01. A MORTE E O NASCIMENTO DE JESUS

       P. Toda a cristandade comemora com alegria o nascimento de Cristo e relembra com tristeza a sua paixão e morte na cruz sobre o Monte Calvário. Como os espíritas interpretam estes dois singulares acontecimentos?

       R. Para nós, espíritas, a morte, dita sacrificial, de Jesus, nada teve de mais cruel e injusta que a de muitos outros vultos da História da Humanidade e, até mesmo, que a de muitos heróis anônimos, supliciados, torturados e assassinados com requintes de crueldade, em todos os tempos e em todos os confins da Terra.

       Jesus foi sacrificado numa cruz, do mesmo jeito que tantos outros judeus de sua época o foram. Embora por motivos diferentes, todos foram supliciados da mesma maneira, salvo pelo uso da coroa de espinhos na cabeça, isto porque os seus algozes, através dessa peça de adorno, zombavam da afirmativa que lhes chegara aos ouvidos de que aquele homem seria o "rei dos judeus", ou, pior ainda, o "Rei dos reis".

       Sua desencarnação, recorrendo ao termo espírita usado para designar a morte do corpo físico e a consequente libertação do Espírito que habitou esse corpo, tinha mesmo que se dar de uma forma bem marcante, contundente, tão dolorosa quanto injusta, para que a Sua mensagem de amor pudesse eternizar-se, não se perdesse, nem fosse relegada ao esquecimento. Os homens rudes da época necessitavam gravar em suas retinas as cenas terríveis e chocantes que tornariam inesquecível a imagem de um jovem varão galileu, mais precisamente nazareno, que havia transitado pelo mundo consolando os aflitos, curando muitos doentes do corpo e da alma, pregando o amor ao próximo e até mesmo aos inimigos, o perdão, a tolerância para com os diferentes, a verdadeira justiça e a nossa filiação divina universal, que eles deveriam divulgar, após sua partida, para toda a posteridade.

       Já o nascimento do Cristo, segundo as informações que nos trazem os Espíritos mensageiros do Alto, de onde Jesus continua nos enviando sua amorosa assistência e irradiando-nos sua eterna e incomparável Luz, este sim, terá sido o verdadeiro sacrifício a que se submeteu essa Entidade Espiritual tão superior a nós outros, que somos espíritos ainda muitíssimo pouco evoluídos, a fim de proporcionar-nos um grande impulso na nossa tão lenta e demorada jornada evolutiva.

       Para nos trazer a Sua palavra sábia, acompanhada sempre do Seu exemplo solidificante, Ele, Espírito Puro, habitante das regiões mais etéreas quão luminosas do Espaço, preparou-se durante alguns milênios do tempo terreno, para vir ocupar esse corpo de matéria densa, ao qual de longuíssima data já não se achava mais afeito, o que Lhe constituiu, isto sim, o verdadeiro sacrifício a que se propôs com tanto amor em prol da nossa já tardia libertação do jugo da ignorância, que ainda nos domina, apesar de tudo.

       Portanto, entre a morte do Cristo na cruz e o seu nascimento na Terra, entendemos como muito mais sacrificial a Sua encarnação do que a Sua desencarnação. Esta última soa-nos simplesmente como a abertura natural e necessária da porta que O conduziu, tal qual nos conduz a todos, igualmente, de retorno ao Mundo Espiritual, que é a nossa verdadeira Pátria. Tanto é verdade, que Ele mesmo assim o definiu como sendo o Seu Reino, ao dizer, nesta passagem: "O meu reino não é deste mundo" (João 18: 36).  ///

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Nota 1: Começa aqui a Nova Fase deste blog, com os novos textos doravante numerados a partir de 01. Os textos antigos continuam disponíveis para leitura, até o número 100 e alguns suplementares sem numeração. Para acessá-los, utilize a coluna da direita, clicando no mês e depois no título pretendido.

ACESSE também o blog, igualmente de minha autoria, "Comparativo Espírita". Tão imediatamente quanto possível, estarei publicando no mesmo um novo texto, de número 11, em que focalizo outro ponto tão polêmico quanto este, sob o seguinte título: "JESUS TERÁ MESMO RESSUSCITADO?"

E JÁ NO PRÓXIMO TEXTO deste blog (Bastidores do Espiritismo), você saberá o que nós, espíritas, pensamos sobre a concepção de Jesus no ventre de Maria, Sua eternamente querida mãe biológica.

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Saudações e abraços fraternos.

Evoti Leal (evoti.leal@hotmail.com)