quinta-feira, 1 de maio de 2014

98. "PÉROLAS" DOS DETRATORES DO ESPIRITISMO ( 8 )

                  Sub-título: SOBRE A ORDEM BÍBLICA DE NÃO SE DIRIGIREM AOS ESPÍRITAS

       (...) Sabemos que o demônio pode se fazer presente nesses ambientes, já que a Igreja nos garante que nenhum espírito dos mortos anda perambulando pelo mundo e, muito menos, "baixando" em lugar algum. Os espíritos que baixam nesses "centros", se baixam, se não é fraude ou fenômeno paranormal, podem ser espíritos malignos.
       Repete a Palavra de Deus, pelo livro do Levítico (20:6): "Se alguém se dirigir aos espíritas e aos adivinhos para fornicar com eles, voltarei o meu rosto contra esse homem".
      (...) O espiritismo implica frequentemente práticas de adivinhação e magia.  (Prof. Felipe Aquino - FALSAS DOUTRINAS, SEITAS E RELIGIÕES - 2004 - PÁGINAS 138 E 141).
  
      O professor e escritor católico, autor das palavras acima transcritas, parece estar plenamente concorde com as testemunhas de Jeová, o adventistas do sétimo dia e os pastores de várias outras denominações evangélicas que hão manifestado as suas opiniões em relação ao mesmo assunto, em livros, revistas, sites e blogs, por escrito ou em palestras de viva voz.
       No entanto, há entre eles divergências em alguns pontos específicos, embora todos baseados na mesma Palavra de Deus. Por exemplo: a pastora e co-fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Hellen G. White, lembra, em seu livro "O Grande Conflito" (2004, página 314), que: "a Bíblia declara que os mortos nada sabem, que todos os seus pensamentos perecem; já não possuem parte nas alegrias ou tristezas dos que estão na Terra".
      Do mesmo modo, as Testemunhas de Jeová, no seu livro de estudos básicos "O Que A Bíblia Realmente Ensina?" (2005 - página 64), dizem: "Como vimos, os mortos não sofrem dor nem angústia. (...) Eles não precisam de nossa ajuda, nem podem nos ajudar. (...) Muitos líderes religiosos afirmam falsamente que podem ajudar os mortos, e as pessoas que acreditam nesses líderes os pagam para que façam isso".  Estarão se referindo às missas mandadas rezar em favor dos familiares ou grandes amigos mortos, uma prática muito comum entre os profitentes do Catolicismo? Bem, pode que estejam  falando também das sessões de desobsessão ou de atendimento fraterno aos sofredores da Espiritualidade, realizadas nos centros espíritas. Ambas as práticas têm por fim ajudar os Espíritos que ainda se acham perturbados nas regiões inferiores do plano invisível da crosta terrestre a se reencontrarem e acharem o caminho certo para saírem das trevas para a luz, espiritualmente falando.
       Diz ainda o mesmo livro das TJ (página 65): "Satanás também usa algumas religiões para ensinar que, após a morte, as pessoas se transformam em espíritos que os vivos precisam respeitar e honrar (alusão aos santos? - pergunto eu). De acordo com esse ensino, os espíritos dos mortos podem tornar-se amigos poderosos ou inimigos terríveis (alusão às assombrações? - pergunto eu novamente). Eles têm medo dos mortos e prestam-lhes honra e adoração. Em contraste com isso, a Bíblia ensina que os mortos estão dormindo e que devemos adorar somente o Deus verdadeiro, Jeová".
       Temos até aqui, portanto, pontos em comum entre católicos e evangélicos, como entre católicos e espíritas. Há-os, também, divergentes entre uns e outros, como bem se pode observar.
       Mas diz o texto inicial sob nossa análise, citando o livro do Levítico: "Não vos dirijais aos espíritas e aos adivinhos", complementando com a sugestão autoral que "o espiritismo implica frequentemente práticas de adivinhação".
       Ora, nem o Espiritismo implica prática de adivinhação, de modo algum, e só quem não o conhece pode afirmar um absurdo dessa natureza, nem o texto do Levítico, no original e nas traduções mais antigas para o português e outros idiomas, manda que os hebreus não se dirijam ao espíritas, isto porque a palavra "espírita", assim também a palavra "espiritismo", sequer existiam nos tempos desses escritos, porquanto foi Kardec quem as criou, em meados do século XIX. E então como poderiam aparecer grafadas em textos escritos há mais de dois mil anos atrás, ou em suas traduções de muitos séculos antes da era kardequiana?
       Quanto à inconsciência dos mortos, parece haver discordância entre os vários grupos ou segmentos cristãos apaixonados pela Bíblia Sagrada, pois, segundo alguns autores evangélicos, os espíritos dos homens são conduzidos, ou induzidos, logo após a morte física, ao Céu, ou ao Inferno, mantendo-se plenamente conscientes dos seus respectivos destinos, assim como dos destinos de seus entes queridos, especialmente os que os precederam na viagem definitiva e sem volta.
       Nisto, aliás, há algo de relevante e colidente com a razão e o bom senso, a cujos crivos o Espiritismo nos incita sempre submetermos todas as nossas crenças: é quanto à situação hipotética em que um pai ou uma mãe, um filho ou uma filha, irmão ou irmã, seria colocado, ao ser encaminhado ao Céu, onde passaria a gozar de felicidade e paz eternas, sendo, sabedor, porém, da eterna desgraça a que foi ou fatalmente será condenada a alma querida de sua alma (seu filho, sua filha, seu pai, sua mãe, seu irmão, sua irmã), jogada em um tenebroso depósito de fétido enxofre e de fogo ardente, inconsumível, para nunca mais dele sair. Como, pois, ser feliz, numa situação dessas? Aliás, pelo menos num aspecto, as Testemunhas de Jeová concordam com os espíritas, ao dizerem que "(...) Esse ensino desonra a Deus, pois Jeová é um Deus de amor e jamais faria com que as pessoas sofressem desse jeito" (mesmo livro, página 64 - referindo-se ao "lugar de tormento eterno" - o Inferno).
       Um outro ponto importante para a nossa reflexão é este: "(...) A Igreja nos garante que nenhum espírito dos mortos anda perambulando pelo mundo e, muito menos, "baixando" em lugar algum". A Igreja (católica) garante, sem o aval das demais Igrejas (evangélicas), que os espíritos dos mortos, quando não vão direto para o céu ou para o inferno, ficam reunidos em um determinado lugar, que seria como uma espécie de "campo de refugiados de guerra", a que ela dá o nome de Purgatório, com o objetivo de se redimirem de seus pecados, isto é, purgarem suas faltas, quando não tão graves assim. E é em favor dessas almas confinadas no Purgatório que se enviam orações e se rezam missas memoriais.
       Tudo leva a crer, aos bons observadores das coincidências apresentadas, que o Purgatório da Igreja Católica seja o mesmo Umbral do Espiritismo, descrito detalhadamente por André Luiz - Espírito, através da mediunidade de Chico Xavier (vide "Nosso Lar" - livro e filme).
       Segundo o próprio Espiritismo, porém, os Espíritos não ficam, de fato, "baixando em lugar algum", isto porque eles não estão vivendo, na sua generalidade, em uma região mais elevada do que nós, os encarnados, vivemos. Eles apenas se manifestam, pois que ladeiam conosco o tempo todo, só necessitando de um elo de sintonia para assim o fazerem. Esse elo chama-se mediunidade. 
       E são eles mesmos, os Espíritos comunicantes, que nos dizem de suas angústias e sofrimentos, dúvidas e incertezas, revoltas e desejos de vingança, ao serem-lhes dada a oportunidade de manifestação em uma reunião específica com a finalidade de lhes estendermos mãos amigas e palavras orientadoras, sob a égide do amor-caridade ensinado e estimulado pelo Divino Benfeitor da Humanidade, o Mestre Jesus, e sob a diretriz dos seus Mensageiros, os Espíritos do bem, que em Seu Nome nos conduzem nessa sublime tarefa de auxílio aos irmãos menos felizes.
       Ainda haveria muito que reflexionarmos sobre tais questões, tão palpitantes, que em outras oportunidades talvez sejam mais bem esclarecidas. 
       Por agora, só o que nós, espíritas, pedimos, e o fazemos insistentemente, aos senhores "donos exclusivos da verdade", é que, como bem se costuma dizer, "não fiquem colocando chifres em cabeça de cavalo". Noutra palavra: não falem daquilo que não conhecem. Tenham suas próprias crenças e as divulguem, como bem quiserem, mas deixem-nos ter as nossas. Não fiquem inventando absurdos, disparates, coisas irreais e impossíveis, com o fim de combatê-las, ou de combater-nos, seja lá por que motivo for. Nenhum mal lhes queremos por isso, mas é muito ruim sabermos-nos vítimas de um jogo sujo e desonesto, quanto o que temos visto nessas manifestações de hostilidade gratuita, tanto mais vindas daqueles que têm obrigação de seguir as recomendações e o exemplo do Mestre Maior, Jesus, evocado por todos. ///


       


       

     

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