sábado, 26 de janeiro de 2013

11. PRETENSA SUPERIORIDADE EVOLUTIVA

     P. Os espíritas costumam dizer que o Espiritismo surgiu na Terra no momento propício, em que os homens estavam suficientemente evoluídos para receberem a Terceira Revelação. Citam as palavras de Jesus: "Muito tenho ainda para vos dizer, mas vós não o poderíeis suportar agora [...]", fazendo pressupor que aqueles que estão recebendo de braços abertos o "Espírito da Verdade" são mais evoluídos que os que O não recebem, a saber, os que ainda professam outras crenças milenares, outras culturas religiosas. Terão os espíritas a pretensão de pertencerem todos eles, e somente eles, a uma categoria de espíritos superior às dos demais, mais evoluída, menos "infantil", do ponto de vista espiritual?

     R. Se algum espírita se ache a declarar ou insinuar tal coisa, este denuncia claramente, ao contrário do que supõe, a precária situação evolutiva em que ainda se encontra. Os espíritos mais evoluídos são justamente os que se revestem de humildade sincera e se reconhecem meros aprendizes da Boa Nova, que é a mesma do Cristo, apenas atualizada e mais racionalmente explicada pelos Espíritos, agora, com vistas a ser efetivamente aplicada na prática.
     Quem disse que a Doutrina dos Espíritos só seria apreendida pelos sábios, que certamente pertenceriam a uma classe de almas mais elevadas que as demais? 
    Quem disse que entre os espíritas não há um grande contingente de almas pesadamente endividadas perante as Leis do Universo, e que para o Espiritismo foram atraídas pelos caminhos da lei de Causa e Efeito, exatamente para que melhor pudessem compreender seus comprometimentos e empreender a luta interior pela própria regeneração?
    Quem disse que entre os espíritas não há homens e mulheres de caráter rudimentar, presos ainda ao orgulho, à prepotência, ao egoísmo, a certos caprichos materialistas, a preconceitos sociais tolos e ultrapassados, a uma gama de sentimentos inferiores, afinal, que geram atitudes impróprias à posição falsamente ocupada ou pretensiosamente almejada?
     Quem disse que muitos espíritas não contenham seus impulsos ou instintos perversos e imorais ao custo das incontáveis exortações da Doutrina e dos seus esclarecimentos irrefutáveis, quanto às  futuras consequências desastrosas das ações e palavras irrefletidas, ainda que correspondam a um deslize momentâneo?
     Não são os espíritas, no sentido generalizado, nem mais nem menos evoluídos que ninguém. São apenas adeptos, muitas vezes por indução da dor, do sofrimento, ou de injunções outras que a vida lhes impõe, de uma Doutrina relativamente nova, ou meramente renovada, esta sim, evoluída, a qual lhes facilita e felicita a caminhada terrena, entre as provações e expiações ainda inerentes às atuais condições da quase totalidade dos habitantes deste orbe frente à eternidade.
     Assim sendo, nenhuma diferença há entre um espírita e um seguidor de qualquer outra religião ou filosofia, mesmo não cristãs, a menos que haja notória desigualdade entre a postura moral, ética, espiritual, entre um indivíduo e outro, independente do grupo a que cada qual pertença.
Pode, sim, um católico fervoroso, um evangélico convicto, um umbandista, um esotérico, um islâmico, até mesmo um ateu, dado o seu testemunho real, ser portador de uma alma bem mais elevada que a de um espírita.
      Eis por que o Espiritismo incansavelmente adverte: "Àquele a quem mais foi dado mais será pedido". Ser espírita, portanto, não é nenhum privilégio de classe, muito menos um bônus concedido a espíritos mais elevados. Antes, trata-se de uma valiosa oportunidade de aprendizado, com o ônus de uma redobrada necessidade de trabalho com responsabilidade, concedida àqueles que mais se tornaram devedores no passado, e que, com certeza, ainda têm muitas contas a ajustar no presente e quiçá no futuro com a Justiça infalível das leis eternas do Criador. E quantos há, infelizmente, que saem deste plano com acúmulos de dívida sobre dívida, e que, mais hoje, mais amanhã, terão de pagar com juros sobre juros. ///

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