sábado, 19 de abril de 2014

95. "PÉROLAS" DOS DETRATORES DO ESPIRITISMO ( 5 )

            Sub-título: SOBRE O "PROFETA" ALLAN KARDEC E OS VERDADEIROS PROFETAS DO ESPIRITISMO

      No Brasil, o espiritismo kardecista está apoiado nas doutrinas básicas de seu profeta, Allan Kardec.  (R. R. Soares - OS PROFETAS DAS GRANDES RELIGIÕES  - sem ano de publicação - página 73).

      O autor, já nosso conhecido, demonstra, em tão curta sentença, o seu desconhecimento tremendo acerca do objeto central de suas críticas, o Espiritismo. Para início de conversa, Allan Kardec nunca se declarou, nem se demonstrou, e jamais um espírita o apontou, nem sequer o considerou um profeta. 
     Muitas religiões foram fundadas a partir de um suposto evento profético, em que seu fundador diz ter recebido a missão de revelar ao mundo uma nova ordem, ou novo conceito religioso, uma nova crença, mais correta do que a que lhe deu origem, ou seja, do que aquela a que esse revelador teria pertencido anteriormente. Não é este o caso do Espiritismo ou do próprio Allan Kardec.
     Para nós, espíritas, é muito nítida a co-relação entre os significados devidos às palavras "profeta" e "médium". Ambas referem-se àquele que possui ostensivamente a capacidade natural de intermediar comunicações entre os chamados mortos (Espíritos desencarnados) e os chamados vivos (encarnados, ou seja, investidos de indumentária carnal, ou corpo físico).
     Kardec, emérito professor e cientista francês, católico, cético com relação à existência de um mundo invisível atuante e paralelo ao mundo em que seus pés pisavam, somente depois de muita insistência por parte de alguns amigos, a fim de que participasse de um evento, então muito em moda nas rodas sociais parisienses, a que estes chamavam de "brincadeira da mesa girante, ou falante", acabou concordando em acompanhá-los, muito mais com o intuito de convencê-los da impossibilidade do tal acontecimento ser verídico, do que mesmo por curiosidade ou outro qualquer motivo.
     Depois de presenciar o fato, em que a mesa realmente girava, levitava e até corria de um lado para outro, aparentemente independente da vontade dos que a rodeavam e tocavam-lhe, muito de leve, com as palmas das mãos à superfície do tampo de madeira em formato circular, e em que, fato bem mais impactante, a mesa em questão produzia respostas às perguntas formuladas pelos participantes da diversão, por meio de batidas com um dos pés sobre o assoalho, ainda assim, Kardec não se daria por convencido de nada, achando que tudo não passava de um truque bem arquitetado e realizado com grande destreza por algum dos circunstantes.
     Somente após reiteradas oportunidades, sempre antecedidas por grande resistência aos insistentes convites, foi que ele passou a ver no fenômeno algo digno de estudo e passível de uma análise mais aprofundada. Muniu-se, então, de algumas perguntas de maior complexidade, formuladas de modo a exigirem  respostas mais concisas, completas, inteligentes. Para sua surpresa, recebeu-as, por sinal, cercadas de esclarecimentos que muitas vezes superaram à expectativa. 
     Allan Kardec não possuía nenhum dote mediúnico propriamente dito. Algum tempo depois de iniciadas as primeiras pesquisas sobre a fenomenologia ainda intrigante das mesas que lhe respondiam a questões nada simples, ele, que já fazia também pesquisas científicas sobre magnetismo, passou a entrevistar alguns médiuns, que atuavam sob a ação magnetizadora de experientes profissionais e estudiosos do ramo. Na sequência de seus estudos sobre o fenômeno, agora melhor desenhado ao seu nível de intelecto, da possível comunicabilidade com o Mundo Invisível, passou então a contatar vários médiuns, na sua maioria psicógrafos (escreventes), sendo que uns sequer sabiam da existência dos outros, ou sequer tinham como se comunicarem entre si. E encaminhava a todos, simultaneamente, perguntas iguais, que, após reunidas para a sua análise pessoal, davam-lhe ideia de pensamentos combinados, tal o número de coincidências nas respostas obtidas.
     A grande tarefa cujo mérito coube realmente a Kardec, pelo seu brilhante desempenho, face às dificuldades materiais enfrentadas com paciência e destemor, consistiu na codificação, ou seja, na organização, nos ajustes necessários e na redação final das informações, orientações e explicações dadas pelos Espíritos,  através desses médiuns (os verdadeiros profetas), além de complementá-las, muitas vezes, com apontamentos oportunos e elucidativos, por conta de sua capacidade de discernimento, através de comentários pessoais, inseridos nas cinco obras básicas da Doutrina Espírita, que podem ser ditas de sua co-autoria com Espíritos diversos.
     Assim, pois, torna-se completamente infundada e indevida a sentença em pauta, na qual o senhor Missionário R. R. Soares classifica Allan Kardec como o profeta em cujas doutrinas básicas está apoiado o "Espiritismo Kardecista".
      Seria de melhor alvitre que o respeitável escritor se dedicasse um pouco mais ao conhecimento do assunto por ele discorrido, a fim de não cometer equívoco tão visível, risível até, perante qualquer leitor que já possua um mínimo de intimidade com o mesmo. ///

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