quarta-feira, 21 de agosto de 2013

67. A TRAJETÓRIA DE UM EDUCADOR

     P. (Ver textos anteriores nºs. 65 e 66).

     R. Prosseguindo com a narrativa do texto imediatamente anterior, eis o que nos informa o sr. Sausse::
      "Denizard Rivail era um alto e belo rapaz, de maneiras distintas, humor jovial na intimidade, bom e obsequioso. Tendo-o a conscrição incluído para o serviço militar, ele obteve a isenção e, dois anos depois, veio a fundar em Paris um estabelecimento semelhante ao de Yverdum, copiando a metodologia do grande mestre Pestalozzi.. Para essa empresa, associara-se a um dos seus tios, irmão de sua mãe, o qual era seu sócio capitalista.
     Casou-se com a senhorita Amélie Boudet, professora da primeira classe.
     O sócio, seu tio, apaixonado por jogo, acabou levando o negócio à ruína, obrigando o jovem diretor do Instituto Técnico a liquidá-lo, cabendo a cada um deles, na partilha, a soma de 45.000 francos. Este dinheiro foi colocado pelo senhor e senhora Rivail em casa de um dos seus amigos íntimos, negociante, que fez mau emprego do capital, indo à falência e nada deixando aos credores.
     Longe de desanimar com esse duplo revés, o casal lançou-se corajosamente ao trabalho. Ele encarregou-se da contabilidade de três casas, que lhe proporcionavam uma renda de 7.000 francos por ano; e, terminando o seu dia, infatigável, escrevia, ao serão noturno, livros de gramática, aritmética e para estudos pedagógicos; traduzia obras inglesas e alemãs e preparava todos os cursos de Levy-Alvarés, frequentados por discípulos de ambos os sexos do fauborg Saint-Germain. Organizou também em sua casa, à rua Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física, Astronomia e Anatomia comparada, entre os anos de 1835 e 1840, que eram muito frequentados.
     Membro de várias sociedades sábias, notadamente da Academia Real D'Arras, foi premiado, por concurso, em 1831, pela apresentação da notável memória: 'Qual o Sistema de Estudo mais em Harmonia com as Necessidades da Época?', de sua autoria.
     Dentre as suas numerosas obras, convém citar, por ordem cronológica: Curso Prático e Teórico de Aritmética (1824); Plano Apresentado para o Melhoramento da Instrução Pública (1828); Gramática Francesa Clássica (1831); Manual dos Exames para Obtenção dos Diplomas de Capacidade (1846); e Catecismo Gramatical da Língua Francesa (1848). Em 1849, encontramos o sr. Rivail professor no Liceu Polimático, regendo as cadeiras de Filosofia, Astronomia, Química e Física. Em uma obra muito apreciada, resume os seus cursos e publica: Ditados Normais dos Exames na Municipalidade e na Sorbone; Ditados Especiais Sobre as Dificuldades Ortográficas.
     Tendo sido essas diversas obras adotadas pela Universidade de França, e sendo elas comercializadas abundantemente, pôde o sr. Rivail conseguir uma modesta abastança.
     Como se pode julgar, por esta muito rápida exposição, Denizard Rivail estava admiravelmente preparado para a rude tarefa que ia ter que desempenhar em breve e fazê-la triunfar, sob os novos reveses que o aguardavam.
     Seu nome era conhecido e respeitado, seus trabalhos justamente apreciados, muito antes que ele imortalizasse o nome de Allan Kardec".
     No próximo texto, continuaremos acompanhando o sr. Henri Sausse, em sua narrativa biográfica, tão abrangente quanto empolgante, sobre tão nobre personalidade. ///

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