sábado, 30 de novembro de 2013

81. A GÊNESE: OS SEIS DIAS DA CRIAÇÃO

       P. A Gênese ( ou: Gênesis), primeiro livro da Bíblia, escrito por Moisés, diz que Deus criou o Mundo em seis dias. O Espiritismo discorda deste número? Com que argumentos?

       R. No capítulo XII do livro "A Gênese, Os Milagres e as Predições", de Allan Kardec, o codificador do Espiritismo transcreve da Gênese mosaica, inicialmente, os versos de 1 a 32 do primeiro capítulo e de 1 a 7 do capítulo 2, para partir destes os seus comentários pessoais. Esta parte trata da criação da Terra e dos seres que a habitam desde o princípio.
       Kardec já havia desenvolvido nos capítulos precedentes as várias teorias e dados científicos sobre a origem e a constituição do Universo, relativos à parte material, e as informações fornecidas pelo Espiritismo em relação à parte espiritual.
       Vejamos o que nos diz ele agora, já no capítulo em pauta:
       {"Sobre alguns pontos, certamente, há uma concordância notável entre a Gênese de Moisés e a doutrina científica; mas seria um erro crer-se que basta substituir os seis dias da criação, de vinte e quatro horas cada dia, por seis períodos geológicos, indeterminados, para se encontrar uma analogia completa. (...) Note-se, aliás, que o número de seis períodos geológicos é arbitrário, uma vez que se contam mais de vinte e cinco formações bem caracterizadas. Este número não marca senão as grandes fases gerais; não foi adotado no princípio, senão para encaixar o quanto possível no texto bíblico e em uma época pouco distante em que se acreditava que se deveria controlar a Ciência pela Bíblia. Foi por isto que os autores da maior parte das teorias cosmogônicas, com o objetivo de se fazerem aceitos mais facilmente, se esforçaram por se colocarem de acordo com o texto sagrado. A partir do momento em que a Ciência está apoiada sobre o método experimental, ela se fortalece e se emancipa; hoje, é a Bíblia que se faz controlada pela Ciência.
       Por outro lado, a geologia, não tomando seu ponto de partida senão pela formação dos terrenos graníticos, não compreende no número de seus períodos o estado primitivo da Terra. Também não se ocupa ela do Sol, da Lua e das estrelas, nem do conjunto do Universo, que pertencem à astronomia. Para se entrar no quadro da Gênese, convém, pois, acrescentar um primeiro período abarcando essa ordem de fenômenos, ao qual se poderia chamar período astronômico" - (itens 3 e 4).}
       A seguir Kardec insere em seu livro um quadro comparativo, no qual se resumem os fenômenos característicos dos seis períodos estabelecidos pela Ciência, em confronto com a descrição bíblica dos acontecimentos que marcam cada um dos seis dias da criação.
       {"Um primeiro fato que ressalta desse quadro comparativo é que a obra de cada um dos seis dias não corresponde, rigorosamente, a cada um dos seis períodos geológicos. A concordância mais notável é a da sucessão dos seres orgânicos, que é aproximadamente a mesma, e na aparição do homem por último; ora, está aí um fato importante - (item 6). 
       (...) Quando Moisés disse que a criação foi feita em seis dias, quis ele falar do dia de vinte e quatro horas ou bem compreendeu essa palavra no sentido de período, tempo de duração? A primeira hipótese é a mais provável, se se leva em conta o próprio texto; primeiro porque tal é o sentido próprio da palavra hebraica "iôm" traduzida por dia; depois a especificação da tarde e da manhã, que dá lugar a se supor que ele quis falar de seis dias comuns, de vinte e quatro horas. Não se pode mesmo conceber nenhuma dúvida disso, quando ele diz (v. 5): 'Ele deu à luz o nome de dia e às trevas o nome de noite; e da tarde e da manhã se fez o primeiro dia'. E o sentido é ainda mais preciso quando disse (v. 17), falando do Sol, da Lua e das estrelas: 'Ele colocou no firmamento do céu para brilharem sobre a Terra; para presidir ao dia e à noite, e para separar a luz das trevas: e da tarde e da manhã se fez o quarto dia'.
     Aliás, na criação, tudo é miraculoso, e desde que se entrou na via dos milagres, pode-se perfeitamente crer que a Terra foi feita em seis rápidos períodos de vinte e quatro horas. Sobretudo quando se ignoram as primeiras leis naturais. Essa crença foi partilhada por todos os povos civilizados da antiguidade, até o momento em que a Geologia chegou, documentos na mão, demonstrando-lhe a impossibilidade" - (item 7)}
       Aqui temos já um material importante para uma profunda reflexão. Juntemo-lo aos demais subsequentes e teremos uma valiosa oportunidade de estudo sério, que é, afinal, a grande proposta deste blog. ///


Nenhum comentário:

Postar um comentário