sexta-feira, 8 de março de 2013

24. IMPORTÂNCIA DOS ROMANCES MEDIÚNICOS

     P. Depois de ler vários romances espíritas, psicografados, de Zíbia Gasparetto e seu parceiro espiritual Lucius, entre outros consagrados autores, Espíritos e médiuns - diz-me um pessoa de minhas relações de amizade - comecei a frequentar um Centro Espírita. Logo de início percebi que havia algo diferente do que estava esperando, com base nas informações que esses livros passavam sobre o funcionamento de uma Casa Espírita. Depois, ao procurar na biblioteca do Centro algum livro do gênero, disseram-me que a mesma não os possuía, nem para empréstimo, nem para venda. Embora cheio de interrogações, não insisti e levei, por sugestão do bibliotecário, outro livro; depois, na sequência, outro e outros mais, de autores espirituais e médiuns renomados, como Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e José Raul Teixeira (médiuns), André Luiz, Emmanuel, Joanna de Angelis e Camilo (Espíritos), entre outros. Pergunta-me, então, essa pessoa: Por que os romances da Zíbia e de Outros autores com o mesmo perfil não se encontram nas bibliotecas dos Centros e nem em algumas livrarias espíritas, sendo encontrados com facilidade em outras livrarias e até em supermercados? Qual o motivo da discriminação, se foram eles que me levaram a conhecer o Espiritismo?

     R. A este questionamento responderei com conhecimentos de causa, uma vez que também já li vários desses romances e os tenho ocupando boa parte da estante, em casa, destaque inegável aos da autora supracitada e seu mentor espiritual.
    Devo começar dizendo da importância desses romances mediúnicos no trabalho de divulgação da Doutrina Espírita, pois eles realmente são responsáveis por abrir caminho a um incontável número de pessoas, que, depois das suas leituras, decidiram entrar em um Centro Espírita, para ver como é que é, ou na expectativa de encontrarem solução para seus problemas pessoais.
     Inegavelmente, os ensinamentos em concordância com a moral espírita contidos nas experiências, reações e decisões dos personagens dessas histórias constituem tesouros para o nosso enriquecimento espiritual, quando bem assimilados. E a sua assimilação é deveras facilitada pelo estilo literário cativante, muito ao gosto de quem curte enredos de novelas, até por conta de seus exemplos práticos, uns a serem seguidos e outros a serem rejeitados, haja vista as consequências de cada um deles no próprio enredo e nos aconselhamentos que suscitam, dados por um ou outro personagem mais esclarecido.
     Dois pontos, no entanto, devem ser responsáveis pelo afastamento dessas obras das bibliotecas e das livraria eminentemente espíritas. Um deles, talvez o de menor gravidade, é que os médiuns que as psicografam, ao contrário de muitos autores bem aceitos pelo Movimento Espírita brasileiro, mantêm-se financeiramente dos lucros obtidos com a venda dessas obras, mesmo sendo eles auto-nomeados meros intermediários dos verdadeiros autores, os Espíritos que as ditaram.
     Até aí, apenas uma questão de livre-arbítrio. Há, porém, outro inconveniente, mais forte. Não se sabe por que, mas geralmente nessas histórias as tramas acabam sendo desvendadas e os problemas cármicos resolvidos, fiticiamente,  em algum centro espírita, através de sessões mediúnicas abertas ao público, ou ao grupo de pessoas (personagens) envolvido. Ali o protagonista se defronta às vezes com seus obsessores ou com seu guia e amigos espirituais, seus antepassados ou inimigos confessos. Tudo acaba sendo esclarecido, inclusive "quem foi quem" na vida passada, que gerou as situações da vida presente. Não raramente, um Espírito se comunica, na hora aprazada, "matando a charada" e revelando pormenores das implicações geradoras dos ódios ou aversões, dificuldades ou sofrimentos atuais. Tudo resolvido, tudo em paz e "felizes para sempre", acaba o romance com um sabor de que tudo é simples assim.
     Pois bem, quando o leitor desses romances, ainda completamente leigo em Espiritismo, decide buscar em um Centro Espírita explicações e orientações para seus dramas pessoais ou familiares, sentimentais ou profissionais, eis que o que encontra é algo totalmente diferente daquilo que os romancistas lhe fizeram presumir. Não há, para começar, sessão mediúnica com participação de público leigo, nem de consulentes.
     Assim, dentre muitos que chegam por esta via às Casas Espíritas, alguns recuam desapontados. Outros, felizmente a maioria, conduzidos pelo Atendimento Fraterno aos grupos de estudo da Doutrina, conseguem entender e perseverar, até atingirem um grau de conhecimento doutrinário tal, que lhes garante satisfação plena das dúvidas até então acalentadas, bem como promover uma reforma interior ampla: moral, sentimental e emocional.
     O fato é que, em função disto, passa a não ser de muito bom alvitre, depois de desfeitos os equívocos, continuar-se recomendando esse tipo de literatura, que já pode ser substituído por outro de conteúdo doutrinário mais consistente.
     Não se tira jamais a importância dos romances psicografados por esses médiuns já bastante famosos e independentes, quanto à divulgação que eles fazem do Espiritismo, porquanto hão servido mesmo de porta de entrada para muitos. Apenas se os coloca no devido patamar, a fim de se evitarem confusões improdutivas, para não dizer contraproducentes, já que criam um cenário que não condiz exatamente com a realidade de um Centro Espírita bem organizado e confiável, nos moldes estabelecidos pela Federação Espírita Brasileira e Federações coirmanadas. ///

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