domingo, 1 de dezembro de 2013

85. A GÊNESE: OS ANJOS DECAÍDOS

       P. O que dizer dos anjos decaídos e da unicidade de filiação de todas as raças humanas, antes e pós dilúvio global?

       R. Allan Kardec, em A GÊNESE SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo XII, traz-nos informações interessantes sobre o que ele chama "raça adâmica", partindo de uma interpretação sobre a doutrina dos anjos decaídos, doutrina esta defendida pela tradicionalidade religiosa segundo a letra com que Moisés a apresentou. Vejamos como o codificador do Espiritismo explica os acontecimentos que deram origem a essa doutrina e, em consequência, à tese da raça adâmica:
       {"Os  mundos progridem fisicamente pela elaboração da matéria de que são formados, e espiritualmente pela depuração dos Espíritos que os habitam. (Abro este parêntese para anotar que aqui já fica bem clara a aceitação de Kardec à tese da pluralidade de mundos habitados por seres inteligentes). Neles, a felicidade está em razão da predominância do bem sobre o mal, e a predominância do bem é o resultado do avanço moral dos Espíritos. O progresso intelectual não basta, uma vez que com a inteligência pode-se igualmente fazer o mal.
       Então, quando um mundo chega a um de seus períodos de transformação, que deve fazê-lo subir na hierarquia, mutações se operam na sua população encarnada e desencarnada; é então que ocorrem as grandes emigrações ou imigrações de Espíritos (item 43).
       Segundo o ensino dos Espíritos, foi numa dessas grandes imigrações, ou, uma dessas colônias de Espíritos, vindos de outra esfera, que deram nascimento à raça simbolizada na pessoa de Adão, e por isto chamada raça adâmica. Quando ela aqui chegou, a Terra estava povoada desde tempos imemoriais, tal como a América, quando da chegada dos Europeus.
       A raça adâmica, mais avançada do que as que a precederam sobre a Terra, era, com efeito mais inteligente; foi ela que levou as demais ao progresso. A Gênese no-la mostra, desde seus princípios, industriosa, apta para as artes e para as ciências, sem passar pela infância intelectual, o que não é o próprio das raças primitivas, mas o que concorda com a opinião de que se compunha de Espíritos cujo progresso já se consolidara. Tudo indica que ela não era antiga sobre a Terra, e nada se opõe a que não esteja aqui senão há alguns milhares de anos, o que não estaria em contradição nem com os fatos geológicos, nem com as observações antropológicas, e, ao contrário, tenderia a confirmá-las (item 38).
       A doutrina que fez todo o gênero humano proceder de uma única individualidade, há cerca de seis mil anos, não é mais admissível no estado atual dos conhecimentos. As principais considerações que a contradizem, tiradas da ordem física e da ordem moral, resumem-se nos seguintes pontos:
       Do ponto de vista psicológico, certas raças apresentam tipos característicos particulares, que não permitem assinalar-lhes uma origem comum. Há diferenças que, evidentemente, não são o efeito do clima, uma vez que os brancos que se reproduzem no país dos negros não se tornam negros, e reciprocamente. O ardor do sol tosta e amorena a epiderme, mas nunca transformou um branco em negro, achatou o nariz, mudou a forma dos traços da fisionomia, nem tornou encarapinhados e lanudos os cabelos longos e macios. Sabe-se hoje que a cor do negro provém de um tecido particular, subcutâneo, que se liga à espécie.
       É necessário considerar as raças negras, mongólicas,, calcásicas, como tendo a sua origem própria e nascidas simultânea ou sucessivamente, sobre diferentes partes do globo; seu cruzamento produziu as raças mistas secundárias. Os caracteres fisiológicos das raças primárias são o indício evidente de que elas provieram de tipos especiais. As mesmas considerações servem tanto para os homens como para os animais, quanto à pluralidade de estirpes (item 39).
       A impossibilidade da descendência única de toda a Humanidade se torna ainda mais evidente quando se admite, com a Gênese bíblica, que o dilúvio destruiu todo o gênero humano, com exceção de NOÉ e sua família, que não era numerosa, no ano de 1656, seja 2.348 anos antes da Era Cristã. Não seria, pois, em realidade, que de Noé dataria o povoamento do globo; ora, quando os Hebreus se estabeleceram no Egito, 612 anos depois do dilúvio, este já era um poderoso império, e que teria sido povoado em menos seis séculos, sem falar de outros países, só pelos descendentes de Noé, é hipótese completamente inadmissível. Notemos, de passagem, que os Egípcios acolheram os Hebreus como estrangeiros; seria, pois, de espantar que tivessem perdido a lembrança de uma origem comum tão próxima, tanto que conservavam religiosamente os monumentos de sua história" (item 42).}
       Por que, então, Teria Moisés aludido aos anjos decaídos? Depreende-se do acima exposto, que os Espíritos, vindos de outra esfera distante da Terra, por seu desenvolvimento alcançado na intelectualidade, mas por haverem sido banidos de seu Planeta de origem dada a sua renitência no mal, ou na inferioridade moral, são justamente um emblema da angelitude, a que se destinavam, temporariamente cancelada, para aqui, com o suor do rosto e o sofrimento das dificuldades relativas ao nosso Orbe, refazerem a caminhada espiritual, em busca da própria regeneração. ///

Nota: Este texto é complementar aos 4 anteriores (nºs. 81, 82, 83, 84). Para acessar os 3 primeiros, clique sobre o mês de novembro, na lista de textos publicados.
       

Nenhum comentário:

Postar um comentário