sábado, 17 de agosto de 2013

63. EMBATES POLÍTICOS NA CASA ESPÍRITA

     P. Como se espera devam agir os membros da diretoria de uma Sociedade Espírita diante das possíveis divergências surgidas no trato das questões administrativas, ou com relação à condução de determinados grupos de trabalho, sabendo-se que sempre haverá os que pensam e desejam agir de modos diferentes?

     R. De um modo geral, cabe a uma parcela dos trabalhadores do Centro Espírita a formação de um grupo que irá se incumbir da difícil tarefa de zelar pelo patrimônio físico e espiritual da Instituição, candidatando-se ou atendendo ao chamamento de seus pares para o exercício de um dos cargos administrativos em disponibilidade, levando-se em conta, de cada qual, as habilidades pessoais, alguns aspectos de sua personalidade, a pré-disposição, entre outros fatores ou requisitos indispensáveis ao bom desempenho no exercício do mandato que lhe couber.
     Sendo falho o homem, por sua própria natureza humana, nem sempre o irmão de boa-vontade deixará de aceitar um cargo para o qual não está perfeitamente habilitado, ou com o qual não possui tanta afinidade assim. Outro, talvez, mais apto ao exercício daquela função específica, poderá não ser convocado ao serviço, por não gozar da simpatia ou do apreço por parte daquele ou daqueles que lhe deveriam solicitar a colaboração. Pode ocorrer também que haja certo antagonismo em relação às ideias e ideais previamente expostos, ante um pequeno grupo mais conservador e um indivíduo que ostente caráter renovador, ou vice-versa.
     Como em todas as sociedades humanas, a Casa Espírita não se isenta de embates políticos, gerados quase sempre pelas diferenças no modo de pensar e de conduzir o gerenciamento da Entidade e dos departamentos que a compõem.
     O que se espera, e que, no entanto, nem sempre acontece nesses embates, é que os companheiros de opiniões contrárias mantenham a calma, o bom senso, a palavra amena, a consideração mútua, a argumentação clara e precisa, a compreensão para com as limitações alheias, afinal.
     Em muitos desses confrontos necessários, perdem-se excelentes oportunidades de acerto e de progresso, devido ao melindre de uma das partes, ou à exasperação descaridosa da outra.
     Esquecem-se facilmente as recomendações da Doutrina, justamente quando se trata de um grupo de pessoas reunidas sob os auspícios da mesma e com a finalidade de divulgá-la e exercitá-la, o que se faz mais profundamente deplorável.
     Não podem ignorar, esses trabalhadores da Seara bendita, que sempre haverá a intervenção proposital e oportunista do Plano Espiritual inferior, exercendo sua influência sobre os ânimos desequilibrados, para que a harmonia do conjunto seja quebrada e as tarefas de atendimento fraternal aos necessitados, deste e do outro mundo, sejam prejudicadas.
     Muitas Casas Espíritas, lamentavelmente, possuem um "dono", caracterizado na pessoa de determinado líder, cujas palavras, vontades e decisões têm sempre de ser acatadas, sem contraposições. Há, em contrapartida, aquele que se manifesta contrário e, ao ver suas sugestões boicotadas, arregimenta alguns simpatizantes e os convida a bater em retirada; quando não, estes assim o fazem a título de apoio moral ao companheiro desertor.
     Isto tudo só prejudica o próprio Movimento Espírita, pelo qual todos deveriam zelar, mantendo-o acima de suas divergências.
     A mensagem de André Luiz, no livro "Conduta Espírita", ao tratar sobre o tema "Nos Embates Políticos", deixa claro que o espírita deverá "distanciar-se do partidarismo extremado", o que significa abster-se dos conflitos próprios de posicionamentos extremos. Recomenda ele, ainda, ao espírita, "por nenhum pretexto, condenar aqueles que se acham investidos com responsabilidades administrativas de interesse público, mas sim orar em favor deles, a fim de que possam satisfatoriamente desincumbir-se dos compromissos assumidos (...) nunca olvidando que o serviço de evangelização é tarefa essencial". Com maior razão, esta recomendação se deve referir também aos que se acham investidos de responsabilidades tais nas lides de uma Casa Espírita, onde se espera que haja um mínimo de harmonia e solidariedade.
     Assim sendo, devemos entender de vez que não fomos chamados para servirmos aos homens, mas a Deus; não aos nossos próprios interesses, caprichos e vaidades, mas aos objetivos intrínsecos da Doutrina; não, por fim, para a nossa glorificação pessoal, mas para a vivificação do Nome especialíssimo do nosso Mestre e Guia, JESUS. ///
   
   


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