quarta-feira, 7 de agosto de 2013

62. SÓ POR EDUCAÇÃO

     P. Como os espíritas costumam receber os irmãos de outras crenças que tentam convertê-los às suas ideias e concepções religiosas-filosóficas-culturais?
   
R. Tem-se tornado bastante comuns, nas redes sociais, principalmente, as manifestações de pessoas das mais variadas crenças e denominações religiosas reclamando do preconceito, da discriminação e de certa dose de intolerância sofridos por elas mesmas ou, genericamente, pela instituição ou comunidade religiosa a que pertencem, por parte de membros de outros segmentos que pregam dogmas e princípios diferentes dos seus.
     Um membro das Testemunhas de Jeová dizia há pouco estar cansado de ser recebido de forma hostil, tanto por católicos e evangélicos, como por espíritas, quando em seu trabalho de campo, atividade bem conhecida de todos e exercida por grupos que levam a "Palavra" e divulgam a Instituição doutrinária, indo bater de porta em porta, oferecendo panfletos e revistas gratuitamente.
     Membros da Igreja Universal do Reino de Deus declaram-se vítimas de discriminação em ambientes de trabalho e dentro da própria família, muitas vezes sendo tratados como "personas non gratas". Outro dia havia inclusive uma extensa matéria sobre isto no Jornal Universal, que também é distribuído gratuitamente.
     Veem-se igualmente espíritas e umbandistas protestando contra as insinuações preconceituosas de que são vítimas, exercidas especialmente por aqueles que costumam demonizar as suas crenças, geralmente com base em interpretações bíblicas distorcidas e na falta de conhecimento acerca do Espiritismo e da Umbanda.
     No caso, aqui, quero dirigir-me em especial aos espíritas, que aprendem desde logo, ao aderir aos postulados da codificação kardequiana, a não incomodar seus parceiros de convívio diário, seja no trabalho, seja na família, em viagem ou em qualquer evento social ou circunstancial, com um proselitismo inconveniente e sabidamente infrutífero.
     Quando um espírita convicto recebe uma visita, por exemplo, de uma dupla de membros das Testemunhas de Jeová, que vem ao seu encontro no afã de anunciar-lhe a Verdade, sob o ponto de vista de sua respeitável Organização, mundialmente conhecida por questões doutrinárias polêmicas, o que fazer? Dispensar logo essas pessoas, que não irão convencê-lo de coisa alguma? Tratá-las com rispidez, porque a instituição religiosa à qual pertencem considera o Espiritismo uma obra diabólica? Discutir com elas as diferenças doutrinárias, tentando mostrar-lhes o terrível engano que cometem? Dar uma desculpa qualquer, como falta de tempo para ouvi-las ou que está de saída, a fim de dispensá-las logo sem ofendê-las?
     E Quando um colega de trabalho ou familiar crente, geralmente auto-nomeado cristão, como se o outro também não o fosse, vem propor-lhe a salvação em Cristo-Jesus, dizendo da necessidade de aceitá-Lo como seu único e suficiente salvador, como deve agir? Ser-lhe-á lícito dizer ao oponente que ele professa uma fé cega, e que a sua, ao contrário, é uma fé racional? Deverá discutir com ele sobre a reencarnação, apresentar-lhe provas e evidências, argumentos lógicos e até mesmo bíblicos, como algumas passagens dos Evangelhos, em confronto com o dogma da ressurreição e da vida única em que o outro acredita, alegando que é o que está na "Palavra de Deus"?
     Amigos espíritas, é hora de compreendermos, de uma vez por todas, que é o Espiritismo mesmo que nos ensina a sermos tolerantes e a agirmos sempre com o verdadeiro espírito cristão, ou seja, com espírito fraterno, como irmãos de toda gente, com respeito às diferenças e com educação.
      Dispensar, com hostilidade e menosprezo, a quem quer que nos procure, negando-lhe a oportunidade de uma colóquio amigável e cortês, simplesmente porque não queremos ouvir seus argumentos para nós equivocados, pode ser uma tremenda falta de caridade, uma ausência de cidadania e de civilidade.
     Ao menos por educação, sejamos cordiais, mostremo-nos amistosos, permaneçamos calmos, serenos, e tratemos a todos como trataríamos aos nossos próprios irmãos de sangue, pois que somos irmãos no ideal do bem, embora por caminhos diferentes, todos regidos pelo mestre em comum, o Senhor Jesus. Podemos até falar-lhes também dos princípios que esposamos, mas sem, em momento algum, desrespeitarmos as suas limitações ou diminuirmos as suas crenças.
     Ainda que só por educação, e, acima de tudo, pela educação cristã que efetivamente recebemos, sejamos, neste aspecto, imitadores do Cristo, que foi e é nosso maior exemplo de bondade, mansidão, compreensão e tolerância.
     Isto não custa nada e tem um valor moral e espiritual incalculável. Falemos bem menos de religião e muito mais de Jesus, que é o mais significativo símbolo do amor entre nós. ///


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