terça-feira, 22 de janeiro de 2013

06. VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA

       P. Os espíritas costumam moldar sua conduta de acordo com as orientações contidas nas chamadas Obras Básicas do Espiritismo, a saber, os livros que trazem a assinatura de Allan Kardec como autor, justificando isto por ser ele o codificador da Doutrina. De mais, adotam os livros ditados pelos Espíritos aos chamados médiuns psicógrafos (Exemplos: Chico Xavier, Divaldo Franco, Raul Teixeira, entre outros) como auxiliares das obras kardequianas, entre as quais estão "O Livro dos Espíritos" e "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Poucos, e muito pouco, leem a Bíblia, à qual não consideram, como os demais cristãos em geral, como sendo a "Palavra de Deus". Assim sendo, negam o seu caráter eminentemente divino. Qual, pois, a visão dos espíritas com relação à Bíblia?

       R. Deixando de lado questões que já são de domínio geral, como a quantidade de livros e autores que compõem a Bíblia, já que não consiste em um somente, mas em vários livros condensados num só volume, assim como as épocas a que correspondem esses escritos, parto logo para o que representa a Bíblia em termos de transformação comportamental para o homem, em especial no que tange à sua conduta moral.
      Dividida em duas partes, os chamados Antigo e Novo Testamentos, ou Antigas e Novas Escrituras, a Bíblia constitui um documento histórico notável, que conta a trajetória dos hebreus, a partir das ações do seu primeiro líder político e espiritual, pós libertação do jugo egípcio, o grande profeta Moisés.
Para os Espíritas, todos os autores bíblicos foram, sim, pessoas inspiradas, sempre que se dedicaram a conduzir o povo pelo caminho, ou, para o caminho do bem.
       Em boa parte dessa história, constata-se a necessidade de uma condução firme, com mão de ferro e leis exageradamente rígidas, de conformidade com a aridez e rispidez das almas então encarnadas nesse meio. À medida, porém, que os próprios judeus e a Humanidade se aprimoravam em termos de civilidade, fazia-se premente uma intervenção mais contundente da Espiritualidade Superior, a fim de que a Terra sofresse um grande impacto transformador.
      Foi isto o que se deu com o advento do Cristo, na pessoa de Jesus de Nazaré, que veio cercado de vários Espíritos auxiliares reencarnados, para que a Sua grande missão obtivesse o êxito desejado e previsto. Sua Doutrina é, sem dúvida, a mais moralizante e digna de ser anunciada como a verdadeira Palavra de Deus dirigida aos homens de todos os tempos e de todas as nações.
      Assim posto, levando-se ainda em consideração as interpretações feitas pelos escritores que registraram e propagaram os ensinamentos do Mestre, há que se ter, de resto, certa cautela e um raciocínio lógico apurado, para que não se venha a cometer exageros ou precipitações no trato com esses sublimes ensinamentos.
      É o que o Espiritismo vem fazendo, diferentemente dos demais segmentos cristãos, evitando os dogmas, que mais têm a ver com preceitos humanos do que com a verdadeira Instrução divina.
     Para os adeptos da Terceira Revelação (eu diria até: Novíssima Escritura), esta composta pelas obras contemporâneas de escritores inspirados, tanto deste mundo como do mundo dos Espíritos, a Bíblia tem inegável importância. É, sim, uma grande obra basilar para a Humanidade, mormente para a comunidade cristã, da qual também os espíritas fazem parte, quer os outros queiram, quer não.
   No entanto, o valor maior deve ser creditado, e o é pelos espíritas, aos quatro livros chamados Evangelhos, sem desmerecimento nenhum às célebres e inspiradíssimas cartas dos apóstolos Paulo, João e Tiago, entre os demais livros de toda essa fantástica biblioteca.
     Nos evangelhos constam a história pessoal de Jesus e os Seus ensinamentos. Desses quatro livros, que na verdade são um só, em quatro versões minimamente diferenciadas entre si, a parte mais importante, mais notável, inegavelmente, é a que se refere ao Sermão do Monte, a que o Espiritismo atribui como a essência da Doutrina do Cristo, onde está resumido todo o código moral deixado por Ele para os seus verdadeiros seguidores. E é esta, exatamente, a base de toda a moralidade da Doutrina Espírita, que se resume numa palavra: CARIDADE. Tudo mais torna-se mero efeito, ou simples desdobramento. ///

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