sábado, 2 de março de 2013

22. CHARLATANISMO, MISTIFICAÇÃO E MISTICISMO

     P. Volta e meia os espíritas veem sacudidas as bases da doutrina que abraçam, quando a grande mídia decide investigar e denunciar médiuns envolvidos em escândalos, por conta de charlatanismo e outras formas de enganar a boa fé das pessoas que os consultam inadvertidamente. Que dizem, pois, os espíritas sinceros a esse respeito?

      R. Quem disse que esses enganadores e exploradores da crendice incauta são de fato médiuns espíritas?
Eles mesmos, ou os jornalistas e repórteres que cobrem essas matérias, dotados de ideias preconcebidas e sem o mínimo de conhecimento prévio do que seja verdadeiramente o Espiritismo? Se assim o fazem estes últimos, não têm a menor capacidade de discernir entre um médium espírita e um médium qualquer que se diga espírita, ou não.
     Primeiro, deve-se entender que para se configurar a prática de charlatanismo é preciso que o médium esteja usufruindo financeiramente da atividade que exerce. Não havendo proveito algum para o médium no exercício mediúnico, deixa de haver charlatanismo. E os críticos não devem desconhecer o fato de que a prática apontada é incompatível com o Espiritismo. Assim, se há médiuns charlatães, e os há, inegavelmente, estes em hipótese alguma podem ser chamados de médiuns espíritas.
    De outro lado, há médiuns por aí que se prestam a mistificações, ou seja, a promoverem pseudo-comunicações com os Espíritos. Esses médiuns, mesmo que não cobrem por seus serviços de orientação, ou por seus trabalhos escritos, que pelo menos lhes rendem fama e admiração popular, também não podem ser contados como espíritas, uma vez que o Espiritismo é bastante rigoroso nesse sentido.
     Reconhece-se o mistificador pelo teor de suas comunicações, já que elas não vêm dos Espíritos ditos de luz, mas de alguma entidade espiritual tão medíocre quanto o seu mediador, sendo, pois, de conteúdo vazio, dúbio, confuso e, em geral, fantasioso.
   Os espíritas conhecem muito bem a recomendação de Kardec de que "é preferível refutarmos 99 verdades, do que aceitarmos uma única mentira". As verdadeiras comunicações espíritas são, pois, criteriosas, de conteúdo profundo e elevado.
    O orgulho, a vaidade, a soberba e todos os seus disfarces são severamente combatidos pela Doutrina Espírita, através de seus prepostos dignos, tanto do Mundo Espiritual, como dentre os encarnados. Àqueles que, por ignorância cega ou tendenciosa, classificam o Espiritismo como uma "doutrina mística", é preciso dizer que a Doutrina Espírita, antes, não admite nenhum misticismo. Pelo contrário, ela mesma é uma doutrina desmistificadora, visto que todos os seus ensinamentos refletem absoluta clareza e perfeita racionalidade. Todo e qualquer preceito espírita está sujeito, antes de ser validado por seus profitentes, aos crivos da lógica e do bom senso, sem a aprovação dos quais está fadado a uma total rejeição.
    O movimento espírita não é, como muitos pensam equivocadamente,composto de pessoas simplórias e de instrução apenas mediana. Pessoas da mais alta formação acadêmica, assim como pessoas de grande sensibilidade nas mais diversas manifestações culturais e artísticas, ao lado de pessoas simples, mas de bom nível de discernimento e de assimilação daquilo que costumam ler e ouvir, portadoras de caráter ilibado, comungam das ideias expostas, nunca impostas, por acharem-nas coerentes, dignas do seu apreço e aceitação, isto somente depois de aprofundados estudos e muito raciocínio. Eis por que os médiuns espíritas se reconhecem de fato por não se prestarem jamais a "jogar pérolas aos porcos", muito menos ao comércio de suas faculdades medianímicas. Não se dão às ilusões da fama e, portanto, não estão entre essas personalidades famosas que, de tempos em tempos, aparecem prognosticando e alardeando poderes sobrenaturais nas mídias sensacionalistas.
    Médium espírita, só o é aquele que exerce a mediunidade com a finalidade específica de praticar a caridade pura, sem afetações, com desinteresse e, principalmente, com muita seriedade e responsabilidade.
Assim sendo, as bases do Espiritismo jamais foram ou serão sacudidas, abaladas, pelas notícias sobre fraudes de qualquer natureza, ainda que se o aponte como origem, porquanto basta um mínimo de sóbrios esclarecimentos, apelando-se para o bom senso, para a lógica e para a razão, o tripé de sustentação da Doutrina, para que todos esses equívocos se desfaçam.
    Muitas vezes, são esses erros clamorosos, cometidos pelos inimigos gratuitos do Espiritismo, que, na contramão de sua intencionalidade perversa, promovem um maior interesse, em aqueles que ainda não o conhecem, em conhecê-lo de fato. ///

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