quinta-feira, 22 de agosto de 2013

70. O PRIMEIRO LIVRO E O PSEUDÔNIMO DE KARDEC

     P. (Ver textos anteriores nºs. 65 a 69).

     R. "A estas informações, colhidas nas OBRAS PÓSTUMAS de Allan Kardec, convém acrescentar que a princípio o sr. Rivail, longe de ser um entusiasta dessas manifestações e absorvido por outras preocupações particulares, esteve a ponto de as abandonar, o que talvez houvesse feito se não fossem as instantes solicitações dos senhores Carlotti René Taillandier, membro da Academia das Ciências, Tiedeman Manthèse, Sardau, pai e filho, e Didier, editor, que acompanhavam havia cinco anos o estudo desses fenômenos e tinham reunido cinquenta cadernos de comunicações espirituais diversas, que não conseguiam por em ordem. Conhecendo as vastas e raras aptidões do sr. Rivail, esses senhores lhe entregaram em mãos os cadernos, pedindo-lhe que deles tomasse conhecimento e os pusesse em termos, os arranjasse. Este trabalho era árduo e exigia muito tempo, em virtude das lacunas e obscuridades dessas comunicações; e o sábio enciclopedista recusava-se a essa tarefa enfadonha e absorvente, em razão de outros trabalhos.
     Uma noite, o Espírito que se dizia seu protetor, 'Z.', deu-lhe, por um médium, uma comunicação toda pessoal, na qual lhe dizia, entre outras coisas, tê-lo conhecido em uma precedente existência, quando, ao tempo dos druidas, viviam juntos nas Gálias. Ele se chamava, então, Allan Kardec, e, como a amizade que lhe havia votado só fazia aumentar, prometia-lhe esse Espírito secundá-lo na tarefa muito importante a que ele era chamado, e que facilmente levaria a termo.
     O sr. Rivail, só então, lançou-se à obra: tomou os cadernos, anotou-os com cuidado; após atenta leitura, suprimiu as repetições e pôs na respectiva ordem cada ditado, cada relatório de sessão; assinalou as lacunas a preencher, as obscuridades a aclarar, e preparou as perguntas necessárias para chegar a esse resultado.
     Novamente, é o próprio Rivail quem explica:
     - Até então, as sessões em casa do sr. Baudin não tinham nenhum fim determinado. Propus-me, aí, fazer resolver os problemas que me interessavam sob o ponto de vista da Filosofia, da Psicologia e da natureza do mundo invisível. Comparecia a cada sessão com uma série de questões preparadas e metodicamente dispostas, que me eram respondidas com precisão, profundeza e de modo lógico. Desde esse momento as reuniões tiveram caráter muito diferente, e, entre os assistentes, encontravam-se pessoas sérias que tomaram vivo interesse pelo trabalho. A princípio eu não tinha em vista senão a minha própria instrução; mais tarde, quando vi que tudo aquilo formava um conjunto e tomava as proporções de uma doutrina, tive o pensamento de publicar, para instrução de todos. Foram essas mesmas questões que, sucessivamente desenvolvidas e completadas, fizeram a base para O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
     Em 1856, o professor Denizard Rivail frequentou reuniões em casa do sr. Roustan, com a presença da médium Mlle. Japhet, consagrando-se, porém, a participar de entrevistas com outros médiuns, aproveitando toda ocasião que se lhe oferecia para propor questões mais graves, mais melindrosas. Com tal disposição e providência, mais de dez médiuns vieram a prestar concurso a esse trabalho. E foi da comparação e da fusão de todas essas respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes refeitas no silêncio da meditação, que ele formou a primeira edição do seu primeiro livro, que veio a público em 18 de abril de 1857.
     No momento de publicá-lo, o autor ficou muito embaraçado em resolver como o assinaria, se com o seu nome, Denizard-Hippolyte-Léon-Rivail, ou com um pseudônimo. Sendo o seu nome muito conhecido no mundo científico, em virtude dos seus trabalhos anteriores, e podendo originar uma confusão, talvez mesmo prejudicar o êxito do empreendimento, ele adotou o alvitre de assinar com o nome de Allan Kardec, que, segundo lhe revelara o guia, tivera ao tempo dos druidas. A obra alcançou tal êxito, que a primeira edição foi logo esgotada. A 2ª. edição foi impressa em 1860, revista, corrigida e consideravelmente ampliada, na forma que permanece até aos dias atuais".
     Concluindo assim, esta abreviada exposição, convido o leitor amigo mais interessado a continuar sua pesquisa sobre a personalidade aqui retratada, seja com a leitura integral desta biografia, que se encontra  inserida no livro O QUE É O ESPIRITISMO -  edição de 2006 da Federação Espírita Brasileira, seja através da leitura de outros trabalhos biográficos, inclusive encontrados na Internet. Com certeza muito se acrescentará ao que aqui conseguiu-se expor. ///
   

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