quando os Espíritos se manifestam no Centro Espírita, uma vez que o Espiritismo tem por um de seus pilares de sustentação justamente a comunicabilidade daqueles com os homens pelas vias da mediunidade? É o assunto que irei tratar já no próximo texto a ser aqui publicado. ///

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