domingo, 13 de outubro de 2013

74. AMIZADE X CASAMENTO: SINAL DE PERIGO

     P. Haverá algum problema em se manter uma estreita amizade com pessoa do sexo oposto, no âmbito das atividades espíritas, sendo uma das partes ou ambas comprometidas com a vida conjugal fora ou dentro desse mesmo ambiente?

     R. Quero aqui parabenizar o Articulista anônimo (assim o anuncio por não constar sua assinatura) que escreveu sobre o importante e delicado assunto na revista "Despertai!" de outubro de 2013, revista esta de publicação mensal da Associação Torre de Vigia, órgão de difusão doutrinária das Testemunhas de Jeová, na seção "Ajuda para a Família", dando ao artigo o sugestivo título "Quando uma amizade se torna íntima demais", do qual extrairei os melhores argumentos e uma boa dose de inspiração para compor a resposta à pergunta acima formulada.
     O articulista começa aludindo a uma situação bastante recorrente em que uma pessoa, homem ou mulher, casada, considera outra, com quem compartilha sua mesma crença, seu ideal religioso, suas ideias e até uma atividade em comum, ou congênere, como sendo apenas uma grande amizade. Não obstante as circunstâncias, essa amizade, se demasiado estreita ou excessivamente íntima, constitui um sinal de perigo iminente.
     Primeiro, convém analisar: Se o marido (ou esposa) ouvisse as conversações demoradas entretidas pela dupla de amigos, será que entenderia tratar-se realmente de uma relação de amizade sincera e pura, nada além disto?
     Algumas questões devem ser levantadas para que se identifique o grau de comprometimento de uma amizade, quando esta se ache no limite em que se pode transformar num caso amoroso, numa aventura de sedução, no início veladamente, mas que depois passa a uma atitude, por vezes inescrupulosa, de infidelidade conjugal.
     Por que isto acontece? Pela falta de atenção por parte do cônjuge, talvez?
     Saber-se valorizado pelo marido (ou pela esposa) faz um grande bem para a autoestima. Quando essa valorização provém de um amigo (uma amiga), aí nos faz sentir atraentes, admirados, e isto mexe com o mais profundo do nosso ego. Ocorre que depois de algum tempo de relacionamento matrimonial é bastante comum, tanto para o homem, quanto para a mulher, advir um sentimento de carência afetiva, devido à falta de elogios, antes frequentes, por parte da companheira (ou companheiro) do lar. E são esses elogios que agora ele (ou ela) recebe da amiga (ou amigo), feitos a princípio talvez desinteressadamente, ou, quem sabe, já com alguma intenção dissimulada, o que estimula um sentimento até então inexistente ou não identificado. Daí em diante cresce a afeição pelo outro (outra) e começa-se a comparar os seus pontos positivos com os pontos negativos do cônjuge. Já a comunicação com este último torna-se cada vez mais deficitária e o casamento, dia após dia, menos prazeroso, mais infeliz, até que chegue ao limite da inapetência e da intolerância, unilateral ou mútua, não raro insuperável e irreversível, exceto com muito esforço e decisão.
     Um sinal claro de que uma amizade pode descambar para este desfecho é quando um ou ambos os envolvidos começam a confidenciar suas frustrações no âmbito do relacionamento conjugal.
     É preciso reconhecer o perigo e recuar o quanto antes. Urge, então, buscar no marido (ou na esposa) aquelas características positivas que tanto empolgaram no início da vida a dois, que podem apenas estar adormecidas por falta de comunicação e estímulo.
     Na maioria dos casos, o cônjuge infiel comete injustiça em relação ao seu par oficial, uma vez que das pequenas e naturais divergências constrói argumentos pesados em favor do seu desvio de caminho, justificando-o perante si mesmo e perante a eventual opinião alheia.
     Convém ainda observar que em muitos desses casos um dos envolvidos é o agente iniciador ou proponente da nova situação, enquanto o outro é apenas um reagente, que às vezes faz todo o possível para resistir à investida sensual do amigo (ou amiga), até que acabe cedendo aos elogios recebidos deste e à sua sedução.
     Para evitar que isto aconteça, já aos primeiros indícios, vejamos o que recomenda o articulista da "Despertai!":
     "As pessoas instalam alarme contra roubo em sua casa ou carro. É possível fazer algo parecido em seu casamento. (...) Deixe bem evidente que é casada (casado). Estabeleça limites do que é apropriado ou inapropriado quando você está com uma pessoa do outro sexo, que não é o seu marido (sua esposa). Por exemplo: é claro que não seria adequado conversar com um amigo (amiga) sobre problemas no seu casamento, ou sair para beber com um colega de trabalho" (mesmo que seja um refrigerante ou suco e que o tal colega o seja de alguma atividade espiritual).
     O excelente artigo apresenta ainda alguns questionamentos importantíssimos a que se deve submeter qualquer pessoa que queira saber se está vivenciando de fato uma boa amizade, apenas, ou algo mais do que isto:
     "Pergunte-se, então:
     a) Falo sobre problemas do meu casamento com meu amigo (minha amiga)?
     b) Crio oportunidades para estar com ele (ela)?
     c) Escondo do meu marido (da minha esposa) essa amizade?
   d) Eu ficaria constrangida (constrangido) se meu marido (minha esposa) estivesse presente quando conversamos?
     e) Meu marido (minha esposa) ficaria desconfiado (desconfiada) ou se sentiria traído (traída) se ouvisse nossas conversas?"
     Ficam, portanto, estes sinais de alerta, diante do perigo, os quais servem para todos, e, muito especialmente, para os que mantêm afinidades no campo dos ideais e do labor espiritualistas, onde equívocos dessa natureza podem causar danos da mais grave monta.
     Para os espíritas conscientes, acrescente-se ainda que o comprometimento que se estabelece nesses casos, com possíveis reflexos em suas vidas futuras, é de ser levado muitíssimo em consideração, uma vez que pesa sobre eles o conhecimento de uma máxima crística que assevera: "Ao que mais foi dado mais será pedido".

     Nota explicativa deste autor:
     O presente texto não tem por objetivo condenar o ato em si de separação ou divórcio, já consumado ou em vias de processo, tão comum em nossos dias e praticado sob as mais variadas motivações. Não nos cabe julgar ou criticar as decisões de quem quer que seja e pelo que quer que faça no uso do seu livre-arbítrio. O alerta deste artigo refere-se ao perigo que representa uma amizade mal conduzida, mal interpretada, quando deixa de ser um convívio fraterno, saudável, para tornar-se um relacionamento extra-conjugal mais íntimo, portanto escuso, em que a infidelidade e o adultério, estes sim reprováveis em quaisquer circunstâncias, venham a manchar a moral, tanto da mulher quanto do homem, que a eles se entregue. Além disto, há o aspecto ético, quando se trate de companheiros de atividades na Casa Espírita, assim como em qualquer outra Instituição de cunho religioso, a ser preservada por seus membros, tanto quanto estes se entendam por responsáveis e o desejem ser considerados por seus pares. ///
      

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