P. Sabendo-se que na maioria dos centros espíritas realiza-se, com certa frequência e assiduidade, um determinado tipo de trabalho que envolve a comunicação com os Espíritos, e que o mesmo ocorre a portas fechadas, não estará nisso um indício de que de fato os espíritas mexem com o ocultismo e os mistérios da sobrenaturalidade, como se apregoa por aí?
R. Desobsessão é o nome dado a um trabalho especial realizado no Centro Espírita, visando libertar as pessoas que sofrem assédios permanentes ou eventuais por parte de entidades espirituais perturbadas, e que lhes causam distúrbios emocionais e problemas da mais diversa ordem.
Há, nos contextos dessa situação, diversos tipos de influenciação, que vão desde a atuação direta de um Espírito vingador, possessivo, que está determinado a destruir a paz e, mesmo, a vida de sua vítima (geralmente seu antigo algoz), até a ação inconsciente de um Espírito sofredor, não raro ligado por laços de família ou afinidades sentimentais, sobre o encarnado que lhe capta as impressões infelizes. Nesse caso, muito comum, por sinal, o "obsessor" não tem a intenção de prejudicar o "obsedado". Antes, dele se aproxima buscando ajuda, acreditando encontrar nele um ponto de apoio ou de referência, uma espécie de ancoradouro, dado o seu estado de perturbação e ignorância diante da nova situação em que se acha imerso, nada conseguindo entender do que se passa consigo mesmo.
O trabalho de desobsessão tem por finalidade, atraindo esses Espíritos obsessores ou pseudo-obsessores (neste caso, sofredores) para as reuniões mediúnicas específicas, travar com eles um diálogo esclarecedor e evangelizador, na tentativa de demovê-los da ação, voluntária ou inconsciente, encaminhando-os para tratamento no Plano Espiritual, com vistas à sua própria libertação, seja de um passado de mágoas, ressentimentos, revolta e desejos de vingança, ou da própria perturbação e sofrimento em que estão geralmente mergulhados.
Esse tipo de trabalho é realizado por pessoas devidamente capacitadas, que passaram pelas várias etapas do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, incluindo o treinamento prático da mediunidade, sendo vedado o acesso ao mesmo de pessoas despreparadas, mesmo aquelas que já mantêm contato com o Espiritismo de longa data. Não há nisto nenhum mistério ou ocultismo; trata-se apenas da necessidade real de uma preparação e conformação com os critérios próprios da atividade, através de um estudo sério e bem direcionado, para que ninguém venha a fazer dessas reuniões um evento voltado à fomentação da curiosidade natural que caracteriza o ser humano.
Para aqueles que alegam ser essas reuniões fechadas uma prova cabal de que os espíritas lidam sim com o sobrenatural e a magia das comunicações com os mortos, farei uma comparação: Acaso, estando um familiar ou amigo seu sendo submetido a uma cirurgia delicada em um Hospital, sendo você um leigo em medicina, ou, ainda que detenha algum conhecimento na área cirúrgica, mas sendo um estranho para a equipe médica designada para esse procedimento, teria você permissão para entrar na sala de operação, sem antes submeter-se ao cumprimento dos requisitos indispensáveis, de acordo com as determinações da diretoria do Estabelecimento hospitalar? Sem dúvida, não a teria; e isto não significaria que a equipe médica e o próprio Hospital estivessem fazendo algo ilícito e inconfessável, não é mesmo?
Pois o trabalho de desobsessão é comparável a uma cirurgia delicadíssima, que só a uma equipe de médiuns e doutrinadores muito seguros e devidamente qualificados é confiada, sendo vedados o ingresso e a permanência no recinto sagrado a quem quer que seja estranho à atividade e ao grupo, salvo mediante prévia recomendação por parte da direção administrativa e espiritual da Casa, e sob uma justificativa plausível.
Pronto! Acaba-se aqui o mistério e o ocultismo, imaginados por leigos e, não raramente, proclamados por pessoas de má fé. Que sejam todos bem-vindos ao Centro Espírita, sabendo, no entanto, que nada irão encontrar, ver ou ouvir nele que realmente esteja fora do normal. ///
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