quarta-feira, 30 de outubro de 2013

77. ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL EQUIVOCADA (???)

       P. Diante de uma diversificação tão grande de religiões, propondo doutrinas e cultos tão diferentes, que às vezes se colidem frontalmente, mas todas elas louvando ao mesmo Deus, pregando o mesmo Evangelho e tendo por principal objetivo tornar melhor o homem, como o Espiritismo poderia explicar a suposta ação dos Espíritos mensageiros atuantes nessas  diversas frentes, uma vez que a verdade deve ser única também para os que estão do lado de lá, e, sendo assim, estariam sendo permissivos, contemporizando com todas essas mentiras, ou, senão, com todos esses equívocos, sem nada fazerem efetivamente para tirar desta brutal confusão os cristãos sinceros e guiá-los pelo que enfim eles mesmos consideram o caminho certo?
     
      R. A pergunta é procedente, embora pareça a alguns um tanto impertinente, porquanto os Espíritos garantem que tanto católicos quanto evangélicos, espíritas como umbandistas, budistas como muçulmanos, etc., todos, sem exceção, uma vez praticantes do bem, da caridade, do amor ao próximo, são acolhidos e amparados pelos benfeitores, ao desencarnarem, nada obstante as suas crenças pessoais e os rituais a que se tenham submetido em toda a sua trajetória terrena. 
       De outra parte, todos os líderes religiosos são considerados médiuns, muitos destes verdadeiros missionários, enviados por Deus, ou, melhor dizendo, pela Espiritualidade Superior, e reencarnados no seio de suas respectivas comunidades para fazê-las avançar, sendo assistidos por seus respectivos mentores espirituais durante o cumprimento dessa missão, desde que denotem a condição de espíritos evoluídos e realmente comprometidos com a tarefa que lhes foi confiada.
       Mas por que, então, perguntar-se-á, não vêm eles predispostos a dissipar a presumida ignorância destas comunidades, antes ratificando os seus dogmas e os equívocos de suas crenças, por vezes milenares? Posto que, embora se esqueçam do que sabiam antes de reencarnar, recebam continuadamente da Espiritualidade renovadas orientações, não dariam conta essas orientações dos enganos em que incorrem tais líderes por conta das doutrinas ultrapassadas a que se apegam obstinadamente?
       De fato, desde os tempos mais remotos até aos dias atuais, a Humanidade terrena multiplica suas crenças acerca da Divindade (ou, das divindades) e as formas de cultuá-la(s). E, como há uma transmigração constante dos Espíritos entre os planos visível e invisível do nosso mundo, considerando-se que ao retornar à chamada Erraticidade o Espírito pode ver melhor, e deparar-se-á, então, com a realidade, muitas vezes bem diferente do que a supunha enquanto limitado à materialidade, dadas as limitações impostas pela crença aqui abraçada, é de perguntar-se mesmo se os Instrutores da Humanidade não poderiam intervir diretamente nos núcleos religiosos, pela mediunidade de seus líderes, a fim de esclarecê-los, fazendo-os porta-vozes das mudanças que adviriam positivamente dos novos conceitos. Ao invés disso, constata-se que as grandes lideranças, por mais que se achem imbuídas de boa-vontade, refutam as novas revelações provenientes do Além, isto porque nada lhes é revelado diretamente e se sentem mesmo apoiados em suas convicções pela suposta intervenção do que costumam chamar "o Espírito Santo", ou "o Espírito de Deus".
     Ocorre que a multidão de almas que compõe a Humanidade da Terra é extremamente heterogênea. Há Espíritos, tanto encarnados como desencarnados, em todos os graus de evolução e de entendimento. Segundo alguns autores espirituais, no mundo invisível os Espíritos se reúnem em grupos afins, cultivando, por vezes, exatamente os mesmos ideais que abraçaram durante a última excursão no mundo material. Alguns até guardam conceitos ainda bastantes nebulosos sobre a vida nesses dois estágios diferentes, que os impedem de perceber com clareza a situação em que se encontram, desde que se veem vivos e conscientes fora do corpo físico, como se nele ainda permanecessem.
       Alguns desses Espíritos que aqui exerceram certa liderança continuam a exercê-la da mesma maneira, influenciando seus sucessores deste plano, para que estes se mantenham na linha de raciocínio sustentada por eles quando aqui estiveram em "atividade missionária".
       Por exemplo: Se o fundador de uma organização religiosa foi um anti-reencarnacionista convicto, depois de desencarnado seguirá defendendo esta posição, muito embora tenha-se certificado da continuidade da vida em outra dimensão e mesmo da comunicabilidade entre os chamados mortos (mais vivos do que nunca) e os considerados vivos (menos senhores de si do que imaginam), seja pela técnica da telepatia (transmissão de pensamento mente-a-mente), seja pelas vias mediúnicas propriamente ditas.
       Os Espíritos Superiores, a par disto, não interferem no equívoco, porquanto este faz parte do grau de adiantamento em que se encontram tais companheiros, ligados ainda mais às coisas da matéria, cá de baixo, do que às coisas lá do Alto, da verdadeira espiritualidade.
       Há que se convir que muitos daqueles que fundaram novos segmentos doutrinários, interpretando as letras sagradas a seu bel prazer ou conforme seu próprio entendimento, assim o fizeram movidos mais pelos sentimentos de vaidade, de orgulho, de egoísmo, de ambição ou de presunção, do que por nobreza de alma. Daí por que muitas dessas religiões têm visível caráter comercial e seus pregadores demonstrem, às mais das vezes, um profissionalismo de convencimento a fazer inveja a qualquer comerciante bem sucedido no mundo dos negócios propriamente dito. De volta aos arraiais do Além, não querem perder o que se lhes configura uma conquista pessoal, influenciando seus continuadores para que mantenham acesa a chama da organização que lhes é motivo de orgulho e de que ainda se consideram líderes absolutos, uma vez que podem determinar sobre a mente dos que agora se acham à frente da obra.
       Quanto às revelações que vêm dos Planos Mais Altos e têm invadido a Terra, a despeito de todos os entraves que se lhes tentam impor, são para aqueles que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver. Não dependem de uma rotulação religiosa ou filosófica específica. A codificação de uma Doutrina que pudesse reunir todas as informações novas, advindas dos Espíritos mensageiros da Nova Era, só se fez necessária porque as religiões tradicionais as refutaram sistematicamente. A então denominada Doutrina dos Espíritos (ou, Espiritismo) veio cumprir esta missão como uma Filosofia, a que deram o valor de uma nova religião, até hoje combatida por sua clareza e objetividade, dispensando os dogmas e as alegorias a que ainda se prende a maioria.
       Entenda quem puder: O Espiritismo, depois do próprio Cristianismo, a que ele se reporta, é a primeira, senão única, Doutrina (se quiserem, religião) não fundada pelo homem, mas por um exército de Entidades Espirituais voluntárias e atuantes, totalmente desprovidas de quaisquer interesses mundanos. 
       Quem quiser que o pesquise, e constatará esta grande e inegável verdade. ///


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