terça-feira, 5 de março de 2013

23. AME: UMA SIGLA EM DEFESA DA VIDA

      P. O que significa a sigla "AME" e o que ela tem a ver com a luta contra a descriminalização do aborto?

     R. A maioria das congregações ou agremiações cristãs, sob variadíssimas denominações e diferenciados cultos, é contra a prática e, por extensão, a legalização do aborto, mais especificamente no Brasil, onde o assunto vem sendo pauta de grandes polêmicas envolvendo lideranças políticas, religiosas e corporativas, em que o povo em geral está inserido.
     Enquanto o aborto é tratado por alguns como uma questão de saúde pública, pretendendo-se preservar a integridade física e emocional da mulher, assim como a sua liberdade de decidir sobre o seu corpo, e por outros como um pecado, uma transgressão às leis divinas, um tabu religioso, percebe-se que os argumentos contrários à sua liberação fragilizam-se, por simples inconsistência, ante as razões elencadas favoravelmente.
Em meio a tantos pecados cometidos sem nenhum pudor ou medo, mais um não fará diferença ao cristão que vê a vida como um período breve e único de existência, ao passo que a eternidade das penas, situadas no inferno ardente e inconsumível, com que o ameaçam seus pares, reflete, na visão predominantemente materialista, algo como um velho conto da carochinha, incapaz de impressioná-lo.
    Na contramão da ortodoxia das igrejas seculares, um dos maiores líderes evangélicos da atualidade, exímio formador de opiniões, fundador de uma poderosa organização que já reúne dezenas, senão centenas de milhares de seguidores no Brasil e exterior, manifesta-se francamente favorável à prática abortiva. Para apoiar suas ideias, usa até mesmo um breve texto do Velho Testamento, causando espanto àqueles que utilizam outros textos bíblicos como elemento comprobatório da condenação divina a tal prática.
     Garante esse líder que em Eclesiastes capítulo 6 verso 3 está bem claro e evidente que o abortado é mais feliz do que muitos viventes, posto que não tendo do que ser condenado, pois não chegou a viver para depender de salvação, segundo suas próprias palavras, irá direto para o céu e não sofrerá jamais. Esse ministro de Deus e pregador da "Sua Palavra" (falo do renomadíssimo bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus - IURD, via blog "bispomacedo", em textos de sua autoria, sob o título: "Abortar uma vida?") considera o seguinte: - "Será que Deus julgaria a mãe que não deixou seu filho vir ao mundo com a intenção de não deixá-lo passar necessidades?"
     Seria o caso de lhe perguntarmos se Deus julgará a mãe que jogou seu filho recém nascido numa lixeira, num lago, num bueiro, num terreno baldio ou no mato, também para não vê-lo mais passar necessidades. E uma mãe que escolhesse ficar com o nascituro, descartando o filho mais velho, de uns 2, 3 ou 4 anos talvez, uma vez que ela só tivesse condições financeiras, e assim mesmo precárias, para criar um único filho? Seria uma questão de escolha: um ou outro. Ora, se ela pode matar um filho que está prestes a nascer, por que não o poderia substituir pelo outro já nascido, dando pelo menos a mesma chance ao segundo de ser amamentado em seus seios, de receber seus abraços e beijos, com todo o afeto já dispensado por algum tempo ao primeiro?
     O Espiritismo vem empreendendo uma luta incessante, junto a seus adeptos e o poder público, contra a legalização e a prática do aborto, com campanhas ostensivas de conscientização e abaixo-assinados, disponibilizando aos interessados diversas obras de esclarecimento sobre as consequências diretas e indiretas, imediatas e mediatas, espirituais e cármicas, morais e materiais, a que ficam sujeitos os possíveis envolvidos, ativa e passivamente, na ação criminosa.
     E, bem ao contrário do que muitos possam deduzir disto, ninguém é julgado, muito menos condenado, em todo o Movimento Espírita, pelo fato de já haver realizado o aborto em algum momento anterior. O que se pretende é evitar novos casos, ou a reincidência , apresentando-se, para aqueles que entenderam a mensagem, meios opcionais de reparação do erro cometido, se possível ainda nesta existência mesma. Ainda assim, tem gente que não se dá por convencida, depositando essas argumentações na conta do religiosismo dos espíritas, que julgam uma mera variante da religiosidade dos cristãos tradicionais.
     Felizmente, há alguns anos, eis que surge um novo movimento, dentro do próprio Espiritismo, consignado na organização denominada "Associação Médico Espírita", identificada pela sigla "AME". Essa entidade é formada por profissionais da área da saúde, dentre médicos, psicólogos, psiquiatras e outros, adeptos da Doutrina Espírita, conquanto afeitos aos ditames da Ciência acadêmica, dentro de suas correspondentes especializações. Outros profissionais liberais de nível superior têm-se juntado a estes, por afinidade, somando esforços e se dedicando, a maioria deles, a publicar artigos, promover palestras e vídeo-conferências sobre o aborto e suas consequências. Como não poderia deixar de ser, suas explicações científicas, em torno das implicações previstas aos usuários dessa prática criminosa e terrivelmente equivocada, surpreendem e convencem mais do que todos os argumentos religiosos até então considerados.
Embora isto ainda demande tempo, é de se crer que possamos recobrar de vez a razão, ante a contundência desses novos informes.
   A você, que acaba de ler este texto e tem a Internet aos seu dispor, ao finalizá-lo recomendo: CONHEÇA A "AME" e ame seu futuro bebê, seja você futuro pai ou futura mãe, ou tenha você qualquer ascendência moral  sobre o futuro papai ou futura mamãe, não permitindo o seu descarte nem o seu desprezo à própria sorte. Se for o caso, mãezinha, entregue o seu recém nascido a alguém que o amará e lhe dará uma bela chance de vida. Sim, porque ainda se contam aos milhares e milhares os que defendem a vida e estão dispostos a investir nela, mesmo que o pequenino inocente não traga em si o mesmo sangue dos que se propõem a acolhê-lo e protegê-lo até quando Deus o permita, com o mais sublimado amor. ///

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